Um ponto de partida para a actividade civil que envolva armas. Aqui se pretende ter disponível a legislação imediatamente aplicável. E um espaço aberto à discordância e à abertura a outras soluções/melhorias.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Alteração à Lei n.º 5/2006

PROPOSTA DE LEI N.º 222/X


Exposição de Motivos

No Estado de Direito democrático, a utilização de armas compete, em regra, às forças de segurança para protecção dos direitos, liberdades e garantias do cidadão, manutenção da paz pública e reforço da autoridade do Estado. Assim, a detenção de armas ilegais ou a utilização de armas na comissão de crimes deve ser especialmente reprimida, de forma a responder de modo adequado e proporcional à criminalidade violenta e grave.
Por esta razão, a presente lei prevê o agravamento das penas do crime de detenção de arma proibida e dos crimes cometidos com recurso a arma. Além disso, prevê a detenção, em ou fora de flagrante delito, dos agentes de crimes de detenção de arma proibida ou de crimes cometidos com recurso a arma, bem como a aplicabilidade da prisão preventiva em todos os casos de crimes de detenção de arma proibida e de crimes cometidos com recurso a arma, a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos.
Todos os crimes praticados com armas passam a ser objecto de uma agravação especial de um terço, nos seus limites mínimo e máximo. Esta regra funciona de acordo com um princípio de subsidariedade e com respeito pelos princípios penais e processuais penais, pelo que a agravação só se aplica se outra, mais grave, não estiver estabelecida e se o uso de arma não constituir já um elemento do tipo de crime.
Por outro lado, esta lei recebe as lições da aplicação da lei ao longo dos últimos dois anos, introduzindo os ajustamentos que se revelaram necessários.
Neste último sentido, aperfeiçoam-se algumas definições legais pré-existentes relativas aos tipos de armas, designadamente a de arma branca, arma de fogo transformada e de reprodução de arma de fogo para práticas recreativas (softair).

Estabelece-se agora que as armas só podem ser afectas à actividade que motivou a concessão, salvo despacho do Director Nacional da PSP a requerimento fundamentado do interessado.
Regula-se o regime de aquisição, detenção, uso e porte de armas destinados a actividades desportivas, adestramento de animais, museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística.
São introduzidas alterações pontuais, por forma a permitir plenamente a prática de certas actividades desportivas, designadamente, artes marciais e softair.
É restringida a aquisição de armas de ar comprimido de recreio destinadas à prática de actividades lúdicas a maiores de 18 anos.
São sujeitas a homologação as armas e munições destinadas a venda, aquisição, cedência, detenção, utilização, importação, exportação e transferência e proíbe-se a importação, exportação, transferência e comércio, em território nacional, de armas e munições não homologadas.
Esclarece-se que às situações de isenção ou dispensa de licença legalmente previstas são correspondentemente aplicáveis as obrigações previstas para os titulares de licença.
Permite-se o uso e porte de arma de caça a maiores de 16 e menores de 18, desde que devidamente acompanhados pelo titular do poder paternal e na condição de que seja este o proprietário da arma utilizada pelo menor e possua licença.
Os cursos de formação técnica e cívica para o uso e porte de armas passam a abranger também as armas eléctricas e os aerossóis de defesa e os cursos de actualização dos titulares de licença destinadas a caça passam a realizar-se em cada 10 anos.
Aperfeiçoa-se o regime da detenção e guarda de armas, passando a prever-se a guarda feita em cofre não portátil.
Limita-se a aquisição de munições, não sendo permitida aos titulares das licenças C e D a detenção de mais de 1000 munições ou de mais de 250 munições, respectivamente, salvo autorização especial.
Regula-se a concessão de alvarás de armeiro para o exercício da actividade de fabrico, compra e venda ou reparação de armas e suas munições, para efeitos cénicos ou cinematográficos e para venda e leilão de armas quando destinadas a colecção.
O desenvolvimento de actividades aos titulares de alvará de armeiro só é autorizado nos estabelecimentos licenciados para o efeito e de acordo com as regras de segurança definidas e proíbe-se expressamente o comércio electrónico de armas.
Passa a constituir obrigação especial do armeiro informar o comprador da arma acerca das respectivas regras de segurança.
Esclarecem-se alguns procedimentos de importação e exportação de armas e munições.
Cria-se um regime para a transferência temporária de armas destinadas a práticas venatórias, competições desportivas ou feiras de coleccionadores, reconhecidas pelas respectivas federações ou associações, a requerimento dos seus proprietários ou dos organismos que promovem essas iniciativas.
Passam a ser factos sujeitos a registo o registo e cadastro dos detentores de armas de fogo e respectivas características.
Competirá à PSP, manter, organizar e disponibilizar um ficheiro informático nacional de armas aprendidas, proceder à sua análise estatística e técnica e difundir informação às entidades nacionais e estrangeiras. Para esse efeito, todas as entidades que procedam à apreensão de armas de fogo, comunicam a sua apreensão à PSP, para efeitos de centralização e tratamento de informação, de acordo com as regras a estabelecer por despacho dos membros do Governo competentes.
O crime de detenção de arma proibida passa a abranger quaisquer produtos ou substâncias explosivas.
Passam a constituir contra-ordenações a afectação de arma a actividade diversa da autorizada e a alteração das características das reproduções de arma de fogo para recreio.
Serão apreendidas todas as armas de fogo, munições e respectivas licenças e manifestos, ou outras armas, quando se encontrarem fora das condições legais ou em violação das prescrições da autoridade competente.
Por fim, no plano das operações especiais de prevenção criminal, compete à PSP a verificação de armas, munições, substâncias ou produtos referidos na presente lei que se encontrem em trânsito nas zona internacionais, com a possibilidade de abertura de volumes e contentores, para avaliação do seu destino e proveniência.
São ainda tidas em conta as Directivas n.º 91/477/CEE e n.º 2008/51/CE.
Assim:
Nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 197.º da Constituição, o Governo apresenta à Assembleia da República a seguinte proposta de lei:
Artigo 1.º
Alteração à Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro
Os artigos 1.º a 5.º, 7.º, 8.º, 11.º, 12.º, 15.º, 17.º a 19.º, 21.º, 22.º, 24.º, 26.º, 28.º, 30.º, 32.º, 34º, 35.º, 41.º, 43.º, 47.º, 48.º, 51.º a 53.º, 60.º, 62.º a 64.º, 67.º, 68.º, 70.º, 73.º, 74º, 77.º, 79.º, 80.º, 84.º, 86.º, 87.º, 89.º, 91º, a 99.º, 107.º a 109.º e 113.º da Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro, que aprova o novo regime jurídico das armas e suas munições, na redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 59/2007, de 4 de Setembro, passam a ter a seguinte redacção:
«Artigo 1.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - Ficam ainda excluídas do âmbito de aplicação da presente lei as actividades referidas no n.º 1 relativas a armas de fogo cuja data de fabrico seja anterior a 31 de Dezembro de 1890.
4 - Ficam também excluídas do âmbito da aplicação da presente lei as espadas, sabres, espadins e outras armas tradicionalmente destinados a honras e cerimonial militares ou a outras cerimónias oficiais.
5 - A detenção, uso e porte de arma por militares dos quadros permanentes das Forças Armadas e por membros das forças e serviços de segurança são regulados por lei própria.
Artigo 2.º
[…]
Para efeitos do disposto na presente lei e sua regulamentação e com vista a uma uniformização conceptual, entende-se por:
1 - Tipos de armas:
a) «Aerossol de defesa», todo o contentor portátil de gases comprimidos cujo destino seja unicamente o de produzir descargas de gases momentaneamente neutralizantes da capacidade agressora, não podendo pela sua apresentação e características, ser confundido com outras armas ou objectos;
b) […];
c) […];
d) […];
e) […];
f) […];
g) «Arma de ar comprimido desportiva», a arma de ar comprimido reconhecida por uma federação desportiva como adequada para a prática de tiro desportivo e homologada pelo director nacional da PSP;
h) […];
i) […];
j) […];
l) «Arma branca», todo o objecto ou instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante ou perfurante de comprimento igual ou superior a 10 cm em toda extensão da lâmina ou superfície exposta ou com parte corto-contundente, bem como destinado a lançar lâminas, flechas ou virotões, independentemente das suas dimensões;
m) […];
n) «Arma eléctrica», todo o sistema portátil alimentado por fonte energética e destinado unicamente a produzir descarga eléctrica momentaneamente neutralizante da capacidade motora humana, não podendo pela sua apresentação e características, ser confundida com outras armas ou objectos;
o) […];
p) […];
q) […];
r) […];
s) […];

t) «Arma de fogo transformada», o dispositivo apto a ser convertido em arma de fogo, ou que, mediante uma intervenção mecânica modificadora, obteve características que lhe permitam funcionar como arma de fogo, ou o objecto susceptível de ser modificado para disparar balas ou projécteis através da acção de uma carga propulsora, desde que tenha a aparência de arma de fogo, ou que devido à sua construção ou material a partir do qual é fabricado, puder ser modificado para esse efeito ;
u) […];
v) […];
x) […];
z) […];
aa) […];
ab) […];
ac) […];
ad) «Reprodução de arma de fogo para práticas recreativas», o mecanismo portátil com a configuração de arma de fogo das classes A, B, B1, C e D, integral ou parcialmente pintado em 50% da sua superfície, com cor fluorescente, amarela ou encarnada, indelével com características definidas por despacho do director nacional da PSP, por forma a não ser susceptível de confusão com as armas das mesmas classes, apto unicamente a disparar esfera não metálica cuja energia à saída da boca do cano não seja superior a 1,3 J e homologada pela Direcção Nacional da PSP;


ae) […];
af) […];
ag) […];
ah) […];
ai) «Bastão extensível», instrumento portátil telescópico, rígido ou flexível, destinado a ser empunhado, como meio de agressão ou defesa;
aj) [Anterior alínea ai)];
al) [Anterior alínea aj)];
am) [Anterior alínea al)];
an) [Anterior alínea am)];
ao) «Estilete» a arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por uma haste perfurante sem gumes e por um punho independentemente das suas dimensões;
ap) «Estrela de lançar» a arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, em forma de estrela com pontas cortantes que se destina a ser arremessada manualmente independentemente das suas dimensões;
aq) «Faca de arremesso» arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por uma lâmina integrando uma zona de corte e perfuração e outra destinada a ser empunhada ou a servir de contrapeso com vista a ser lançada manualmente, independentemente das suas dimensões;
ar) «Faca de borboleta» arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por uma lâmina articulada num cabo ou empunhadura dividido longitudinalmente em duas partes também articuladas entre si, de tal forma que a abertura da lâmina pode ser obtida instantaneamente por um movimento rápido de uma só mão independentemente das suas dimensões;
as) «Faca de abertura automática ou faca de ponta e mola» arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por um cabo ou empunhadura que encerra uma lâmina, cuja disponibilidade pode ser obtida instantaneamente por acção de uma mola sob tensão ou outro sistema equivalente independentemente das suas dimensões;
at) [Anterior alínea as)];
au) [Anterior alínea at)];
av) [Anterior alínea au)];
ax) «Reprodução de arma de fogo», o mecanismo portátil com a configuração de uma arma de fogo que, pela sua apresentação e características, possa ser confundida com as armas previstas nas classes A, B, B1, C e D;
az) «Revólver», a arma de fogo curta, de repetição, equipada com tambor contendo várias câmaras;
aaa) «Arma confundível com armamento militar», a arma que, pela sua configuração ou características, seja susceptível de ser confundida com equipamentos, meios militares e material de guerra ou considerada como tal.

2 - Partes das armas de fogo:
a) […];
b) […];
c) […];
d) […];
e) […];
f) […];
g) […];
h) […];
i) […];
j) […];
l) […];
m) […];
n) […];
o) […];
p) […];
q) […];
r) […];
s) […];
t) […];
u) […];
v) […];
x) […];
z) […].
3 - Munições das armas de fogo e seus componentes:
a) […];
b) […];
c) […];
d) […];
e) […];
f) […];
g) […];
h) […];
i) […];
j) […];
l) […];
m) […];
n) […];
o) […];
p) […];
q) […];
r) […];
s) […];
t) […];
u) […];
v) [Revogada];
x) […];
z) […];
aa) […];
ab) «Munição de salva ou alarme» a munição sem projéctil e destinada unicamente a produzir um efeito sonoro no momento do disparo.
4 – […].
5 - Outras definições:
a) […];
b) […];
c) […];
d) […];
e) […];
f) […];
g) […];
h) […];
i) «Estabelecimento de diversão», todos os locais públicos ou privados, construídos ou adaptados para o efeito, na sequência ou não de um processo de licenciamento municipal, que se encontrem a funcionar essencialmente como bares, discotecas e similares, salas de jogos eléctricos ou manuais e feiras de diversão;

j) «Explosivo civil», todos as substâncias ou produtos explosivos cujo fabrico, comércio, transferência, importação e utilização esteja sujeito a autorização concedida pela autoridade competente;
l) «Engenho explosivo ou incendiário improvisado», todos aqueles que utilizam substâncias ou produtos explosivos ou incendiários de fabrico artesanal não autorizado;
m) (…);
n) (…);
o) (…);
p) «Transporte de arma», o acto de transferência de uma arma descarregada e desmuniciada ou desmontada de um local para outro, de forma a não ser susceptível de uso imediato;
q) […];
r) […];
s) […];
t) «Importação», a entrada ou introdução nos limites fiscais do território nacional, de quaisquer bens, bem como a sua permanência em estância alfandegária ou zona internacional, a aguardar os procedimentos legais aduaneiros, quando provenientes de países terceiros;
u) «Exportação», A saída dos limites fiscais do território nacional de quaisquer bens com destino a país terceiro, bem como a sua permanência em estância alfandegária ou zona internacional a aguardar os procedimentos legais aduaneiros;

v) «Trânsito», a passagem por território nacional, a aguardar os procedimentos legais aduaneiros, de quaisquer bens oriundos de país terceiro e que se destinam a exportação ou transferência para outro Estado;
x) «Homologação de armas e munições», a aprovação de marca, modelo, e demais características técnicas de armas pelo director nacional da PSP, para constar de um catálogo.
Artigo 3.º
[…]
1 - […].
2 - São armas, munições e acessórios da classe A:
a) Os equipamentos, meios militares e material de guerra, ou classificados como tal pela competente entidade do Ministério da Defesa Nacional;
b) […];
c) […];
d) […];
e) […];
f) […];
g) […];
h) Os aerossóis de defesa não constantes da alínea a) do n.º 7 do presente artigo e as armas lançadoras de gases ou dissimuladas sob a forma de outro objecto;

i) Os bastões eléctricos ou extensíveis, de uso exclusivo das forças armadas ou forças e serviços de segurança;
j) Outros aparelhos que emitam descargas eléctricas sem as características constantes da alínea b) do n.º 7 do presente artigo ou dissimuladas sob a forma de outro objecto;
l) […];
m) […];
n) […];
o) […];
p) […];
q) As munições com bala perfurante, explosiva, incendiária, tracejante, desintegrável, de salva ou de alarme;
r) […];
s) As miras telescópicas, excepto aquelas que tenham afectação ao exercício de quaisquer práticas venatórias ou desportivas federadas;
t) As armas classificadas como equipamentos, meios militares ou material de guerra ou as confundíveis com armamento militar.
3 - […].
4 - São armas da classe B1:
a) As pistolas semiautomáticas com os calibres 6,35 mm ou .25;
b) Os revólveres com o calibre denominado . 32.
5 - […].
6 - […].
7 - São armas da classe E:
a) Os aerossóis de defesa com gás, cujo princípio activo, seja a capsaicina ou oleoresina de capsicum (gás pimenta) com uma concentração não superior a 5%, e que não possam ser confundíveis com armas de outra classe ou outros objectos;
b) As armas eléctricas até 200 000 volts, com mecanismo de segurança e que não possam ser confundíveis com armas de outra classe, ou com outros objectos;
c) As armas de fogo e suas munições, de produção industrial, unicamente aptas a disparar balas não metálicas ou a impulsionar dispositivos, concebidas de origem para eliminar qualquer possibilidade de agressão letal e que tenham merecido homologação por parte da Direcção Nacional da PSP.
8 - São armas da classe F:
a) […];
b) As réplicas de armas de fogo quando destinadas a ornamentação;
c) As armas de fogo inutilizadas quando destinadas a ornamentação;
9 - São armas da classe G:
a) […];
b) […];
c) […];
d) […];
e) As reproduções de armas de fogo para práticas recreativas;
f) As armas de ar comprimido de recreio.
10 - Para efeitos do disposto na legislação específica da caça, são permitidas as armas de fogo referidas nas alíneas a), b) e c) do n.º 5 e nas alíneas a), b) e c) do n.º 6, com excepção das confundíveis com armamento militar.
11 - As armas só podem ser afectas à actividade que motivou a concessão, podendo, por despacho do director nacional da PSP, ser afectas a mais de que uma actividade por solicitação fundamentada do interessado.
Artigo 4.º
[…]
1 - […].
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe A destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural, com excepção de meios militares e material de guerra cuja autorização é da competência do ministro que tutela o sector da Defesa Nacional.
3 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas de alarme destinados a actividades desportivas ou ao adestramento de animais.
4 - As autorizações a que se referem os números anteriores são requeridas com justificação da motivação, indicação do tempo de utilização e respectivo plano de segurança.
Artigo 5.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - […].
4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe B destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural.
Artigo 7.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe C destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural.


Artigo 8.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe D destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural.
Artigo 11.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - A aquisição de reproduções de armas de fogo para práticas recreativas é permitida pelo director nacional da PSP aos maiores de 18 anos, mediante declaração de compra e venda e prova da inscrição numa associação de promoção desportiva reconhecida pelo Instituto do Desporto de Portugal, I. P. e registada junto da PSP.
4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, aos menores de 18 anos e maiores de 16 anos é permitida a aquisição de reproduções de armas de fogo para práticas recreativas desde que autorizados para o efeito por quem exerça o poder paternal.
5 - [Anterior n.º 4].
6 - [Anterior n.º 5].
7 - A aquisição de armas de ar comprimido de recreio, destinadas à prática de actividades lúdicas, é autorizada a maiores de 18 anos pelo director nacional da PSP mediante declaração de compra e venda.
Artigo 12.º
[…]
1 - […].
2 - Às situações de isenção ou dispensa de licença legalmente previstas são correspondentemente aplicáveis as obrigações previstas para os titulares de licença.
3 - O uso e porte de arma por quem desempenha actividades profissionais que o exijam, que não as desempenhadas pelas Forças Armadas e Forças e Serviços de Segurança, é regulado por despacho do director nacional da PSP.
Artigo 15.º
[…]
1 - As licenças C e D podem ser concedidas a maiores de 18 anos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:
a) […];
b) […];
c) Demonstrem carecer da licença para a prática de actos venatórios de caça maior ou menor, para as licenças C ou D, respectivamente, e se encontrem habilitados com carta de caçador com arma de fogo ou demonstrem fundamentadamente carecer da licença por motivos profissionais;
d) [Anterior alínea c)];
e) [Anterior alínea d)];
f) [Anterior alínea e)].
2 - […].
3 - […].
4 - […].
Artigo 17.º
[…]
1 - A licença F é concedida a maiores de 18 anos, que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:
a) […];
b) Demonstrem carecer da licença para a prática desportiva de artes marciais, sendo atletas federados, práticas recreativas em propriedade privada e coleccionismo de réplicas e armas de fogo inutilizadas para fins de ornamentação;
c) […];
d) […].
2 - […].
3 - […].
4 - Por despacho do director nacional da PSP, a solicitação do interessado, através de quem exerça o poder paternal, pode ser permitida a aquisição, a detenção, o uso e o porte das armas indicadas na alínea a) do n.º 8 do artigo 3.º a menores de 18 anos e maiores de 14 anos.
Artigo 18.º
[…]
1 - A licença de detenção de arma no domicílio é concedida a maiores de 18 anos, exclusivamente para efeitos de detenção de armas na sua residência, nos seguintes casos:
a) […];
b) […];
c) Quando as armas tenham sido adquiridas por sucessão mortis causa e o seu valor venal, artístico ou estimativo o justifique.
2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - […].
6 - […].
7 - […].
Artigo 19.º
[…]
1 - […].
2 - A licença especial concedida nos termos do número anterior caduca após 5 anos ou com a cessação de funções, caso o prazo de validade não tenha sido esgotado, podendo, em casos justificados, ser atribuída licença de uso e porte de arma da classe B ou B1, nos termos do disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 13.º

Artigo 21.º
[…]
1 - Os cursos de formação técnica e cívica para o uso e porte de armas de fogo das classes B1, C, D e E, no que se refere às armas eléctricas e aerossóis de defesa e para o exercício de actividade de armeiro, são ministrados pela PSP ou por entidades por si credenciadas para o efeito.
2 - […].
Artigo 22.º
[…]
1 - […].
2 - Os titulares de licenças C e D devem submeter-se, em cada dez anos, a um curso de actualização técnica e cívica para o uso e porte de armas de fogo, ministrado nos termos do artigo anterior.
Artigo 24.º
Frequência dos cursos de formação para portadores de arma
A inscrição e a frequência no curso de formação para portadores de arma ou para o exercício da actividade de armeiro dependem de prévia autorização da PSP mediante avaliação do cumprimento dos requisitos legais para a concessão da licença.




Artigo 26.º
[…]
1 - O certificado de aprovação para o uso e porte de armas é o documento emitido pelo director nacional da PSP, atribuído ao candidato que tenha obtido a classificação de apto nas provas teórica e prática do exame de aptidão, comprovando que o examinado pode vir a obter licença para o uso e porte de armas da classe a que o mesmo se destina.
2 - […].
Artigo 28.º
[…]
1 - […].
2 - O requisito de frequência do curso de formação técnica e cívica para o uso e porte de arma da classe respectiva é substituído por prova da frequência do curso de actualização correspondente, previsto no artigo 22.º, sempre que exigível.
Artigo 30.º
[…]
1 - […].
2 - […]:
a) […];
b) […];
c) Identificação da marca, modelo, tipo e calibre;
d) […];
e) […].
3 - […].
4 - […].
5 - [Revogado].
Artigo 32.º
Limites de detenção e guarda
1 - Aos titulares das licenças B e B1 só é permitida a detenção até duas armas da classe respectiva, sendo a sua guarda feita em cofre não portátil.
2 - Ao titular da licença C só é permitida a detenção até cinco armas de fogo desta classe, sendo a sua guarda feita em cofre não portátil ou casa-forte ou fortificada para a guarda das mesmas, devidamente verificada pela PSP, sempre que possua mais de três armas desta classe.
3 - Ao titular da licença D só é permitida a detenção até cinco armas de fogo desta classe, sendo a sua guarda feita em cofre ou armário de segurança não portáteis, devidamente verificada pela PSP, sempre que possua mais de três armas desta classe.
4 - Ao titular de licença de detenção de arma no domicílio só é permitida a detenção até cinco armas de fogo, sendo a sua guarda feita em cofre ou armário de segurança não portáteis, devidamente verificada pela PSP.
5 - […].
6 - Podem ser ultrapassados os limites indicados nos n.ºs 2, 3 e 4, mediante autorização especial do director nacional da PSP, por solicitação do interessado.
Artigo 34.º
[…]
1 - […].
2 - A aquisição de munições depende da apresentação do livrete de manifesto da arma, da licença de uso e porte de arma, do livro de registo de munições e de prova da identidade do titular da licença.
Artigo 35.º
[…]
1 - A compra e venda de munições para as armas das classes C e D é livre, mediante prova da identidade do comprador, exibição do livrete de manifesto da respectiva arma, licença de uso e porte de arma e factura discriminada das munições vendidas.
2 - Aos titulares das licenças C e D não é permitida a detenção de mais de 1000 munições para armas da classe D ou de mais de 250 munições para armas da classe C, salvo por autorização especial do director nacional da PSP, mediante requerimento fundamentado do interessado.
3 - […].
Artigo 39.º
[…]
1 - […].
2 - […]:
a) […];
b) […];
c) […];



d) Disparar as armas unicamente em carreiras ou campos de tiro ou no exercício de actos venatórios, actos de gestão cinegética, actividades de carácter venatório, nomeadamente o treino de caça em áreas específicas para o efeito, em provas desportivas ou práticas recreativas em propriedades rústicas privadas em condições de segurança para o efeito;
e) […];
f) […];
g) […];
h) […];
i) […].
Artigo 41.º
[…]
1 - […].
2 - A arma de fogo curta deve ser portada em condições de segurança, em coldre ou estojo próprio para o seu porte, com dispositivo de segurança, que impeça a sua queda involuntária, extravio ou furto, sem qualquer munição introduzida na câmara de explosão da mesma, com excepção dos revólveres.
3 - A arma de fogo, curta ou longa, deve ser transportada de forma separada das respectivas munições, com cadeado de gatilho ou mecanismo que impossibilite o seu uso ou desmontadas de forma a que não seja facilmente utilizável, em bolsa ou estojo adequados para o modelo em questão, com adequadas condições de segurança.
4 - […].

Artigo 42.º
[…]
1 - […].
2 - […]:
a) O exercício da prática desportiva ou de actos venatórios, actos de gestão cinegética e actividades de carácter venatório, nomeadamente o treino de caça em áreas específicas para o efeito;
b) (…);
c) (…).
Artigo 43.º
[…]
1 - O portador que se separe fisicamente da arma de fogo deve colocá-la no interior de um cofre ou armário de segurança não portáteis, sempre que exigidos e com cadeado ou mecanismo que impossibilite o uso da mesma.
2 - […].
Artigo 47.º
[…]
Por despacho do director nacional da PSP, podem ser concedidos alvarás de armeiro para o exercício da actividade de fabrico, compra e venda ou reparação de armas das classes B, B1, C, D, E, F e G e suas munições, para efeitos cénicos ou cinematográficos e para venda e leilão de armas, quando destinadas a colecção.


Artigo 48.º
[…]
1 - Tendo em consideração a actividade pretendida e as condições de segurança das instalações, são atribuídos os seguintes tipos de alvarás:
a) Alvará de armeiro do tipo 1, para o fabrico, montagem e reparação de armas de fogo e suas munições;
b) […];
c) […];
d) Alvará de armeiro do tipo 4, para efeitos cénicos e cinematográficos;
e) Alvará de armeiro do tipo 5, para venda e leilão de armas destinadas a colecção.
2 - Os alvarás podem ser requeridos por quem reúna, cumulativamente, as seguintes condições:
a) […];
b) […];
c) […];
d) Seja portador do certificado de aprovação para o exercício da actividade de armeiro ou, tratando-se de pessoa colectiva, possua um responsável técnico que preencha os requisitos das alíneas a) a e);
e) […];
f) […].
3 - Quando o requerente for uma pessoa colectiva, os requisitos mencionados nas alíneas a), b), c) e e) do número anterior têm de se verificar relativamente a todos os sócios e gerentes ou aos cinco maiores accionistas ou administradores, conforme os casos.
4 - […].
5 - […].
6 - […].
7 - […].
8 - […].
9 - Aos elementos das forças e serviços de segurança e das Forças Armadas, quando no activo, é interdito o exercício da actividade de armeiro.
10 - Os titulares de alvará de armeiro só podem exercer a sua actividade em estabelecimentos licenciados para o efeito, de acordo com as regras de segurança definidas, cingindo a sua actividade às armas, munições e equipamentos previstos na presente lei.
Artigo 51.º
[…]
1 - Os titulares de alvará de armeiro, para além de outras obrigações decorrentes da presente lei, estão, especialmente, obrigados a:
a) […];
b) […];
c) […];
d) […];
e) […];
f) Apresentar as armas transferidas de outro Estado membro, bem como a respectiva documentação, sempre que solicitado pelas autoridades competentes.

2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - […].
6 - […].
7 - Os registos devem ser mantidos por um período de 20 anos.
Artigo 52.º
[…]
1 - […].
2 - Cabe aos armeiros ou aos seus trabalhadores verificar a identidade do comprador, a existência das licenças habilitantes, confirmar e explicar as características e efeitos da arma e munições vendidas, bem como as regras de segurança aplicáveis.
3 - […].
Artigo 53.º
[…]
1 - O titular de alvará do tipo 1 é obrigado a gravar nas armas por ele produzidas o seu nome ou marca, modelo, país de origem, o ano e o número de série de fabrico e a apresentar, de seguida, as mesmas à PSP para efeitos de exame.
2 - […].


Artigo 56.º
[…]
1 - Só é permitido efectuar disparos com armas de fogo em carreiras e campos de tiro devidamente autorizados ou no exercício de actos venatórios, actos de gestão cinegética e actividades de carácter venatório, nomeadamente o treino de caça em áreas específicas para o efeito, em provas desportivas e em práticas recreativas em propriedades rústicas privadas com condições de segurança para o efeito.
2 - […].
Artigo 60.º
[…]
1 - A importação e a exportação de armas, partes essenciais de armas de fogo, munições e seus componentes, cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças estão sujeitas a prévia autorização do director nacional da PSP.
2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - […].
6 - O requerimento, acompanhado pelo certificado de utilizador final quando a arma se destine à exportação, indica o tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico, demais características da arma e a indicação de a arma ter sido sujeita ao controlo de conformidade.

7 - Previamente à concessão da autorização de exportação a PSP solicita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros parecer relativo ao cumprimento pelo país de destino dos critérios previstos no Código de Conduta da União Europeia sobre exportação de armas.
8 - O parecer previsto no número anterior é vinculativo e enviado à PSP no prazo de 10 dias após o pedido.
9 - Só podem ser admitidas em território nacional as armas homologadas por despacho do director nacional PSP.
Artigo 62.º
Autorização prévia para a importação e exportação temporária
1 - O director nacional da PSP pode emitir autorização prévia para a importação ou exportação temporária de armas destinadas à prática venatória, competições desportivas ou feiras de coleccionadores, reconhecidas pelas respectivas federações ou associações, a requerimento dos seus proprietários ou dos organismos que promovem aquelas iniciativas.
2 - […].
3 - Da autorização constam o tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico e demais características da arma e suas quantidades, o prazo de permanência ou ausência do País, bem como, se for caso disso, as regras de segurança a observar.
4 - [Revogado].
Artigo 63.º
[…]
1 - […].

2 - A peritagem só pode ser efectuada após o importador ou exportador fornecer os dados que não tenham sido apresentados pelo fabricante no momento do pedido de autorização prévia, relativos às armas, às partes essenciais de armas de fogo, às munições, aos cartuchos ou invólucros com fulminantes ou só fulminantes.
3 - [Anterior n.º 2].
4 - [Anterior n.º 3].
5 - Quando, na sequência da peritagem referida no número anterior, as armas, munições e acessórios sejam classificados como confundíveis com armamento militar, o processo de atribuição das autorizações para importação, exportação, transferência, trânsito e transbordo é encerrado, as armas são devolvidas à origem e o respectivo processo de notificação internacional segue o disposto na legislação própria aplicável, no âmbito do Ministério da Defesa Nacional.
Artigo 64.º
[…]
1 - A importação e a exportação de armas, partes essenciais de armas de fogo, munições e seus componentes, cartuchos e seus componentes, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças efectuam-se nas estâncias aduaneiras de Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada e Funchal da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre Consumo.
2 - […].
3 - […].
4 - […].

Artigo 67.º
[…]
1 - A expedição ou transferência de armas, partes essenciais de armas de fogo e seus componentes, munições e cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças de Portugal para os Estados membros da União Europeia depende de autorização, nos termos dos números seguintes.
2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - […].
6 - […].
Artigo 68.º
[…]
1 - A admissão ou entrada e a circulação de armas, partes essenciais de armas de fogo e seus componentes, munições e cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças procedentes de outros Estados membros da União Europeia dependem de autorização prévia, quando exigida, nos termos dos números seguintes.
2 - […].
3 - […].


4 - Cumpridos os requisitos dos números anteriores e após verificação por perito da PSP das características das armas, partes essenciais de armas de fogo e suas munições, invólucros com fulminante ou só fulminante de onde constem os elementos referidos no n.º 2 do artigo anterior, é emitida uma autorização de transferência definitiva, por despacho do director nacional da PSP.
5 - […].
6 - Só podem ser admitidas em território nacional as armas homologadas por despacho do director nacional da PSP.
Artigo 70.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - São averbadas as armas de propriedade do requerente e aquelas de que é legítimo detentor e utilizador, bem como o seu extravio ou furto.
Artigo 71.º
[…]
1 - […].
2 - O visto prévio a que se refere o número anterior não é exigido para o exercício de prática venatória ou desportiva, desde que comprovado o motivo da deslocação, nomeadamente, mediante a apresentação de um convite ou de outro documento que prove a prática das actividades de caça ou de tiro desportivo no Estado-Membro de destino.

Artigo 73.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - A emissão do livrete fica condicionada à realização de um tiro de teste, nos termos previstos em legislação própria.
4 - [Anterior n.º 3].
5 - [Anterior n.º 4]
Artigo 74.º
[…]
1 - As armas que não estejam marcadas com o número de série de fabrico, nome ou marca e origem, calibre e modelo não podem ser admitidas em território nacional.
2 - As armas que não estejam marcadas com o número de série de fabrico, nome ou marca e origem, calibre e modelo, já se encontrem em território nacional e tenham sido adquiridas por sucessão mortis causa ou como objecto de colecção são numeradas, marcadas e submetidas a punção pela PSP.
3 - [Anterior n.º 2].
4 - As munições produzidas, comercializadas e utilizadas em Portugal têm de ser marcadas, de forma a identificar o fabricante, o número de identificação do lote, o calibre e o tipo de munição, em conformidade com as regras a estabelecer por despacho do director nacional da PSP.


Artigo 77.º
[…]
1 - Os titulares de licenças e de alvarás previstos na presente lei ou aqueles a quem a respectiva lei orgânica ou estatuto profissional atribui ou dispensa da licença de uso e porte de arma são civilmente responsáveis, independentemente da sua culpa, por danos causados a terceiros em consequência da utilização das armas de fogo que detenham ou do exercício da sua actividade.
2 - […].
3 - Com excepção dos titulares de licenças E ou de licença especial, quando a arma não for da sua propriedade, é obrigatória a celebração de contrato de seguro de responsabilidade civil com empresa seguradora mediante o qual seja transferida a sua responsabilidade até um capital mínimo a definir em portaria conjunta dos Ministros das Finanças e da Administração Interna.
4 - […].
5 - […].
6 - Os titulares de licenças e de alvarás previstos na presente lei ou aqueles a quem a respectiva lei orgânica ou estatuto profissional atribuiu ou dispensa da licença de uso e porte de arma, deverão fazer prova, a qualquer momento e em sede de fiscalização, da existência de seguro válido.
Artigo 79.º
[…]
1 - Anualmente, a Direcção Nacional da PSP organiza, pelo menos, uma venda em leilão das armas que tenham sido declaradas perdidas a favor do Estado, apreendidas ou achadas e que se encontrem em condições de serem colocadas no comércio.
2 - […].
3 - […].
4 - As regras de funcionamento, obrigações, requisitos de concessão e das taxas a cobrar pela emissão dos alvarás de armeiro tipo 4 e 5 são estabelecidos por portaria do membro do Governo responsável pela área da administração interna.
Artigo 80.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - Compete à PSP, manter, organizar e disponibilizar um ficheiro informático nacional de armas aprendidas, proceder à sua análise qualitativa e quantitativa e difundir informação às entidades nacionais e estrangeiras.
6 - Todas as entidades que procedam à apreensão de armas de fogo, independentemente da sua situação legal e do motivo que determinou a apreensão, comunicam o facto à PSP, para efeitos de centralização e tratamento de informação, de acordo com as regras a estabelecer por despacho dos membros do Governo competentes.
Artigo 84.º
[…]
1 - As competências atribuídas na presente lei ao director nacional da PSP podem ser delegadas e subdelegadas nos termos da lei.

2 - Compete ao director nacional da PSP a emissão de instruções técnicas destinadas a estabelecer procedimentos operativos no âmbito do regime jurídico das armas e munições.
Artigo 86.º
Detenção de arma proibida e crime cometido com arma
1 - Quem, sem se encontrar autorizado, fora das condições legais ou em contrário das prescrições da autoridade competente, detiver, transportar, importar, transferir, guardar, comprar, adquirir a qualquer título ou por qualquer meio ou obtiver por fabrico, transformação, importação, transferência ou exportação, usar ou trouxer consigo:
a) Equipamentos, meios militares e material de guerra, arma biológica, arma química, arma radioactiva ou susceptível de explosão nuclear, arma de fogo automática, explosivo civil, engenho explosivo ou incendiário improvisado é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos;
b) Produtos ou substâncias que se destinem ou possam destinar, total ou parcialmente, a serem utilizados para o desenvolvimento, produção, manuseamento, accionamento, manutenção, armazenamento ou proliferação de armas biológicas, armas químicas ou armas radioactivas ou susceptíveis de explosão, ou para o desenvolvimento, produção, manutenção ou armazenamento de engenhos susceptíveis de transportar essas armas, é punido com pena de prisão de 2 a 5 anos;
c) Arma das classes B, B1, C e D, espingarda ou carabina facilmente desmontável em componentes de reduzida dimensão com vista à sua dissimulação, espingarda não modificada de cano de alma lisa inferior a 46 cm, arma de fogo dissimulada sob a forma de outro objecto, ou arma de fogo transformada ou modificada, é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos ou com pena de multa até 600 dias;

d) Arma da classe E, arma branca dissimulada sob a forma de outro objecto, faca de abertura automática, estilete, faca de borboleta, faca de arremesso, estrela de lançar, boxers, outras armas brancas ou engenhos ou instrumentos sem aplicação definida que possam ser usados como arma de agressão e o seu portador não justifique a sua posse, aerossóis de defesa não constantes da alínea a) do n.º 7 artigo 3.º, armas lançadoras de gases, bastão eléctrico, armas eléctricas não constantes da alínea b) do n.º 7 do artigo 3.º, quaisquer engenhos ou instrumentos construídos exclusivamente com o fim de serem utilizados como arma de agressão, silenciador, partes essenciais da arma de fogo, munições, bem como munições com os respectivos projécteis expansivos, perfurantes, explosivos ou incendiários, é punido com pena de prisão até 4 anos ou com pena de multa até 480 dias.
2 - […].
3 - As penas aplicáveis a crimes cometidos com arma são agravadas de um terço nos seus limites mínimo e máximo, excepto se o porte ou uso de arma for elemento do respectivo tipo de crime ou a lei já previr agravação mais elevada para o crime, em função do uso ou porte de arma.
4 - Para os efeitos previstos no número anterior, considera-se que o crime é cometido com arma quando qualquer comparticipante traga, no momento do crime, arma aparente ou oculta prevista nas alíneas a) a d) do n.º 1, mesmo que se encontre autorizado ou dentro das condições legais ou prescrições da autoridade competente.
5 - Em caso algum pode ser excedido o limite máximo de 25 anos da pena de prisão.
Artigo 87.º
Tráfico e mediação de armas
1 - […].
2 - […].
3 - […].
Artigo 89.º
[…]
Quem, sem estar especificamente autorizado por legítimo motivo de serviço ou pela autoridade legalmente competente, transportar, detiver, usar, distribuir ou for portador, em recintos desportivos ou religiosos, em zona de exclusão, em estabelecimentos ou locais onde decorra manifestação cívica ou política, bem como em estabelecimentos ou locais de diversão, feiras e mercados, qualquer das armas previstas no n.º 1 do artigo 2.º, bem como quaisquer munições, engenhos, instrumentos, mecanismos, produtos ou substâncias referidos no artigo 86.º, é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.
Artigo 91.º
[…]
1 - Pode ser temporariamente interdita a frequência, participação ou entrada em estabelecimento de ensino, recinto desportivo, estabelecimentos ou locais de diversão, locais onde ocorra manifestação cultural, desportiva ou venatória, feira ou mercado, campo ou carreira de tiro, a quem for condenado:
a) […];
b) […].
2 - […].
3 - […].
4 - […].
5 - […].
Artigo 95.º
Responsabilidade penal das pessoas colectivas e entidades equiparadas
As pessoas colectivas e entidades equiparadas são responsáveis, nos termos gerais, pelos crimes previstos nos artigos 86.º e 87.º
Artigo 97.º
[…]
Quem, sem se encontrar autorizado, fora das condições legais ou em contrário das prescrições da autoridade competente, detiver, transportar, importar, guardar, comprar, adquirir a qualquer título ou por qualquer meio ou obtiver por fabrico, transformação, importação ou exportação, usar ou trouxer consigo reprodução de arma de fogo, arma de alarme, munições de salva ou alarme ou armas das classes F e G, é punido com uma coima de € 600 a € 6000.
Artigo 98.º
[…]
Quem, sendo titular de licença, detiver, usar ou for portador, transportar arma fora das condições legais, afectar arma a actividade diversa da autorizada pelo director nacional da PSP ou em violação das normas de conduta previstas na presente lei é punido com uma coima de € 500 a € 5000.


Artigo 99.º
[…]
Quem não observar o disposto nas seguintes disposições:
a) […];
b) No artigo 19.º-A é punido com uma coima de €500 a € 5000;
c) [Anterior alínea b)];
d) [Anterior alínea c)];
e) Não renovação de licença de uso e porte de arma nos termos estabelecidos no n.º 1 do artigo 29.º é punido com coima de € 1000 a € 10000;
f) Alteração das características das reproduções de armas de fogo para recreio, é punido com coima de € 500 a €1000.
Artigo 101.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - Quem, não sendo titular de alvará para a exploração de carreira ou campo de tiro, se encontrar a exercer esta actividade é punido com coima de € 20000 a € 40000.
4 - Quem exercer comércio electrónico das armas e suas munições previstas na presente lei é punido com coima de € 1000 a €20000.
5 - Quem frequentar ou utilizar carreira ou campo de tiro não licenciado é punido com coima de €500 a €2000.
Artigo 107.º
[…]
1 - O agente ou autoridade policial procede à apreensão da ou das arma de fogo, munições e respectivas licenças e manifestos, ou de outras armas, quando:
a) […];
b) […];
c) Se encontrarem fora das condições legais ou em violação das prescrições da autoridade competente.
2 - […].
3 - […].
4 - […].
Artigo 108.º
[…]
1 - […].
2 - Nos casos previstos no n.º 1 do artigo anterior é lavrado termo de cassação provisória que seguirá juntamente com o expediente resultante da notícia do crime ou da contra-ordenação para os serviços do Ministério Público ou para a PSP, respectivamente.
3 - […].
4 - […].
5 - […].
6 - […].
7 - […].
8 - […].
Artigo 109.º
[…]
1 - […].
2 - […].
3 - […].
4 - Compete ainda à PSP a verificação dos artigos previstos na presente lei e que se encontrem em trânsito nas zonas portuárias e aeroportuárias internacionais, com a possibilidade de abertura de volumes e contentores, para avaliação do seu destino e proveniência.
Artigo 113.º
[…]
1 - As licenças e autorizações de uso e porte de arma concedidas ao abrigo de legislação anterior são convertidas, quando da sua renovação, para as licenças agora previstas, nos seguintes termos:
a) […];
b) […];
c) […];
d) Autorização de uso e porte de arma de defesa «modelo V» e «modelo V-A» transita para licença especial, aplicando-se as mesmas regras que a esta relativamente à caducidade e validade, bem como no que refere aos requisitos previstos para a sua concessão;
e) […].
2 - […].
3 - […].»
Artigo 2.º
Aditamento à Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro
São aditados os artigos 11.º-A, 68.º-A, 95º -A e 112º-A à Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro, que aprova o novo regime jurídico das armas e suas munições, na redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 59/2007, de 4 de Setembro, com a seguinte redacção:
«Artigo 11.º-A
Homologação
1 - São sujeitas a homologação as armas e munições destinados a venda, aquisição, cedência, detenção, importação, exportação e transferência.
2 - Para efeitos de homologação de armas e munições, o interessado submete requerimento ao director nacional da PSP, sendo o processo instruído com a descrição técnica pormenorizada da arma e munições e com catálogo fotográfico, em modelo e condições a definir por despacho do director nacional da PSP.
3 - É proibida a importação, exportação, transferência e comércio, em território nacional, de armas e munições não homologadas.
Artigo 19.º- A
Licença para menores
Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 15.º, aos menores de 18 anos e maiores de 16 anos pode ser autorizado o uso e porte de armas da classe D, para a prática de actos venatórios de caça maior ou menor, desde que devidamente acompanhados no mesmo acto cinegético, por quem exerce o poder paternal, e na condição de que este é o proprietário da arma utilizada pelo menor e titular da licença correspondente.


Artigo 50.º- A
Comércio electrónico
O comércio electrónico de armas e suas munições, materiais e equipamentos, licenciados ao abrigo da presente lei, é proibido.
Artigo 68.º-A
Transferência temporária
1 - O director nacional da PSP pode autorizar previamente a transferência temporária de armas destinadas a práticas venatórias, competições desportivas ou feiras de coleccionadores, reconhecidas pelas respectivas federações ou associações, a requerimento dos seus proprietários ou dos organismos que promovem essas iniciativas.
2 - O director nacional da PSP pode igualmente emitir autorização prévia para a transferência temporária de armas e munições destinadas a integrar mostruários e demonstrações, a pedido de agentes comerciais e de representantes de fábricas nacionais ou estrangeiras, devidamente credenciadas pela PSP.
3 - Da autorização constam o tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico e demais características da arma e suas quantidades, o prazo de permanência ou ausência do país, bem como as regras de segurança a observar.
4 - A autorização prevista no n.º 1 é dispensada aos titulares do cartão europeu de arma de fogo, desde que nele estejam averbadas as armas transferidas.


Artigo 95.º -A
Detenção e prisão preventiva
1 - Há lugar à detenção em flagrante delito pelos crimes previstos nos artigos 86.º, 87.º e 89.º da presente lei e pelos crimes cometidos com arma, a qual se deve manter até o detido ser apresentado a audiência de julgamento sob a forma sumária ou a primeiro interrogatório judicial para eventual aplicação de medida de coacção ou de garantia patrimonial.
2 - Fora de flagrante delito, a detenção pelos crimes previstos no número anterior pode ser efectuada por mandado do juiz ou do Ministério Público.
3 - As autoridades de polícia criminal podem também ordenar a detenção fora de flagrante delito, por iniciativa própria, nos casos previstos na lei, e devem fazê-lo se houver perigo de continuação da actividade criminosa.
4 - É aplicável ao arguido a prisão preventiva quando houver fortes indícios da prática de crime doloso previsto no n.º 1, punível com pena de prisão de máximo superior a três anos, verificadas as demais condições de aplicação da medida.
Artigo 112.º-A
Reclassificação de armas
As armas que tenham sido licenciadas ao abrigo de outros regimes legais e que venham a ser reclassificadas, por despacho do director nacional da PSP, no âmbito da presente lei, só podem ser utilizadas para as actividades definidas no despacho de reclassificação.»
Artigo 3.º
Alteração à sistemática da Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro
1 - O capítulo II da Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro, passa a denominar-se «Homologação, licenças para uso e porte de armas ou sua detenção».
2 - A secção I do capítulo II da Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro, passa a denominar-se «Homologação, tipos de licença e atribuição».

Artigo 4.º
Republicação
É republicada, em anexo à presente lei, da qual faz parte integrante, a Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro, com a redacção actual.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 4 de Setembro de 2008

O Primeiro-Ministro

O Ministro da Presidência

O Ministro dos Assuntos Parlamentares
ANEXO
Republicação da Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro
CAPÍTULO I
Disposições gerais
SECÇÃO I
Objecto e âmbito
Artigo 1.º
Objecto, âmbito, definições legais e classificação das armas
1 - A presente lei estabelece o regime jurídico relativo ao fabrico, montagem, reparação, importação, exportação, transferência, armazenamento, circulação, comércio, aquisição, cedência, detenção, manifesto, guarda, segurança, uso e porte de armas, seus componentes e munições, bem como o enquadramento legal das operações especiais de prevenção criminal.
2 - Ficam excluídas do âmbito de aplicação da presente lei as actividades relativas a armas e munições destinadas às Forças Armadas, às forças e serviços de segurança, bem como a outros serviços públicos cuja lei expressamente as exclua, bem como aquelas que se destinem exclusivamente a fins militares.
3 - Ficam ainda excluídas do âmbito de aplicação da presente lei as actividades referidas no n.º 1 relativas a armas de fogo cuja data de fabrico seja anterior a 31 de Dezembro de 1890.
4 - Ficam também excluídas do âmbito da aplicação da presente lei as espadas, sabres, espadins e outras armas tradicionalmente destinados a honras e cerimonial militares ou a outras cerimónias oficiais.
5 - A detenção, uso e porte de arma por militares dos quadros permanentes das Forças Armadas e por membros das forças e serviços de segurança são regulados por lei própria.

Artigo 2.º
Definições legais
Para efeitos do disposto na presente lei e sua regulamentação e com vista a uma uniformização conceptual, entende-se por:
1 - Tipos de armas:
a) «Aerossol de defesa» todo o contentor portátil de gases comprimidos cujo destino seja unicamente o de produzir descargas de gases momentaneamente neutralizantes da capacidade agressora, não podendo pela sua apresentação e características, ser confundido com outras armas ou objectos;
b) «Arco» a arma branca destinada a lançar flechas mediante o uso da força muscular;
c) «Arma de acção dupla» a arma de fogo que é disparada efectuando apenas a operação de accionar o gatilho;
d) «Arma de acção simples» a arma de fogo que é disparada mediante duas operações constituídas pelo armar manual do mecanismo de disparo e pelo accionar do gatilho;
e) «Arma de alarme» o dispositivo com a configuração de uma arma de fogo destinado unicamente a produzir um efeito sonoro semelhante ao produzido por aquela no momento do disparo;
f) «Arma de ar comprimido» a arma accionada por ar ou outro gás comprimido, com cano de alma lisa ou estriada, destinada a lançar projéctil metálico;
g) «Arma de ar comprimido desportiva» a arma de ar comprimido reconhecida por uma federação desportiva como adequada para a prática de tiro desportivo e homologada pelo director nacional da PSP;

h) «Arma de ar comprimido de recreio» a arma de ar comprimido, de calibre até 5,5 mm, cuja velocidade do projéctil à saída da boca do cano seja inferior a 360 m/s e cujo cano seja superior a 30 cm;
i) «Arma automática» a arma de fogo que, mediante uma única acção sobre o gatilho, faz uma série contínua de vários disparos;
j) «Arma biológica» o engenho susceptível de libertar ou de provocar contaminação por agentes microbiológicos ou outros agentes biológicos, bem como toxinas, seja qual for a sua origem ou modo de produção, de tipos e em quantidades que não sejam destinados a fins profilácticos de protecção ou outro de carácter pacífico e que se mostrem nocivos ou letais para a vida;
l) «Arma branca» todo o objecto ou instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante ou perfurante de comprimento igual ou superior a 10 cm em toda extensão da lâmina ou superfície exposta ou com parte corto-contundente, bem como destinado a lançar lâminas, flechas ou virotões, independentemente das suas dimensões, ;
m) «Arma de carregamento pela boca» a arma de fogo em que a culatra não pode ser aberta manualmente e o carregamento da carga propulsora e do projéctil só podem ser efectuados pela boca do cano, no caso das armas de um ou mais canos, e pela boca das câmaras, nas armas equipadas com tambor, considerando-se equiparadas às de carregamento pela boca as armas que, tendo uma culatra móvel, não podem disparar senão cartucho combustível, sendo o sistema de ignição colocado separadamente no exterior da câmara;
n) «Arma eléctrica» todo o sistema portátil alimentado por fonte energética e destinado unicamente a produzir descarga eléctrica momentaneamente neutralizante da capacidade motora humana, não podendo pela sua apresentação e características, ser confundida com outras armas ou objectos;
o) «Arma de fogo» todo o engenho ou mecanismo portátil destinado a provocar a deflagração de uma carga propulsora geradora de uma massa de gases cuja expansão impele um ou mais projécteis;
p) «Arma de fogo curta» a arma de fogo cujo cano não exceda 30 cm ou cujo comprimento total não exceda 60 cm;
q) «Arma de fogo inutilizada» a arma de fogo a que foi retirada ou inutilizada peça ou parte essencial para obter o disparo do projéctil e que seja acompanhada de certificado de inutilização emitido ou reconhecido pela Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP);
r) «Arma de fogo longa» qualquer arma de fogo com exclusão das armas de fogo curtas;
s) «Arma de fogo modificada» a arma de fogo que, mediante uma intervenção não autorizada de qualquer tipo, obteve características diferentes das do seu fabrico original relativamente ao sistema ou mecanismo de disparo, comprimento do cano, calibre, alteração relevante da coronha e marcas e numerações de origem;
t) «Arma de fogo transformada» o dispositivo apto a ser convertido em arma de fogo, ou que, mediante uma intervenção mecânica modificadora, obteve características que lhe permitam funcionar como arma de fogo, ou o objecto susceptível de ser modificado para disparar balas ou projécteis através da acção de uma carga propulsora, desde que tenha a aparência de arma de fogo, ou que devido à sua construção ou material a partir do qual é fabricado, puder ser modificado para esse efeito ;
u) «Arma lançadora de gases» o dispositivo portátil destinado a emitir gases por um cano;
v) «Arma lança-cabos» o mecanismo portátil com a configuração de uma arma de fogo, destinado unicamente a lançar linha ou cabo;
x) «Arma química» o engenho ou qualquer equipamento, munição ou dispositivo especificamente concebido para libertar produtos tóxicos e seus precursores que pela sua acção química sobre os processos vitais possa causar a morte ou lesões em seres vivos;
z) «Arma radioactiva ou susceptível de explosão nuclear» o engenho ou produto susceptível de provocar uma explosão por fissão ou fusão nuclear ou libertação de partículas radioactivas ou ainda susceptível de, por outra forma, difundir tal tipo de partículas;
aa) «Arma de repetição» a arma de fogo com depósito fixo ou com carregador amovível que, após cada disparo, é recarregada pela acção do atirador sobre um mecanismo que transporta e introduz na câmara nova munição, retirada do depósito ou do carregador;
ab) «Arma semiautomática» a arma de fogo com depósito fixo ou com carregador amovível que, após cada disparo, se carrega automaticamente e que não pode, mediante uma única acção sobre o gatilho, fazer mais de um disparo;
ac) «Arma de sinalização» o mecanismo portátil com a configuração de arma de fogo destinado a lançar um dispositivo pirotécnico de sinalização, cujas características excluem a conversão para o tiro de qualquer outro tipo de projéctil;
ad) «Reprodução de arma de fogo para práticas recreativas» o mecanismo portátil com a configuração de arma de fogo das classes A, B, B1, C e D, integral ou parcialmente pintado em 50% da sua superfície, com cor fluorescente, amarela ou encarnada, indelével com características definidas por Despacho do director nacional da PSP, por forma a não ser susceptível de confusão com as armas das mesmas classes, apto unicamente a disparar esfera não metálica cuja energia à saída da boca do cano não seja superior a 1,3 J e homologadas pela Direcção Nacional da PSP;
ae) «Arma submarina» a arma branca destinada unicamente a disparar arpão quando submersa em água;
af) «Arma de tiro a tiro ou de tiro simples» a arma de fogo sem depósito ou carregador, de um ou mais canos, que é carregada mediante a introdução manual de uma munição em cada câmara ou câmaras ou em compartimento situado à entrada destas;
ag) «Arma veterinária» o mecanismo portátil com a configuração de uma arma de fogo destinado unicamente a disparar projéctil de injecção de anestésicos ou outros produtos veterinários sobre animais;
ah) «Bastão eléctrico» a arma eléctrica com a forma de um bastão;
ai) «Bastão extensível» instrumento portátil telescópico, rígido ou flexível, destinado a ser empunhado, como meio de agressão ou defesa.
aj) «Besta» a arma branca dotada de mecanismo de disparo que se destina exclusivamente a lançar virotão;
al) «Boxer» o instrumento metálico ou de outro material duro destinado a ser empunhado por uma mão quando é desferido soco, de forma a ampliar o efeito deste;
am) «Carabina» a arma de fogo longa com cano da alma estriada;
an) «Espingarda» a arma de fogo longa com cano de alma lisa;
ao) «Estilete» a arma branca ou instrumento com configuração de arma branca composta por uma haste perfurante sem gumes e por um punho independentemente das suas dimensões;
ap) «Estrela de lançar» a arma branca ou instrumento com configuração de arma branca em forma de estrela com pontas cortantes que se destina a ser arremessada manualmente independentemente das suas dimensões;
aq) «Faca de arremesso» arma branca ou instrumento com configuração de arma branca composta por uma lâmina integrando uma zona de corte e perfuração e outra destinada a ser empunhada ou a servir de contrapeso com vista a ser lançada manualmente, independentemente das suas dimensões;
ar) «Faca de borboleta» arma branca ou instrumento com configuração de arma branca composta por uma lâmina articulada num cabo ou empunhadura dividido longitudinalmente em duas partes também articuladas entre si, de tal forma que a abertura da lâmina pode ser obtida instantaneamente por um movimento rápido de uma só mão independentemente das suas dimensões;
as) «Faca de abertura automática ou faca de ponta e mola» arma branca ou instrumento com configuração de arma branca composta por um cabo ou empunhadura que encerra uma lâmina, cuja disponibilidade pode ser obtida instantaneamente por acção de uma mola sob tensão ou outro sistema equivalente independentemente das suas dimensões;
at)«Pistola» a arma de fogo curta, de tiro a tiro, de repetição ou semiautomática;
au) «Pistola-metralhadora» a arma de fogo automática, compacta, destinada a ser utilizada a curta distância;
av) «Réplica de arma de fogo» a arma de fogo de carregamento pela boca, de fabrico contemporâneo, apta a disparar projéctil utilizando carga de pólvora preta ou similar;
ax) «Reprodução de arma de fogo» o mecanismo portátil com a configuração de uma arma de fogo que, pela sua apresentação e características, possa ser confundida com as armas previstas nas classes A, B, B1, C e D, com exclusão das armas de softair;
az) «Revólver» a arma de fogo curta, de repetição, equipada com tambor contendo várias câmaras.
aaa) «Arma confundível com armamento militar» a arma que, pela sua configuração ou características, seja susceptível de ser confundida com equipamentos, meios militares e material de guerra ou considerada como tal.
2 - Partes das armas de fogo:
a) «Alma do cano» a superfície interior do cano entre a câmara e a boca;
b) «Alma estriada» a superfície interior do cano com sulcos helicoidais ou outra configuração em espiral, que permite conferir rotação ao projéctil, dotando-o de estabilidade giroscópica;
c) «Alma lisa» a superfície interior do cano não dotada de qualquer dispositivo destinado a imprimir movimento de rotação ao projéctil;
d) «Boca do cano» a extremidade da alma do cano por onde sai o projéctil;
e) «Caixa da culatra» a parte da arma onde está contida e se movimenta a culatra;
f) «Câmara» a parte do cano ou, nos revólveres, a cavidade do tambor onde se introduz a munição;
g) «Cano» a parte da arma constituída por um tubo destinado a guiar o projéctil no momento do disparo;
h) «Cão» a peça de um mecanismo de percussão que contém ou bate no percutor com vista ao disparo da munição;
i) «Carcaça» a parte da arma curta de que faz parte ou onde se fixa o punho e que encerra o mecanismo de disparo;
j) «Carregador» o contentor amovível onde estão alojadas as munições numa arma de fogo;
l) «Coronha» a parte de uma arma de fogo que se destina a permitir o seu apoio no ombro do atirador;
m) «Corrediça» a parte da arma automática ou semiautomática que integra a culatra e que se movimenta em calhas sobre a carcaça;
n) «Culatra ou bloco da culatra» a parte da arma de fogo que obtura a extremidade do cano onde se localiza a câmara;
o) «Depósito» o compartimento inamovível de uma arma de fogo onde estão alojadas as munições;
p) «Gatilho ou cauda do gatilho» a peça do mecanismo de disparo que, quando accionada pelo atirador, provoca o disparo;
q) «Guarda-mato» a peça que protege o gatilho de accionamento acidental;
r) «Mecanismo de disparo» o sistema mecânico ou outro que, quando accionado através do gatilho, provoca o disparo;
s) «Mecanismo de travamento» o conjunto de peças destinado a bloquear a culatra móvel na posição de obturação da câmara;
t) «Partes essenciais da arma de fogo» nos revólveres, o cano, o tambor e a carcaça, nas restantes armas de fogo, o cano, a culatra, a caixa da culatra ou corrediça, a báscula e a carcaça;
u) «Percutor» a peça de um mecanismo de disparo que acciona a munição, por impacte na escorva ou fulminante;
v) «Punho» a parte da arma de fogo que é agarrada pela mão que dispara;
x) «Silenciador» o acessório que se aplica sobre a boca do cano de uma arma destinado a eliminar ou reduzir o ruído resultante do disparo;
z) «Tambor» a parte de um revólver constituída por um conjunto de câmaras que formam um depósito rotativo de munições.

3 - Munições das armas de fogo e seus componentes:
a) «Bala ou projéctil» a parte componente de uma munição ou carregamento que se destina a ser lançada através do cano pelos gases resultantes da deflagração de uma carga propulsora ou outro sistema de propulsão;
b) «Calibre da arma» a denominação da munição para que a arma é fabricada;
c) «Calibre do cano» o diâmetro interior do cano, expresso em milímetros ou polegadas, correspondendo, nos canos de alma estriada, ao diâmetro de brocagem antes de abertas as estrias, ou equivalente a este diâmetro no caso de outros processos de fabrico;
d) «Carga propulsora ou carga de pólvora» a carga de composto químico usada para carregar as munições ou a carga de pólvora preta ou substância similar usada para carregar as armas de carregamento pela boca;
e) «Cartucho» a caixa metálica, plástica ou de outro material que se destina a conter o fulminante, a carga propulsora e o projéctil ou carga de projécteis para utilização em armas com cano de alma lisa;
f) «Cartucho de caça» a munição para arma de fogo longa de cano de alma lisa, própria para a actividade venatória ou desportiva;
g) «Chumbos de caça» os projécteis, com diâmetro até 4,5 mm, com que se carregam os cartuchos de caça;
h) «Componentes para recarga» os cartuchos, invólucros, fulminantes ou escorvas, carga propulsora e projécteis para munições de armas de fogo;
i) «Fulminante ou escorva» o componente da munição composto por uma cápsula que contém mistura explosiva, a qual quando deflagrada provoca uma chama intensa destinada a inflamar a carga propulsora da munição, podendo também não ser aplicado no cartucho ou invólucro em armas antigas ou réplicas;
j) «Invólucro» a caixa metálica, plástica ou de outro material que se destina a conter o fulminante, a carga propulsora e o projéctil para utilização em armas com cano de alma estriada;
l) «Munição de arma de fogo» o cartucho ou invólucro ou outro dispositivo contendo todos os componentes em condições de ser imediatamente disparado numa arma de fogo;
m) «Munição com bala de caça» o cartucho de caça com projéctil único;
n) «Munição com bala desintegrável» a munição cujo projéctil é fabricado com o objectivo de se desintegrar no impacte com qualquer superfície ou objecto duro;
o) «Munição com bala expansiva» a munição cujo projéctil é fabricado com o objectivo de expandir no impacte com um corpo sólido;
p) «Munição com bala explosiva» a munição com projéctil contendo uma carga que explode no momento do impacte;
q) «Munição com bala incendiária» a munição com projéctil contendo um composto químico que se inflama em contacto com o ar ou no momento do impacte;
r) «Munição com bala encamisada» a munição com projéctil designado internacionalmente como full metal jacket (FMJ), com camisa metálica que cobre o núcleo em toda a sua extensão, com excepção, ou não, da base;
s) «Munição com bala perfurante» a munição com projéctil de núcleo de aço temperado ou outro metal duro ou endurecido, destinado a perfurar alvos duros e resistentes;
t) «Munição com bala tracejante» a munição com projéctil que contém uma substância pirotécnica destinada a produzir chama e ou fumo de forma a tornar visível a sua trajectória;

u) «Munição com bala cilíndrica» a munição designada internacionalmente como wadcutter de projéctil cilíndrico ou de ponta achatada, destinada a ser usada em tiro desportivo, provocando no alvo um orifício de contorno bem definido;
v) [Revogada];
x) «Percussão anelar ou lateral» o sistema de ignição de uma munição em que o percutor actua sobre um ponto periférico relativamente ao centro da base da mesma;
z) «Percussão central» o sistema de ignição de uma munição em que o percutor actua sobre a escorva ou fulminante aplicado no centro da base do invólucro;
aa) «Zagalotes» os projécteis, com diâmetro superior a 4,5 mm, que fazem parte de um conjunto de múltiplos projécteis para serem disparados em armas de fogo com cano de alma lisa.;
ab) «Munição de salva ou alarme» a munição sem projéctil e destinada unicamente a produzir um efeito sonoro no momento do disparo;
4 - Funcionamento das armas de fogo:
a) «Arma de fogo carregada» a arma de fogo que tenha uma munição introduzida na câmara e a arma de carregar pela boca em que seja introduzida carga propulsora, fulminante e projéctil na câmara ou câmaras;
b) «Arma de fogo municiada» a arma de fogo com pelo menos uma munição introduzida no seu depósito ou carregador;
c) «Ciclo de fogo» o conjunto de operações realizadas sequencialmente que ocorrem durante o funcionamento das armas de fogo de carregar pela culatra;
d) «Culatra aberta» a posição em que a culatra ou a corrediça de uma arma se encontra retida na sua posição mais recuada, ou de forma que a câmara não esteja obturada;
e) «Culatra fechada» a posição em que a culatra ou corrediça de uma arma se encontra na sua posição mais avançada, ou de forma a obturar a câmara;
f) «Disparar» o acto de pressionar o gatilho, accionando o mecanismo de disparo da arma, de forma a provocar o lançamento do projéctil.
5 - Outras definições:
a) «Armeiro» qualquer pessoa singular ou colectiva cuja actividade profissional consista, total ou parcialmente, no fabrico, compra e venda ou reparação de armas de fogo e suas munições;
b) «Campo de tiro» a instalação exterior funcional e exclusivamente destinada à pratica de tiro com arma de fogo carregada com munição de projecteis múltiplos;
c) «Carreira de tiro» a instalação interior ou exterior, funcional e exclusivamente destinada à prática de tiro com arma de fogo carregada com munição de projéctil único;
d) «Casa forte ou fortificada» a construção ou compartimento de uso exclusivo do portador ou detentor, integralmente edificada em betão, ou alvenaria, ou com paredes, soalho e tecto reforçados com malha ou estrutura metálica, sendo em todos os casos dotado de porta de segurança com fechadura de trancas e, caso existam, janelas com grades metálicas;
e) «Data de fabrico de arma» o ano em que a arma foi produzida;
f) «Detenção de arma» o facto de ter em seu poder ou na sua esfera de disponibilidade uma arma;
g) «Disparo de advertência» o acto voluntário de disparar uma arma apontada para zona livre de pessoas e bens;


h) «Equipamentos, meios militares e material de guerra» os equipamentos, armas, engenhos, instrumentos, produtos ou substâncias fabricados para fins militares e utilizados pelas Forças Armadas e forças e serviços de segurança;
i) «Estabelecimento de diversão», todos os locais públicos ou privados, construídos ou adaptados para o efeito, na sequência ou não de um processo de licenciamento municipal, que se encontrem a funcionar essencialmente como bares, discotecas e similares, salas de jogos eléctricos ou manuais e feiras de diversão;
j) «Explosivo civil» todos as substâncias ou produtos explosivos cujo fabrico, comércio, transferência, importação e utilização esteja sujeito a autorização concedida pela autoridade competente;
l) «Engenho explosivo ou incendiário improvisado» todos aqueles que utilizem substâncias ou produtos explosivos ou incendiários de fabrico artesanal não autorizado;
m) «Guarda de arma» o acto de depositar a arma em cofre ou armário de segurança não portáteis, casa-forte ou fortificada, bem como a aplicação de cadeado ou mecanismo que impossibilite disparar a mesma, no interior do domicílio ou outro local autorizado;
n) «Porte de arma» o acto de trazer consigo uma arma municiada ou carregada ou em condições de o ser para uso imediato;
o) «Recinto desportivo» o espaço criado exclusivamente para a prática de desporto, com carácter fixo e com estruturas de construção que lhe garantam essa afectação e funcionalidade, dotado de lugares permanentes e reservados a assistentes, após o último controlo de entrada;
p) «Transporte de arma» o acto de transferência de uma arma descarregada e desmuniciada ou desmontada de um local para outro, de forma a não ser susceptível de uso imediato;
q) «Uso de arma» o acto de empunhar ou disparar uma arma;
r) «Zona de exclusão» a zona de controlo da circulação pedestre ou viária, definida pela autoridade pública, com vigência temporal determinada, nela se podendo incluir os trajectos, estradas, estações ferroviárias, fluviais ou de camionagem com ligação ou a servirem o acesso a recintos desportivos, áreas e outros espaços públicos, dele envolventes ou não, onde se concentrem assistentes ou apoiantes desse evento;
s) «Cadeado de gatilho» o dispositivo aplicado à arma que se destina a impedir a sua utilização e disparo não autorizados.
t) «Importação», a entrada em território nacional, de quaisquer bens, bem como a sua permanência em estância alfandegária ou zona internacional, a aguardar os procedimentos legais aduaneiros, quando provenientes de países terceiros;
u) «Exportação», a saída dos limites fiscais do território nacional de quaisquer bens com destino a país terceiro, bem como a sua permanência em estância alfandegária ou zona internacional a aguardar os procedimentos legais aduaneiros.
v) «Trânsito», a passagem por território nacional, a aguardar os procedimentos legais aduaneiros, de quaisquer bens oriundos de país terceiro e que se destinam a exportação ou transferência para outro Estado;
x) «Homologação de armas e munições» a aprovação de marca, modelo, bem como demais características técnicas de armas pelo director nacional da PSP;
Artigo 3.º
Classificação das armas, munições e outros acessórios
1 - As armas e as munições são classificadas nas classes A, B, B1, C, D, E, F e G, de acordo com o grau de perigosidade, o fim a que se destinam e a sua utilização.
2 - São armas, munições e acessórios da classe A:
a) Os equipamentos, meios militares e material de guerra, ou classificados como tal;
b) As armas de fogo automáticas;
c) As armas químicas, biológicas, radioactivas ou susceptíveis de explosão nuclear;
d) As armas brancas ou de fogo dissimuladas sob a forma de outro objecto;
e) As facas de abertura automática, estiletes, facas de borboleta, facas de arremesso, estrelas de lançar e boxers;
f) As armas brancas sem afectação ao exercício de quaisquer práticas venatórias, comerciais, agrícolas, industriais, florestais, domésticas ou desportivas, ou que pelo seu valor histórico ou artístico não sejam objecto de colecção;
g) Quaisquer engenhos ou instrumentos construídos exclusivamente com o fim de serem utilizados como arma de agressão;
h) Os aerossóis de defesa não constantes da alínea a) do n.º 7 do presente artigo e as armas lançadoras de gases ou dissimuladas sob a forma de outro objecto;
i) Os bastões eléctricos ou extensíveis, de uso exclusivo das Forças Armadas ou forças e serviços de segurança;
j) Outros aparelhos que emitam descargas eléctricas sem as características constantes da alínea b) do n.º 7 do presente artigo ou dissimuladas sob a forma de outro objecto;
l) As armas de fogo transformadas ou modificadas;
m) As armas de fogo fabricadas sem autorização;
n) As reproduções de armas de fogo e as armas de alarme;
o) As espingardas e carabinas facilmente desmontáveis em componentes de reduzida dimensão com vista à sua dissimulação;
p) As espingardas cujo comprimento de cano seja inferior a 46 cm;
q) As munições com bala perfurante, explosiva, incendiária, tracejante, desintegrável, de salva ou de alarme;
r) Os silenciadores;
s) As miras telescópicas, excepto aquelas que tenham afectação ao exercício de quaisquer práticas venatórias ou desportivas federadas;
t) As armas classificadas como equipamentos, meios militares ou material de guerra ou as confundíveis com armamento militar.
3 - São armas da classe B as armas de fogo curtas de repetição ou semiautomáticas.
4 - São armas da classe B1:
a) As pistolas semiautomáticas com os calibres 6,35 mm ou .25;
b) Os revólveres com o calibre denominado .32.
5 - São armas da classe C:
a) As armas de fogo longas semiautomáticas, de repetição ou de tiro a tiro, de cano de alma estriada;
b) As armas de fogo longas semiautomáticas, de repetição ou de tiro a tiro com dois ou mais canos, se um deles for de alma estriada;
c) As armas de fogo longas semiautomáticas ou de repetição, de cano de alma lisa, em que este não exceda 60 cm
d) As armas de fogo curtas de tiro a tiro unicamente aptas a disparar munições de percussão central;
e) As armas de fogo de calibre até 6 mm unicamente aptas a disparar munições de percussão anelar;
f) As réplicas de armas de fogo, quando usadas para tiro desportivo;
g) As armas de ar comprimido de calibre superior a 5,5 mm.
6 - São armas da classe D:
a) As armas de fogo longas semiautomáticas ou de repetição, de cano de alma lisa com um comprimento superior a 60 cm;
b) As armas de fogo longas semiautomáticas, de repetição ou de tiro a tiro de cano de alma estriada com um comprimento superior a 60 cm, unicamente aptas a disparar munições próprias do cano de alma lisa;
c) As armas de fogo longas de tiro a tiro de cano de alma lisa.
7 - São armas da classe E:
a) Os aerossóis de defesa com gás, cujo princípio activo, seja a capsaicina ou oleoresina de capsicum (gás pimenta) com uma concentração não superior a 5%, e que não possam ser confundíveis com armas de outra classe ou outros objectos;
b) As armas eléctricas até 200 000 volts, com mecanismo de segurança e que não possam ser confundíveis com armas de outra classe, ou com outros objectos;
c) As armas de fogo e suas munições, de produção industrial, unicamente aptas a disparar balas não metálicas ou a impulsionar dispositivos, concebidas de origem para eliminar qualquer possibilidade de agressão letal e que tenham merecido homologação por parte da Direcção Nacional da PSP.
8 - São armas da classe F:
a) As matracas, sabres e outras armas brancas tradicionalmente destinadas às artes marciais;
b) As réplicas de armas de fogo quando destinadas a ornamentação;
c) As armas de fogo inutilizadas quando destinadas a ornamentação;
9 - São armas da classe G:
a) As armas veterinárias;
b) As armas de sinalização;
c) As armas lança-cabos;
d) As armas de ar comprimido desportivas;
e) As reproduções de armas de fogo para práticas recreativas;
f) As armas de ar comprimido de recreio.
10 - Para efeitos do disposto na legislação específica da caça, são permitidas as armas de fogo referidas nas alíneas a), b) e c) do n.º 5 e nas alíneas a), b) e c) do n.º 6, com excepção das confundíveis com armamento militar.
11 - As armas só podem ser afectas à actividade que motivou a concessão, podendo, por despacho do director nacional da PSP, ser afectas a mais que uma actividade por solicitação fundamentada do interessado.
SECÇÃO II
Aquisição, detenção, uso e porte de armas
Artigo 4.º
Armas da classe A
1 - São proibidos a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, o uso e o porte de armas, acessórios e munições da classe A.
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe A destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural, com excepção de meios militares e material de guerra cuja autorização é da competência do ministro que tutela o sector da Defesa Nacional.

3 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas de alarme destinados a actividades desportivas ou ao adestramento de animais.
4 - As autorizações a que se referem os números anteriores são requeridas com justificação da motivação, indicação do tempo de utilização e respectivo plano de segurança.
Artigo 5.º
Armas da classe B
1 - As armas da classe B são adquiridas mediante declaração de compra e venda ou doação, carecendo de prévia autorização concedida pelo director nacional da PSP.
2 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe B são autorizados ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, aos deputados, aos membros do Governo, aos representantes da República, aos deputados regionais, aos membros dos Governos Regionais, aos membros do Conselho de Estado, aos governadores civis, aos magistrados judiciais, aos magistrados do Ministério Público e ao Provedor de Justiça.
3 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe B podem ser autorizados:
a) A quem, nos termos da respectiva lei orgânica ou estatuto profissional, possa ser atribuída ou dispensada a licença de uso e porte de arma de classe B, após verificação da situação individual;
b) Aos titulares da licença B;
c) Aos titulares de licença especial atribuída ao abrigo do n.º 1 do artigo 19.º



4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe B destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural.
Artigo 6.º
Armas da classe B1
1 - As armas da classe B1 são adquiridas mediante declaração de compra e venda ou doação, carecendo de prévia autorização concedida pelo director nacional da PSP.
2 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe B1 podem ser autorizados:
a) Aos titulares de licença de uso e porte de arma da classe B1;
b) Aos titulares de licença especial atribuída ao abrigo do n.º 1 do artigo 19.º
Artigo 7.º
Armas da classe C
1 - As armas da classe C são adquiridas mediante declaração de compra e venda ou doação, carecendo de prévia autorização concedida pelo director nacional da PSP.
2 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe C podem ser autorizados:
a) Aos titulares de licença de uso e porte de arma da classe C;
b) A quem, nos termos da respectiva lei orgânica ou estatuto profissional, possa ser atribuída ou dispensada a licença de uso e porte de arma de classe C, após verificação da situação individual.

3 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a detenção, a utilização, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe C destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural.
Artigo 8.º
Armas da classe D
1 - As armas da classe D são adquiridas mediante declaração de compra e venda ou doação.
2 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe D podem ser autorizados:
a) Aos titulares de licença de uso e porte de arma das classes C ou D;
b) A quem, nos termos da respectiva lei orgânica ou estatuto profissional, possa ser atribuída ou dispensada a licença de uso e porte de arma de classe D, após verificação da situação individual.
3 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, mediante autorização especial do director nacional da PSP, podem ser autorizados a venda, a aquisição, a cedência, a utilização, a detenção, a importação, a exportação e a transferência de armas e acessórios da classe D destinados a museus públicos ou privados, investigação científica ou industrial e utilizações em realizações teatrais, cinematográficas ou outros espectáculos de natureza artística, de reconhecido interesse cultural.
Artigo 9.º
Armas da classe E
1 - As armas da classe E são adquiridas mediante declaração de compra e venda.

2 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe E podem ser autorizados:
a) Aos titulares de licença de uso e porte de arma da classe E;
b) Aos titulares de licença de uso e porte de arma das classes B, B1, C e D, licença de detenção de arma no domicílio e licença especial, bem como a todos os que, por força da respectiva lei orgânica ou estatuto profissional, possa ser atribuída ou dispensada a licença de uso e porte de arma, verificada a sua situação individual.
Artigo 10.º
Armas da classe F
1 - As armas da classe F são adquiridas mediante declaração de compra e venda ou doação.
2 - A aquisição, a detenção, o uso e o porte de armas da classe F podem ser autorizados aos titulares de licença de uso e porte de arma da classe F.
Artigo 11.º
Armas da classe G
1 - A aquisição de armas veterinárias e lança-cabos pode ser autorizada, mediante declaração de compra e venda, a maiores de 18 anos que, por razões profissionais ou de prática desportiva, provem necessitar das mesmas.
2 - A aquisição de armas de sinalização é permitida, mediante declaração de compra e venda e prévia autorização da PSP, a quem desenvolver actividade que justifique o recurso a meios pirotécnicos de sinalização.
3 - A aquisição de reproduções de armas de fogo para práticas recreativas é permitida pelo director nacional da PSP aos maiores de 18 anos, mediante declaração de compra e venda e prova da inscrição numa associação de promoção desportiva reconhecida pelo Instituto do Desporto de Portugal, I. P. e registada junto da PSP.

4 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, aos menores de 18 anos e maiores de 16 anos é permitida a aquisição de reproduções de armas de fogo para práticas recreativas desde que autorizados para o efeito por quem exerça o poder paternal.
5 - A autorização referida no n.º 2 deve conter a identificação do comprador e a quantidade e destino das armas de sinalização a adquirir e só pode ser concedida a quem demonstre desenvolver actividade que justifique a utilização destas armas.
6 - A detenção, o uso e o porte destas armas só são permitidos para o exercício das mencionadas actividades.
7 - A aquisição de armas de ar comprimido de recreio, destinadas à prática de actividades lúdicas, é autorizada a maiores de 18 anos pelo director nacional da PSP mediante declaração de compra e venda.
CAPÍTULO II
Homologação, licenças para uso e porte de armas ou sua detenção
SECÇÃO I
Homologação, tipos de licença e atribuição
Artigo 11.º-A
Homologação
1 - São sujeitas a homologação as armas e munições destinados a venda, aquisição, cedência, detenção, importação, exportação e transferência.
2 - Para efeitos de homologação de armas e munições, o interessado submete requerimento ao director nacional da PSP, sendo o processo instruído com a descrição técnica pormenorizada da arma e munições e com catálogo fotográfico, em modelo e condições a definir por despacho do director nacional da PSP.
3 - É proibida a importação, exportação, transferência e comércio, em território nacional, de armas e munições não homologadas.
Artigo 12.º
Classificação das licenças de uso e porte de arma ou detenção
1 - De acordo com a classificação das armas constante do artigo 3.º, os fins a que as mesmas se destinam, bem como a justificação da sua necessidade, podem ser concedidas pelo director nacional da PSP as seguintes licenças de uso e porte ou detenção:
a) Licença B, para o uso e porte de armas das classes B e E;
b) Licença B1, para o uso e porte de armas das classes B1 e E;
c) Licença C, para o uso e porte de armas das classes C, D e E;
d) Licença D, para o uso e porte de armas das classes D e E;
e) Licença E, para o uso e porte de armas das classes E;
f) Licença F, para a detenção, uso e porte de armas da classe F;
g) Licença de detenção de arma no domicílio, para a detenção de armas das classes B, B1, C, D e F e uso e porte de arma da classe E;
h) Licença especial para o uso e porte de armas das classes B, B1 e E.
2 - Às situações de isenção ou dispensa de licença legalmente previstas são correspondentemente aplicáveis as obrigações previstas para os titulares de licença.
3 - O uso e porte de arma por quem desempenha actividades profissionais que o exijam, que não as desempenhadas pelas Forças Armadas e Forças e Serviços de Segurança, é regulado por despacho do director nacional da PSP.
Artigo 13.º
Licença B
1 - Sem prejuízo das situações de isenção ou dispensa, a licença B pode ser concedida ao requerente que faça prova da cessação do direito que lhe permitiu o uso e porte de arma da classe B, pelo menos durante um período de quatro anos.
2 - A licença não é concedida se a cessação do direito que permitiu ao requerente o uso e porte de arma ocorreu em resultado da aplicação de pena disciplinar de demissão, de aposentação compulsiva, bem como de aposentação por incapacidade psíquica ou física impeditiva do uso e porte da mesma.
3 - Os pedidos de concessão de licenças de uso e porte de arma da classe B são formulados através de requerimento do qual conste o nome completo do requerente, número do bilhete de identidade, data e local de emissão, data de nascimento, profissão, estado civil, naturalidade, nacionalidade e domicílio, bem como a justificação da pretensão.
Artigo 14.º
Licença B1
1 - A licença B1 pode ser concedida a maiores de 18 anos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:
a) Se encontrem em pleno uso de todos os direitos civis;
b) Demonstrem carecer da licença por razões profissionais ou por circunstâncias de defesa pessoal ou de propriedade;
c) Sejam idóneos;
d) Sejam portadores de certificado médico;
e) Sejam portadores do certificado de aprovação para o uso e porte de armas de fogo.
2 - Sem prejuízo do disposto no artigo 30.º da Constituição e do número seguinte, para efeitos da apreciação do requisito constante na alínea c) do número anterior, é susceptível de indiciar falta de idoneidade para efeitos de concessão da licença o facto de ao requerente ter sido aplicada medida de segurança ou condenação judicial pela prática de crime.


3 - No decurso do período anterior à verificação do cancelamento definitivo da inscrição no registo criminal das decisões judiciais em que o requerente foi condenado, pode ser-lhe reconhecida a idoneidade para os fins pretendidos, pelo tribunal da última condenação, mediante parecer fundamentado homologado pelo juiz, elaborado pelo magistrado do Ministério Público que para o efeito procede à audição do requerente, e determina, se necessário, a recolha de outros elementos tidos por pertinentes para a sua formulação.
4 - Os pedidos de concessão de licenças de uso e porte de arma da classe B1 são formulados através de requerimento do qual conste o nome completo do requerente, número do bilhete de identidade, data e local de emissão, data de nascimento, profissão, estado civil, naturalidade, nacionalidade e domicílio, bem como a justificação da pretensão.
5 - O requerimento referido no número anterior deve ser acompanhado do certificado de aprovação para o uso e porte de armas de fogo da classe B1.
Artigo 15.º
Licenças C e D
1 - As licenças C e D podem ser concedidas a maiores de 18 anos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:
a) Se encontrem em pleno uso de todos os direitos civis;
b) Demonstrem carecer da licença para a prática de actos venatórios de caça maior ou menor, para as licenças C ou D, respectivamente, e se encontrem habilitados com carta de caçador com arma de fogo;
c) Demonstrem carecer da licença para a prática de actos venatórios de caça maior ou menor, para as licenças C ou D, respectivamente, e se encontrem habilitados com carta de caçador com arma de fogo ou demonstrem fundamentadamente carecer da licença por motivos profissionais;
d) Sejam idóneos;
e) Sejam portadores de certificado médico;
f) Sejam portadores do certificado de aprovação para o uso e porte de armas de fogo.
2 - A apreciação da idoneidade do requerente é feita nos termos do disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 14.º
3 - Os pedidos de concessão de licenças de uso e porte de arma das classes C e D são formulados através de requerimento do qual conste o nome completo do requerente, número do bilhete de identidade, data e local de emissão, data de nascimento, profissão, estado civil, naturalidade, nacionalidade e domicílio.
4 - O requerimento deve ser acompanhado do certificado de aprovação para o uso e porte de armas de fogo da classe C ou D.
5 - Sem prejuízo do disposto no n.º 1, aos menores de 18 anos e maiores de 16 anos pode ser autorizado o uso e porte de armas da Classe D, para a prática de actos venatórios de caça maior ou menor, desde que devidamente acompanhados por quem exerce o poder paternal, e na condição de que este é o proprietário da arma utilizada pelo menor.
Artigo 16.º
Licença E
1 - A licença E pode ser concedida a maiores de 18 anos que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:
a) Se encontrem em pleno uso de todos os direitos civis;
b) Demonstrem justificadamente carecer da licença;
c) Sejam idóneos;
d) Sejam portadores de certificado médico.


2 - A apreciação da idoneidade do requerente é feita nos termos do disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 14.º
3 - Os pedidos de concessão de licenças de uso e porte de arma da classe E são formulados através de requerimento do qual conste o nome completo do requerente, número do bilhete de identidade, data e local de emissão, data de nascimento, profissão, estado civil, naturalidade, nacionalidade e domicílio, bem como a justificação da pretensão.

Artigo 17.º
Licença F
1 - A licença F é concedida a maiores de 18 anos, que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:
a) Se encontrem em pleno uso de todos os direitos civis;
b) Demonstrem carecer da licença para a prática desportiva de artes marciais, sendo atletas federados, práticas recreativas em propriedade privada e coleccionismo de réplicas e armas de fogo inutilizadas para fins de ornamentação;
c) Sejam idóneos;
d) Sejam portadores de certificado médico.
2 - A apreciação da idoneidade do requerente é feita nos termos do disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 14.º
3 - Os pedidos de concessão de licenças de uso e porte de arma da classe F são formulados através de requerimento do qual conste o nome completo do requerente, número do bilhete de identidade, data e local de emissão, data de nascimento, profissão, estado civil, naturalidade, nacionalidade e domicílio, bem como a justificação da pretensão.
4 - Por despacho do director nacional da PSP, a solicitação do interessado, através de quem exerça o poder paternal, pode ser permitida a aquisição, a detenção, o uso e o porte das armas indicadas na alínea a) do n.º 8 do artigo 3.º a menores de 18 anos e maiores de 14 anos.
Artigo 18.º
Licença de detenção de arma no domicílio
1 - A licença de detenção de arma no domicílio é concedida a maiores de 18 anos, exclusivamente para efeitos de detenção de armas na sua residência, nos seguintes casos:
a) Quando a licença de uso e porte de arma tiver cessado, por vontade expressa do seu titular, ou caducado e este não opte pela transmissão da arma abrangida;
b) Quando o direito de uso e porte de arma tiver cessado e o seu detentor não opte pela transmissão da arma abrangida;
c) Quando as armas tenham sido adquiridas por sucessão mortis causa e o seu valor venal, artístico ou estimativo o justifique.
2 - Os pedidos de concessão de licenças de detenção de arma no domicílio são formulados através de requerimento do qual conste o nome completo do requerente, número do bilhete de identidade, data e local de emissão, data de nascimento, profissão, estado civil, naturalidade e domicílio, bem como a justificação da pretensão.
3 - Em caso algum a detenção das armas pode ser acompanhada de munições para as mesmas.
4 - Se a classe em que as armas se encontram classificadas obrigar à existência no domicílio de cofre ou armário de segurança não portáteis, a atribuição da licença de detenção fica dependente da demonstração da sua existência, sendo aplicável o disposto na alínea e) do n.º 2 do artigo 30.º



5 - A licença de detenção domiciliária não pode ser concedida nos seguintes casos:
a) Quando a licença de uso e porte tiver sido cassada;
b) Quando o direito de uso e porte de arma tiver cessado pelas razões constantes do n.º 2 do artigo 13.º;
c) Quando o requerente não reúna, cumulativamente, os requisitos constantes da alíneas a), c) e d) do n.º 1 do artigo 14.º
6 - A apreciação da idoneidade do requerente é feita nos termos do disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 14.º
7 - Verificada alguma das circunstâncias referidas no n.º 5, tem o detentor das armas 180 dias para promover a transmissão das mesmas, sob pena de serem declaradas perdidas a favor do Estado.
Artigo 19.º
Licença especial
1 - Podem ser concedidas licenças especiais para o uso e porte de arma das classes B e B1 quando solicitadas pelo Presidente da República, pelo Presidente da Assembleia da República e pelos ministros, para afectação a funcionários ao seu serviço.
2 - A licença especial concedida nos termos do número anterior caduca após 5 anos ou com a cessação de funções, caso o prazo de validade não tenha sido esgotado, podendo, em casos justificados, ser atribuída licença de uso e porte de arma da classe B ou B1, nos termos do disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 13.º


Artigo 19.º- A
Licença para menores
Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 15º, aos menores de 18 anos e maiores de 16 anos pode ser autorizado o uso e porte de armas da classe D, para a prática de actos venatórios de caça maior ou menor, desde que devidamente acompanhados no mesmo acto cinegético, por quem exerce o poder paternal, e na condição de que este é o proprietário da arma utilizada pelo menor e titular da licença correspondente.
Artigo 20.º
Recusa de concessão
Para além da não verificação dos requisitos exigidos na presente lei para a concessão da licença pretendida, pode o pedido ser recusado, nomeadamente, quando tiver sido determinada a cassação da licença ao requerente, não forem considerados relevantes os motivos justificativos da pretensão ou não se considerem adequados para os fins requeridos.
SECÇÃO II
Cursos de formação e de actualização, exames e certificados
Artigo 21.º
Cursos de formação
1 - Os cursos de formação técnica e cívica para o uso e porte de armas de fogo das classes B1, C, D e E no que se refere às armas eléctricas e aerossóis de defesa e para o exercício de actividade de armeiro são ministrados pela PSP ou por entidades por si credenciadas para o efeito.
2 - A frequência, com aproveitamento, dos cursos de formação para o uso e porte de armas de fogo confere ao formando um certificado com especificação da classe de armas a que se destina.
Artigo 22.º
Cursos de actualização
1 - Os titulares de licenças B1 devem submeter-se, em cada cinco anos, a um curso de actualização técnica e cívica para o uso e porte de armas de fogo, ministrado nos termos do artigo anterior.
2 - Os titulares de licenças C e D devem submeter-se, em cada dez anos, a um curso de actualização técnica e cívica para o uso e porte de armas de fogo, ministrado nos termos do artigo anterior.
Artigo 23.º
Exame médico
O exame médico, com incidência física e psíquica, destina-se a certificar se o requerente está apto, ou apto com restrições, à detenção, uso e porte de arma, bem como se está na posse de todas as suas faculdades psíquicas, sem historial clínico que deixe suspeitar poder vir a atentar contra a sua integridade física ou de terceiros.
Artigo 24.º
Frequência dos cursos de formação para portadores de arma
A inscrição e a frequência no curso de formação para portadores de arma ou para o exercício da actividade de armeiro dependem de prévia autorização da PSP mediante avaliação do cumprimento dos requisitos legais para a concessão da licença.
Artigo 25.º
Exames de aptidão
1 - Concluídos os cursos de formação têm lugar exames de aptidão.
2 - Os exames serão realizados em data e local a fixar pela PSP e compreendem uma prova teórica e uma prática.
3 - Os júris de exame são constituídos por três membros a designar pelo director nacional da PSP, podendo integrar representantes do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, nos casos de atribuição de licenças para uso e porte de armas das classes C e D.
Artigo 26.º
Certificado de aprovação
1 - O certificado de aprovação para o uso e porte de armas é o documento emitido pelo director nacional da PSP, atribuído ao candidato que tenha obtido a classificação de apto nas provas teórica e prática do exame de aptidão, comprovando que o examinado pode vir a obter licença para o uso e porte de armas da classe a que o mesmo se destina.
2 - O deferimento do pedido de inscrição e frequência no curso de formação bem como a aprovação no exame de aptidão não conferem quaisquer direitos ao requerente quanto à concessão da licença.
SECÇÃO III
Renovação e caducidade das licenças
Artigo 27.º
Validade das licenças
1 - As licenças de uso e porte ou de detenção de arma são emitidas por um período de tempo determinado e podem ser renovadas a pedido do interessado.
2 - Em caso algum são atribuídas licenças vitalícias.
3 - As licenças de uso e porte de arma das classes B, B1, C e D e a licença especial concedida ao abrigo do artigo 19.º são válidas por um período de cinco anos.
4 - As licenças de uso e porte de arma das classes E e F são válidas por um período de seis anos.
5 - As licenças de detenção de arma no domicílio são válidas por um período de 10 anos.



Artigo 28.º
Renovação da licença de uso e porte de arma
1 - A renovação da licença de uso e porte de arma deve ser requerida até 60 dias antes do termo do seu prazo e depende da verificação, à data do pedido, dos requisitos exigidos para a sua concessão.
2 - O requisito de frequência do curso de formação técnica e cívica para o uso e porte de arma da classe respectiva é substituído por prova da frequência do curso de actualização correspondente, previsto no artigo 22.º, sempre que exigível.
Artigo 29.º
Caducidade e não renovação da licença
1 - Nos casos em que se verifique a caducidade das licenças, o respectivo titular tem o prazo de 180 dias para promover a sua renovação ou proceder à transmissão das respectivas armas.
2 - Nos casos em que não seja autorizada a renovação da licença, deve o interessado entregar a respectiva arma na PSP, acompanhada dos documentos inerentes, no prazo de 15 dias após a notificação da decisão, sob pena de incorrer em crime de desobediência qualificada.
3 - No prazo fixado no número anterior, pode o interessado proceder à transmissão da arma, remetendo à PSP o respectivo comprovativo.


CAPÍTULO III
Aquisição de armas e munições
SECÇÃO I
Autorizações de aquisição e declarações de compra e venda ou doação de armas
Artigo 30.º
Autorização de aquisição
1 - A autorização de aquisição é o documento emitido pela PSP que permite ao seu titular a aquisição, a título oneroso ou gratuito, de arma da classe a que o mesmo se refere.
2 - O requerimento a solicitar a autorização de aquisição deve conter:
a) A identificação completa do comprador ou donatário;
b) O número e o tipo de licença de que é titular ou o número do alvará da entidade que exerce a actividade;
c) Identificação da marca, modelo, tipo e calibre;
d) Declaração, sob compromisso de honra, de possuir no seu domicílio ou instalações, respectivamente, um cofre ou armário de segurança não portáteis, ou casa-forte ou fortificada, bem como referência à existência de menores no domicílio, se os houver;
e) Autorização para a PSP verificar a existência das condições de segurança para a guarda das armas.
3 - A verificação das condições de segurança por parte da PSP leva sempre em consideração a existência ou não de menores no domicílio do requerente, podendo a autorização de aquisição ser condicionada à realização de alterações nas mesmas.
4 - A autorização de aquisição tem o prazo de validade de 60 dias e dela devem constar os elementos referidos nas alíneas a), b) e c) do n.º 2.
5 - [Revogado].
Artigo 31.º
Declarações de compra e venda ou doação
1 - A declaração de compra e venda ou doação é o documento do qual consta a identificação completa do vendedor ou doador e do comprador ou donatário, tipo e número das licenças ou alvarás, data, identificação da marca, modelo, tipo, calibre, capacidade ou voltagem da arma, conforme os casos, e número de fabrico, se o tiver.
2 - A declaração referida no número anterior é feita em triplicado, sendo o original para a PSP, o duplicado para o comprador ou donatário e o triplicado para o vendedor ou doador.
3 - O vendedor ou doador remete o original da declaração para a PSP, bem como o livrete de manifesto, no prazo máximo de 15 dias, para efeitos de emissão de livrete de manifesto, do registo da arma e da sua propriedade, conforme os casos.
Artigo 32.º
Limites de detenção e guarda
1 - Aos titulares das licenças B e B1 só é permitida a detenção até duas armas da classe respectiva, sendo a sua guarda feita em cofre não portátil.
2 - Ao titular da licença C só é permitida a detenção até cinco armas de fogo desta classe, sendo a sua guarda feita em cofre não portátil, ou casa-forte ou fortificada para a guarda das mesmas, devidamente verificada pela PSP, sempre que possua mais de três armas desta classe.
3 - Ao titular da licença D só é permitida a detenção até cinco armas de fogo desta classe, sendo a sua guarda feita em cofre ou armário de segurança não portáteis, devidamente verificada pela PSP, sempre que possua mais de três armas desta classe.
4 - Ao titular de licença de detenção de arma no domicílio só é permitida a detenção até cinco armas de fogo, sendo a sua guarda feita em cofre ou armário de segurança não portáteis, devidamente verificada pela PSP.

5 - Independentemente do número de armas detidas ao abrigo das licenças referidas nos números anteriores, sempre que o titular detiver no total mais de 25 armas de fogo está obrigado a ter casa-forte ou fortificada para a guarda das mesmas, devidamente verificada pela PSP.
6 - Podem ser ultrapassados os limites indicados nos n.ºs 2, 3 e 4, mediante autorização especial do director nacional da PSP, por solicitação devidamente fundamentada do interessado.
SECÇÃO II
Aquisição de munições
Artigo 33.º
Livro de registo de munições para as armas das classes B e B1
1 - O livro de registo de munições é concedido com o livrete de manifesto das armas das classes B e B1.
2 - O livro de registo de munições destina-se a inscrever em campos próprios as datas e quantidades de munições adquiridas e disparadas, dele devendo constar o nome do titular, número do livrete de manifesto da arma e seu calibre.
3 - Cada compra de munições efectuada deve ser registada no livro e certificada e datada pelo armeiro.
4 - Cada disparo ou conjunto de disparos efectuados pelo proprietário em carreira de tiro deve ser registado no livro e certificado e datado pelo responsável da carreira.
5 - O livro de registo de munições pode ser substituído no quadro da implementação de um registo informático centralizado na PSP de todas as aquisições e gastos de munições que inclua a atribuição e gestão de um cartão electrónico com código de identificação secreto.

Artigo 34.º
Posse e aquisição de munições para as armas das classes B e B1
1 - O proprietário de uma arma das classes B e B1 não pode, em momento algum, ter em seu poder mais de 250 munições por cada uma das referidas classes.
2 - A aquisição de munições depende da apresentação do livrete de manifesto da arma, licença de uso e porte de arma, do livro de registo de munições e de prova da identidade do titular da licença.
Artigo 35.º
Aquisição de munições para as armas das classes C e D
1 - A compra e venda de munições para as armas das classes C e D é livre, mediante prova da identidade do comprador, exibição do livrete de manifesto da respectiva arma, licença de uso e porte de arma e factura discriminada das munições vendidas.
2 - Aos titulares das licenças C e D não é permitida a detenção de mais de 1000 munições para armas da classe D ou de mais de 250 munições para armas da classe C, salvo por autorização especial do director nacional da PSP, mediante requerimento fundamentado do interessado.
3 - A legislação regulamentar da presente lei define as medidas necessárias para a implementação de meios de registo electrónico e gestão centralizada na PSP de todas as aquisições.
Artigo 36.º
Recarga e componentes de recarga
1 - A recarga de munições é permitida aos titulares de licença C e D, não podendo ultrapassar as cargas propulsoras indicadas pelos fabricantes.
2 - Só é permitida a venda de equipamentos e componentes de recarga a quem apresentar as licenças referidas no número anterior.

3 - As munições provenientes de recarga não podem ser vendidas ou cedidas e só podem ser utilizadas na prática de actos venatórios, treinos ou provas desportivas.
SECÇÃO III
Aquisição por sucessão mortis causa e cedência por empréstimo
Artigo 37.º
Aquisição por sucessão mortis causa
1 - A aquisição por sucessão mortis causa de qualquer arma manifestada é permitida mediante autorização do director nacional da PSP.
2 - O director nacional da PSP pode autorizar que a arma fique averbada em nome do cabeça-de-casal até se proceder à partilha dos bens do autor da herança, sendo neste caso obrigatório o depósito da arma à guarda da PSP.
3 - Caso o cabeça-de-casal ou outro herdeiro reúna as condições legais para a detenção da arma, pode ser solicitado averbamento em seu nome, ficando a mesma à sua guarda.
4 - A pedido do cabeça-de-casal, pode a arma ser transmitida a quem reunir condições para a sua detenção, sendo o adquirente escolhido pelo interessado, ou pode ser vendida em leilão que a PSP promova, sendo o valor da adjudicação, deduzido dos encargos, entregue à herança.
5 - Finda a partilha, a arma será entregue ao herdeiro beneficiário, desde que este reúna as condições legais para a sua detenção.
6 - Decorridos 10 anos sem que haja reclamação do bem, será o mesmo declarado perdido a favor do Estado.



Artigo 38.º
Cedência a título de empréstimo
1 - Podem ser objecto de cedência, a título de empréstimo, as armas das classes C e D, desde que destinadas ao exercício de prática venatória, nas condições definidas na legislação regulamentar da presente lei.
2 - O empréstimo deve ser formalizado mediante documento escrito, elaborado em triplicado, emitido pelo proprietário e por este datado e assinado, sendo certificado pela PSP, que arquiva o original, devendo o duplicado ser guardado pelo proprietário e o triplicado acompanhar a arma.
3 - Não é permitido o empréstimo por mais de 180 dias, excepto se for a museu.
4 - O empréstimo legal da arma exime o proprietário da responsabilidade civil inerente aos danos por aquela causados.
CAPÍTULO IV
Normas de conduta de portadores de armas
SECÇÃO I
Obrigações comuns
Artigo 39.º
Obrigações gerais
1 - Os portadores de qualquer arma obrigam-se a cumprir as disposições legais constantes da presente lei e seus regulamentos, bem como as normas regulamentares de qualquer natureza relativas ao porte de armas no interior de edifícios públicos, e as indicações das autoridades competentes relativas à detenção, guarda, transporte, uso e porte das mesmas.


2 - Os portadores de armas estão, nomeadamente, obrigados a:
a) Apresentar as armas, bem como a respectiva documentação, sempre que solicitado pelas autoridades competentes;
b) Declarar, de imediato e por qualquer meio, às autoridades policiais o extravio, furto ou roubo das armas, bem como o extravio, furto, roubo ou destruição do livrete de manifesto ou da licença de uso e porte de arma;
c) Não exibir ou empunhar armas sem que exista manifesta justificação para tal;
d) Disparar as armas unicamente em carreiras ou campos de tiro ou no exercício de actos venatórios, actos de gestão cinegética, actividades de carácter venatório, nomeadamente o treino de caça em áreas específicas para o efeito , em campos de treino de caça, em provas desportivas ou práticas recreativas em propriedades rústicas privadas com condições de segurança para o efeito;
e) Comunicar de imediato às autoridades policiais situações em que tenham recorrido às armas por circunstâncias de defesa pessoal ou de propriedade;
f) Comunicar às autoridades policiais qualquer tipo de acidente ocorrido;
g) Não emprestar ou ceder as armas, a qualquer título, fora das circunstâncias previstas na presente lei;
h) Dar uma utilização às armas de acordo com a justificação da pretensão declarada aquando do seu licenciamento;
i) Manter válido e eficaz o contrato de seguro relativo à sua responsabilidade civil, quando a isso esteja obrigado nos termos da presente lei.


Artigo 40.º
Segurança das armas
Os portadores de armas são permanentemente responsáveis pela segurança das mesmas, no domicílio ou fora dele, e devem tomar todas as precauções necessárias para prevenir o seu extravio, furto ou roubo, bem como a ocorrência de acidentes.
SECÇÃO II
Uso de armas de fogo, eléctricas e aerossóis de defesa
Artigo 41.º
Uso, porte e transporte
1 - O uso, porte e transporte das armas de fogo deve ser especialmente disciplinado e seguir rigorosamente as regras e procedimentos de segurança.
2 - A arma de fogo curta deve ser portada em condições de segurança, em coldre ou estojo próprio para o seu porte, com dispositivo de segurança, que impeça a sua queda voluntária, extravio ou furto, sem qualquer munição introduzida na câmara de explosão da mesma, com excepção dos revólveres.
3 - A arma de fogo curta ou longa deve ser transportada de forma separada das respectivas munições, com cadeado de gatilho ou mecanismo que impossibilite o seu uso ou desmontada de forma a que não seja facilmente utilizável, em bolsa ou estojo adequados para o modelo em questão, com adequadas condições de segurança.
4 - O porte de arma de fogo, armas eléctricas, aerossóis de defesa e munições nas zonas restritas de segurança dos aeroportos e a bordo de uma aeronave carece de autorização da autoridade competente, sendo o seu transporte a bordo de aeronaves, como carga, sujeito ao disposto na Convenção da Aviação Civil Internacional.


Artigo 42.º
Uso de armas de fogo
1 - Considera-se uso excepcional de arma de fogo a sua utilização efectiva nas seguintes circunstâncias:
a) Como último meio de defesa, para fazer cessar ou repelir uma agressão actual e ilícita dirigida contra o próprio ou terceiros, quando exista perigo iminente de morte ou ofensa grave à integridade física e quando essa defesa não possa ser garantida por agentes da autoridade do Estado, devendo o disparo ser precedido de advertência verbal ou de disparo de advertência e em caso algum podendo visar zona letal do corpo humano;
b) Como último meio de defesa, para fazer cessar ou repelir uma agressão actual e ilícita dirigida contra o património do próprio ou de terceiro e quando essa defesa não possa ser garantida por agentes da autoridade do Estado, devendo os disparos ser exclusivamente de advertência.
2 - Considera-se uso não excepcional de arma de fogo:
a) O exercício da prática desportiva ou de actos venatórios, actos de gestão cinegética e actividades de carácter venatório, nomeadamente o treino de caça em áreas específicas para o efeito;
b) Como meio de alarme ou pedido de socorro, numa situação de emergência, quando outros meios não possam ser utilizados com a mesma finalidade;
c) Como meio de repelir uma agressão iminente ou em execução, perpetrada por animal susceptível de fazer perigar a vida ou a integridade física do próprio ou de terceiros, quando essa defesa não possa ser garantida por outra forma.


Artigo 43.º
Segurança no domicílio
1 - O portador que se separe fisicamente da arma de fogo deve colocá-la no interior de um cofre ou armário de segurança não portáteis, sempre que exigidos e com cadeado ou mecanismo que impossibilite o uso da mesma.
2 - O cofre ou armário referidos no número anterior podem ser substituídos por casa-forte ou fortificada.
Artigo 44.º
Armas eléctricas, aerossóis de defesa e outras armas de letalidade reduzida
1 - O uso de arma eléctrica, aerossóis de defesa e outras armas não letais deve ser precedido de aviso explícito quanto à sua natureza e intenção da sua utilização, aplicando-se, com as devidas adaptações, as limitações definidas no artigo 42.º
2 - Estas armas ou dispositivos devem ser transportados em bolsa própria para o efeito, com o dispositivo de segurança accionado, e ser guardados no domicílio em local seguro.
SECÇÃO III
Proibição de uso e porte de arma
Artigo 45.º
Ingestão de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias
1 - É proibida a detenção ou o porte de arma sob a influência de álcool ou de outras substâncias estupefacientes ou psicotrópicas, sendo o portador de arma, por ordem de autoridade policial competente, obrigado, sob pena de incorrer em crime de desobediência qualificada, a submeter-se a provas para a sua detecção.

2 - Entende-se estar sob o efeito do álcool quem apresentar uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 0,50 g/l.
3 - As provas referidas no n.º 1 compreendem exames de pesquisa de álcool no ar expirado, análise de sangue e outros exames médicos adequados.
Artigo 46.º
Fiscalização
1 - O exame de pesquisa de álcool no ar expirado é efectuado por qualquer autoridade ou agente de autoridade, mediante o recurso a aparelho aprovado.
2 - Sempre que o resultado do exame for positivo, o agente de autoridade deve notificar o examinado por escrito do respectivo resultado e sanções daí decorrentes e ainda da possibilidade de este requerer de imediato a realização de contraprova por análise do sangue.
3 - Se a suspeita se reportar à existência de substâncias estupefacientes ou outras, o exame é feito mediante análise ao sangue ou outros exames médicos, devendo o suspeito ser conduzido pelo agente de autoridade ao estabelecimento de saúde mais próximo dotado de meios que permitam a sua realização.
4 - A recolha do sangue para efeitos dos números anteriores deve efectuar-se no prazo máximo de duas horas e é realizada em estabelecimento de saúde oficial ou, no caso de contraprova de exame que já consistiu em análise do sangue, noutro estabelecimento de saúde, público ou privado, indicado pelo examinado, desde que a sua localização e horário de funcionamento permitam a sua efectivação no prazo referido.
5 - Para efeitos da fiscalização prevista neste artigo, as autoridades policiais podem utilizar os aparelhos e outros meios homologados ao abrigo do Código da Estrada e legislação complementar.

CAPÍTULO V
Armeiros
SECÇÃO I
Tipos de alvarás, sua atribuição e cassação
Artigo 47.º
Concessão de alvarás
Por despacho do director nacional da PSP, podem ser concedidos alvarás de armeiro para o exercício da actividade de fabrico, compra e venda ou reparação de armas das classes B, B1, C, D, E, F e G e suas munições, para efeitos cénicos ou cinematográficos e para venda e leilão de armas quando destinadas a colecção.
Artigo 48.º
Tipos de alvarás
1 - Tendo em consideração a actividade pretendida e as condições de segurança das instalações, são atribuídos os seguintes tipos de alvarás:
a) Alvará de armeiro do tipo 1, para o fabrico, montagem e reparação de armas de armas de fogo e suas munições;
b) Alvará de armeiro do tipo 2, para a compra e venda e reparação de armas das classes B, B1, C, D, E, F e G e suas munições;
c) Alvará de armeiro do tipo 3, para a compra e venda e reparação de armas das classes E, F e G e suas munições.
d) Alvará de armeiro do tipo 4, para efeitos cénicos e cinematográficos;
e) Alvará de armeiro do tipo 5, para venda e leilão de armas destinadas a colecção.
2 - Os alvarás podem ser requeridos por quem reúna, cumulativamente, as seguintes condições:
a) Seja maior de 18 anos;
b) Se encontre em pleno uso de todos os direitos civis;
c) Seja idóneo;
d) Seja portador do certificado de aprovação para o exercício da actividade de armeiro ou, tratando-se de pessoa colectiva, possua um responsável técnico que preencha os requisitos das alíneas a) a e);
e) Seja portador de certificado médico;
f) Seja possuidor de instalações comerciais ou industriais devidamente licenciadas e que observem as condições de segurança fixadas para actividade pretendida.
3 - Quando o requerente for uma pessoa colectiva, os requisitos mencionados nas alíneas a), b), c) e e) do número anterior têm de se verificar relativamente a todos os sócios e gerentes ou aos cinco maiores accionistas ou administradores, conforme os casos.
4 - A apreciação da idoneidade do requerente é feita nos termos do disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 14.º
5 - O alvará de armeiro é concedido por um período de cinco anos, renovável, ficando a sua renovação condicionada à verificação das condições exigidas para a sua concessão, não sendo contudo exigido o certificado previsto na alínea d) do n.º 2.
6 - O alvará de armeiro só é concedido depois de verificadas as condições de segurança das instalações, bem como da comprovada capacidade que os requerentes possuem para o exercício da actividade, podendo a PSP, para o efeito, solicitar parecer às associações da classe.
7 - Os requisitos fixados no n.º 2 são de verificação obrigatória para as pessoas singulares ou colectivas provenientes de Estados membros da União Europeia ou de países terceiros.

8 - Para os efeitos previstos no número anterior, pode a Direcção Nacional da PSP proceder à equiparação de certificações emitidas por Estados terceiros para o exercício da actividade de armeiro a que corresponda alvará do tipo 1, sem prejuízo da aplicabilidade de eventuais tratados ou acordos de que Portugal seja, no presente domínio, parte celebrante ou aderente.
9 - Aos elementos das forças e serviços de segurança e das Forças Armadas, quando no activo, é interdito o exercício da actividade de armeiro.
10 - Os titulares de alvará de armeiro só podem exercer a sua actividade em estabelecimentos licenciados para o efeito, de acordo com as regras de segurança definidas, cingindo a sua actividade às armas, munições e equipamentos previstos na presente lei.
Artigo 49.º
Cedência do alvará
O alvará de armeiro só pode ser cedido a pessoa singular ou colectiva que reúna iguais condições às do seu titular para o exercício da actividade, ficando a sua cedência dependente de autorização do director nacional da PSP.
Artigo 50.º
Cassação do alvará
1 - O director nacional da PSP pode determinar a cassação do alvará de armeiro nos seguintes casos:
a) Incumprimento das disposições legais fixadas para a prática da actividade;
b) Alteração dos pressupostos em que se baseou a concessão do alvará;
c) Por razões de segurança e ordem pública.
2 - A cassação do alvará é precedida de um processo de inquérito, instruído pela PSP com todos os documentos atinentes ao fundamento da cassação relativos à infracção e com outros elementos que se revelem necessários.
3 - O armeiro a quem for cassado o alvará deve encerrar a instalação no prazo de quarenta e oito horas após a notificação da decisão, sob pena de incorrer em crime de desobediência qualificada, sem prejuízo de a PSP optar por outro procedimento, nomeadamente o imediato encerramento e selagem preventiva das instalações.
Artigo 50.º- A
Comércio electrónico
O comércio electrónico de armas e suas munições, materiais e equipamentos, licenciados ao abrigo do presente regime jurídico é proibido.
SECÇÃO II
Obrigações dos armeiros, registos e mapas
Artigo 51.º
Obrigações especiais dos armeiros quanto à actividade
1 - Os titulares de alvará de armeiro, para além de outras obrigações decorrentes da presente lei, estão, especialmente, obrigados a:
a) Exercer a actividade de acordo com o seu alvará e com as normas legais;
b) Manter actualizados os registos obrigatórios;
c) Enviar à PSP cópia dos registos obrigatórios;
d) Observar com rigor todas as normas de segurança a que está sujeita a actividade;
e) Facultar aos serviços de fiscalização da PSP, sempre que por estes solicitado, o acesso aos registos de armas e munições, bem como a conferência das armas e munições em existência;
f) Apresentar as armas transferidas de outro Estado membro, bem como a respectiva documentação, sempre que solicitado pelas autoridades competentes.

2 - Os armeiros estão, especialmente, obrigados a registar diariamente os seguintes actos:
a) Importação, exportação e transferência de armas;
b) Importação, exportação e transferência de munições;
c) Compra de armas;
d) Venda de armas;
e) Compra e venda de munições;
f) Fabrico e montagem de armas;
g) Reparação de armas;
h) Existências de armas e munições.
3 - Em cada um dos registos referidos nas alíneas do número anterior são escrituradas, separadamente, as armas e munições por classes, indicando-se o seu fabricante, número, modelo, calibre, data e entidade com quem se efectuou a transacção, respectiva licença ou alvará, bem como o número da autorização de compra, quando exigida.
4 - Os registos são efectuados em livros ou suporte informático e devem existir em todos os locais de fabrico, compra e venda ou reparação de armas e suas munições.
5 - Nos armazéns que o armeiro possua só é obrigatório o registo referido na alínea h) do n.º 2.
6 - O armeiro remete à PSP, até ao dia 5 de cada mês, uma cópia dos registos obrigatórios.
7 - Os registos devem ser mantidos por um período de 20 anos.
Artigo 52.º
Obrigações especiais dos armeiros na venda ao público
1 - A venda ao público de armas de fogo e suas munições só pode ser efectuada por pessoas devidamente habilitadas para o efeito, com domínio da língua portuguesa.
2 - Cabe aos armeiros ou aos seus trabalhadores verificar a identidade do comprador, a existência das licenças habilitantes, confirmar e explicar as características e efeitos da arma e munições vendidas, bem como as regras de segurança aplicáveis.
3 - O armeiro e os seus trabalhadores devem recusar a venda de arma ou munições sempre que o comprador apresente sinais notórios de embriaguez, perturbação psíquica, consumo de estupefacientes ou ingestão de qualquer substância que lhe afecte o comportamento.
SECÇÃO III
Obrigações dos armeiros no fabrico, montagem e reparação de armas
Artigo 53.º
Marca de origem
1 - O titular de alvará do tipo 1 é obrigado a gravar nas armas por ele produzidas o seu nome ou marca, modelo, país de origem, o ano e o número de série de fabrico e a apresentar, de seguida, as mesmas à PSP para efeitos de exame.
2 - As armas de fogo produzidas em Portugal devem ter inscrito um punção de origem e uma marca aposta por um banco oficial de provas reconhecido por despacho do Ministro da Administração Interna.
Artigo 54.º
Manifesto de armas
O manifesto das armas fabricadas ou montadas é sempre feito a favor dos armeiros habilitados com alvará do tipo 2 ou 3.



Artigo 55.º
Obrigações especiais dos armeiros na reparação de armas de fogo
1 - É proibida a reparação de armas de fogo que não estejam devidamente manifestadas e acompanhadas dos respectivos livretes de manifesto ou documento que os substitua.
2 - Quando da reparação de armas possa resultar eliminação de número de série de fabrico ou alteração das suas características, devem as armas ser, previamente, examinadas e marcadas pela PSP.
3 - As armas sem número de série de fabrico ficam sujeitas ao exame e marcação previstos no número anterior.
4 - Para efeitos de maior aptidão desportiva podem ser autorizadas pelo director nacional da PSP alterações nas armas exclusivamente utilizadas nessa actividade, sendo obrigatório o averbamento ao respectivo manifesto.
CAPÍTULO VI
Carreiras e campos de tiro
SECÇÃO I
Prática de tiro
Artigo 56.º
Locais permitidos
1 - Só é permitido efectuar disparos com armas de fogo em carreiras e campos de tiro devidamente autorizados ou no exercício de actos venatórios, actos de gestão cinegética e actividades de carácter venatório, nomeadamente o treino de caça em áreas específicas para o efeito, em campos de treino de caça, em provas desportivas e em práticas recreativas em propriedades rústicas privadas com condições de segurança para o efeito.

2 - Ficam excluídos do âmbito da presente lei as carreiras e campos de tiro para uso militar ou policial, estejam ou não afectos à prática de tiro desportivo.
SECÇÃO II
Atribuição de alvarás, sua cedência e cassação
Artigo 57.º
Competência
1 - O licenciamento das carreiras e campos de tiro depende de alvará concedido pelo director nacional da PSP.
2 - A criação de carreiras e campos de tiro em propriedades rústicas, com área adequada para o efeito, para uso restrito do proprietário, depende de licença concedida pela PSP.
3 - Ficam excluídos do disposto no n.º 1 as carreiras e campos de tiro da iniciativa do Instituto do Desporto de Portugal, desde que se encontrem asseguradas as condições de segurança.
Artigo 58.º
Concessão de alvarás
As pessoas singulares ou colectivas que pretendam instalar carreiras ou campos de tiro devem requerer ao director nacional da PSP a atribuição do respectivo alvará e licenciamento do local, observando-se, na parte aplicável, o disposto nos n.ºs 2 e seguintes do artigo 48.º
Artigo 59.º
Cedência e cassação do alvará
São aplicáveis à cedência e à cassação dos alvarás para a exploração e gestão de carreiras e campos de tiro as disposições constantes dos artigos 49.º e 50.º

CAPÍTULO VII
Importação, exportação, transferência e cartão europeu de arma de fogo
SECÇÃO I
Importação e exportação de armas e munições
Artigo 60.º
Autorização prévia à importação e exportação
1 - A importação e a exportação de armas, partes essenciais de armas de fogo, munições e seus componentes, cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças estão sujeitas a prévia autorização do director nacional da PSP.
2 - A autorização pode ser concedida:
a) Ao titular do alvará de armeiro, de acordo com a actividade exercida;
b) Ao titular de licença B, ou isento nos termos da lei, para armas de fogo da classe B;
c) Ao titular de licença B1, C, D, E ou F, para armas da classe permitida pela respectiva licença.
3 - Em cada ano apenas é concedida autorização de importação de uma arma aos titulares das licenças B, B1,C, D, E e F, ou que delas estejam isentos.
4 - Os cidadãos nacionais regressados de países terceiros após ausência superior a um ano e os estrangeiros oriundos desses países que pretendam fixar residência em território nacional podem ser autorizados a importar as suas armas das classes B, B1, C, D, E, F ou G e respectivas munições, ficando contudo sujeitos à prova da respectiva licença de uso e porte ou detenção.

5 - A autorização prevista no número anterior pode, em casos devidamente fundamentados, ser concedida, pelo director nacional da PSP, a nacionais regressados de países terceiros antes de decorrido um ano.
6 - O requerimento, acompanhado pelo certificado de utilizador final quando a arma se destine à exportação, indica o tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico, demais características da arma e a indicação de a arma ter sido sujeita ao controlo de conformidade.
7 - Previamente à concessão da autorização de exportação a PSP solicita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros parecer relativo ao cumprimento pelo país de destino dos critérios previstos no Código de Conduta da União Europeia sobre exportação de armas.
8 - O parecer previsto no número anterior é vinculativo e enviado à PSP no prazo de 10 dias após o pedido.
9 - Só podem ser admitidas em território nacional as armas homologadas por despacho do director nacional PSP.
Artigo 61.º
Procedimento para a concessão da autorização prévia
1 - Do requerimento da autorização de importação devem constar o número e a data do alvará, a licença dos requerentes, a descrição dos artigos a importar, a sua proveniência, características e quantidades, o nome dos fabricantes e revendedores, bem como a indicação de as armas terem sido sujeitas ao controlo de conformidade.
2 - A autorização é válida pelo prazo de 180 dias, prorrogável por um único período de 30 dias.
3 - A autorização é provisória, convertendo-se em definitiva após peritagem a efectuar pela PSP.
4 - O disposto nos números anteriores é aplicável, com as devidas adaptações, à autorização de exportação sempre que o director nacional da PSP o considere necessário.
Artigo 62.º
Autorização prévia para a importação e exportação temporária
1 - O director nacional da PSP pode emitir autorização prévia para a importação ou exportação temporária de armas destinadas à prática venatória, competições desportivas ou feiras de coleccionadores, reconhecidas pelas respectivas federações ou associações, a requerimento dos seus proprietários ou dos organismos que promovem aquelas iniciativas,
2 - O director nacional da PSP pode igualmente emitir autorização prévia para a importação ou exportação temporária de armas e munições destinadas a integrar mostruários e demonstrações, a pedido de agentes comerciais e de representantes de fábricas nacionais ou estrangeiras, devidamente credenciadas pela PSP.
3 - Da autorização constam o tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico e demais características da arma e suas quantidades, o prazo de permanência ou ausência do País, bem como, se for caso disso, as regras de segurança a observar.
4 - [Revogado].
Artigo 63.º
Peritagem
1 - A peritagem efectua-se num prazo máximo de cinco dias após a sua solicitação e destina-se a verificar se os artigos declarados para importação, e se for caso disso para exportação, estão em conformidade com o previsto na presente lei.


2 - A peritagem só pode ser efectuada após o importador ou exportador fornecer os dados que não tenham sido apresentados pelo fabricante no momento do pedido de autorização prévia, relativos às armas, às partes essenciais de armas de fogo, às munições, aos cartuchos ou invólucros com fulminantes ou só fulminantes.
3 - A abertura dos volumes com armas, partes essenciais, munições, invólucros com fulminantes ou só fulminantes só pode ser efectuada nas estâncias alfandegárias na presença de perito da PSP, mediante a apresentação da declaração aduaneira acompanhada de todos os documentos exigidos, prontos para a verificação.
4 - A peritagem a que se refere o número anterior é feita conjuntamente com a Direcção-Geral de Armamento e Equipamentos de Defesa sempre que se trate de armas, munições ou acessórios cuja característica dual, civil e militar as torne enquadráveis nas seguintes normas do artigo 3.º
a) Alíneas a) a c), q) e r) do n.º 2;
b) N.º 3;
c) Alíneas a) a c) do n.º 5, apenas no que respeita a armas semiautomáticas e de repetição;
d) Alínea a) do n.º 6, apenas quanto a armas semiautomáticas.
5 - Quando, na sequência da peritagem referida no número anterior, as armas, munições e acessórios sejam classificados como confundíveis com armamento militar, o processo de atribuição das autorizações para importação, exportação, transferência, trânsito e transbordo é encerrado, as armas são devolvidas à origem e o respectivo processo de notificação internacional segue o disposto na legislação própria aplicável, no âmbito do Ministério da Defesa Nacional.


Artigo 64.º
Procedimentos aduaneiros
1 - A importação e a exportação de armas, partes essenciais de armas de fogo, munições e seus componentes, cartuchos e seus componentes, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças efectuam-se nas estâncias aduaneiras de Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada e Funchal da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre Consumo.
2 - A declaração aduaneira de importação ou de exportação depende da apresentação da autorização de importação ou de exportação concedida pela PSP e processa-se com observância da regulamentação aduaneira aplicável, sem prejuízo do disposto na presente lei.
3 - A autorização de importação é arquivada na instância aduaneira de processamento da declaração aduaneira.
4 - A declaração aduaneira de importação ou de exportação é comunicada à PSP nos 15 dias seguintes à respectiva ultimação.
Artigo 65.º
Não regularização da situação aduaneira
1 - Na ausência de prévia autorização de importação ou de exportação, as armas, munições e partes essenciais de armas de fogo, invólucros com fulminantes ou só fulminantes ficam depositados em local a determinar pela PSP ou pelo chefe da estância aduaneira, se esta reunir condições de segurança adequadas, sendo o proprietário notificado de que as armas e munições ou outros artigos serão perdidos a favor do Estado se não for regularizada a sua situação no prazo de 180 dias.


2 - Para efeitos de declaração de perda a favor do Estado ou de leilão, as estâncias aduaneiras lavram auto de entrega à PSP dos artigos originários de países terceiros indicando a classificação pautal e a taxa de recursos próprios comunitários e de outras imposições devidas na importação, nos termos da legislação comunitária e nacional.
3 - As importâncias a cobrar a título de recursos próprios comunitários e de outras imposições devidas na importação, ainda que os artigos tenham um destino que não seja a venda, são remetidas à DGAIEC.
Artigo 66.º
Despacho de armas para diplomatas e acompanhantes de missões oficiais
1 - A entrada no território nacional e a saída deste de armas de fogo e munições das missões acreditadas junto do Estado Português, ou outras de carácter diplomático contempladas por acordos entre os Estados, são dispensadas de formalidades alfandegárias.
2 - A entrada e circulação em território nacional e a saída deste de armas de fogo e munições para uso, porte e transporte por elementos de forças e serviços de segurança de outros Estados, em missão oficial em Portugal ou em trânsito de ou para países terceiros, carecem de autorização do director nacional da PSP, estando dispensadas de formalidades alfandegárias.
SECÇÃO II
Transferência
Artigo 67.º
Transferência de Portugal para os Estados membros
1 - A expedição ou transferência de armas, partes essenciais de armas de fogo e seus componentes, munições e cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças de Portugal para os Estados membros da União Europeia depende de autorização, nos termos dos números seguintes.
2 - O requerimento a solicitar a autorização é dirigido ao director nacional da PSP e deve conter:
a) A identidade do comprador ou cessionário;
b) O nome e apelidos, a data e lugar de nascimento, a residência e o número do documento de identificação, bem como a data de emissão e indicação da autoridade que tiver emitido os documentos, tratando-se de pessoa singular;
c) A denominação e a sede social, bem como os elementos de identificação referidos na alínea anterior relativamente ao seu representante, tratando-se de pessoa colectiva;
d) O endereço do local para onde são enviadas ou transportadas as armas;
e) O número de armas que integram o envio ou o transporte;
f) O tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico e demais características da arma, bem como a indicação de as armas terem sido sujeitas ao controlo das conformidade;
g) O meio de transferência;
h) A data de saída e a data estimada da chegada das armas.
3 - O requerimento a que se refere o número anterior deve ser acompanhado do acordo prévio emitido pelo Estado membro do destino das armas, quando exigido.
4 - A PSP verifica as condições em que se realiza a transferência com o objectivo de determinar se garante as condições de segurança da mesma.
5 - Cumpridos os requisitos dos números anteriores, é emitida uma autorização de transferência, por despacho do director nacional da PSP, de onde constem todos os dados exigidos no n.º 2 do presente artigo.

6 - A autorização de transferência deve acompanhar a arma ou armas até ao ponto de destino e deve ser apresentada, sempre que solicitada, às autoridades dos Estados membros da União Europeia de trânsito ou de destino.
Artigo 68.º
Transferência dos Estados membros para Portugal
1 - A admissão ou entrada e a circulação de armas, partes essenciais de armas de fogo e seus componentes, munições e cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças procedentes de outros Estados.
2 - A autorização é concedida por despacho do director nacional da PSP, observado o disposto na presente lei, mediante requerimento do interessado, instruído com os elementos referidos na alínea f) do n.º 2 do artigo anterior.
3 - As armas que entrem ou circulem em Portugal devem estar acompanhadas da autorização expedida pelas autoridades competentes do país de procedência.
4 - Cumpridos os requisitos dos números anteriores e após verificação por perito da PSP das características das armas, partes essenciais de armas de fogo e suas munições, invólucros com fulminante ou só fulminante de onde constem os elementos referidos no n.º 2 do artigo anterior, é emitida uma autorização de transferência definitiva, por despacho do director nacional da PSP.
5 - Por razões de segurança interna, o Ministro da Administração Interna pode autorizar a transferência de armas para Portugal com isenção das formalidades previstas nos números anteriores, devendo comunicar a lista das armas objecto de isenção às autoridades dos restantes Estados membros da União Europeia.
6 - Só podem ser admitidas em território nacional as armas homologadas por despacho do director nacional da PSP.
Artigo 68.º-A
Transferência temporária
1 - O director nacional da PSP pode autorizar previamente a transferência temporária de armas destinadas a práticas venatórias, competições desportivas ou feiras de coleccionadores, reconhecidas pelas respectivas federações ou associações, a requerimento dos seus proprietários ou dos organismos que promovem essas iniciativas.
2 - O director nacional da PSP pode igualmente emitir autorização prévia para a transferência temporária de armas e munições destinadas a integrar mostruários e demonstrações, a pedido de agentes comerciais e de representantes de fábricas nacionais ou estrangeiras, devidamente credenciadas pela PSP.
3 - Da autorização constam o tipo, a marca, o modelo, o calibre, o número de série de fabrico e demais características da arma e suas quantidades, o prazo de permanência ou ausência do país, bem como as regras de segurança a observar.
4 - A autorização prevista no n.º 1 é dispensada aos titulares do cartão europeu de arma de fogo, desde que nele estejam averbadas as armas transferidas.
Artigo 69.º
Comunicações
1 - A PSP envia toda a informação pertinente de que disponha sobre transferências definitivas de armas às correspondentes autoridades dos Estados membros da União Europeia para onde se realize a transferência.
2 - Sempre que o Estado Português esteja vinculado por acordo ou tratado internacional à notificação de países terceiros relativa à exportação de armas, a PSP faz as comunicações necessárias à entidade que nos termos das obrigações assumidas for competente para o efeito.
SECÇÃO III
Cartão europeu de arma de fogo
Artigo 70.º
Cartão europeu de arma de fogo
1 - O cartão europeu de arma de fogo é o documento que habilita o seu titular a deter uma ou mais armas de fogo em qualquer Estado membro da União Europeia desde que autorizado pelo Estado membro de destino.
2 - O cartão europeu de arma de fogo é concedido pelo director nacional da PSP e é válido pelo período de cinco anos, prorrogável por iguais períodos, desde que se verifiquem os requisitos que levaram à sua emissão.
3 - Os pedidos de concessão do cartão europeu de arma de fogo são instruídos com os seguintes documentos:
a) Requerimento a solicitar a concessão de onde conste a identificação completa do requerente, nomeadamente estado civil, idade, profissão, naturalidade, nacionalidade e domicílio;
b) Duas fotografias do requerente a cores e em tamanho tipo passe;
c) Cópia da licença ou licenças de uso e porte de armas de fogo ou prova da sua isenção;
d) Cópia dos livretes de manifesto de armas que pretende averbar;
e) Cópia do bilhete de identidade ou passaporte.
4 - O director nacional da PSP pode determinar a todo o tempo a apreensão do cartão europeu de arma de fogo por motivos de segurança e ordem pública de especial relevo.
5 - São averbadas as armas de propriedade do requerente, bem como o seu extravio ou furto.
Artigo 71.º
Vistos
1 - A autorização referida no n.º 1 do artigo anterior reveste a forma de visto prévio e deve ser requerida à PSP quando Portugal for o Estado de destino.
2 - O visto prévio a que se refere o número anterior não é exigido para o exercício de prática venatória ou desportiva, desde que comprovado o motivo da deslocação, nomeadamente, mediante a apresentação de um convite ou de outro documento que prove a prática das actividades de caça ou de tiro desportivo no Estado-Membro de destino.
CAPÍTULO VIII
Manifesto
SECÇÃO I
Marcação e registo
Artigo 72.º
Competência
Compete à PSP a organização e manutenção do cadastro e fiscalização das armas classificadas no artigo 3.º e suas munições.
Artigo 73.º
Manifesto
1 - O manifesto das armas das classes B, B1, C e D e das previstas na alínea c) do n.º 7 do artigo 3.º é obrigatório, resulta da sua importação, transferência, fabrico, apresentação voluntária ou aquisição e faz-se em função das respectivas características, classificando-as de acordo com o disposto no artigo 3.º
2 - A cada arma manifestada corresponde um livrete de manifesto, a emitir pela PSP.
3 - A emissão do livrete fica condicionada à realização de um tiro de teste, nos termos previstos em legislação própria.
4 - Do livrete de manifesto consta o número e data de emissão, classe da arma, marca, calibre, número de fabrico, número de canos e identificação do seu proprietário.
5 - Em caso de extravio ou inutilização do livrete, é concedida uma segunda via depois de organizado o respectivo processo justificativo.
Artigo 74.º
Numeração e marcação
1 - As armas que não estejam marcadas com o número de série de fabrico, nome ou marca e origem, calibre e modelo não podem ser admitidas em território nacional.
2 - As armas que não estejam marcadas com o número de série de fabrico, nome ou marca e origem, calibre e modelo, já se encontrem em território nacional e tenham sido adquiridas por sucessão mortis causa ou como objecto de colecção são numeradas, marcadas e submetidas a punção pela PSP.
3 - Sendo armas de colecção, a marcação deve ser efectuada de molde a não diminuir o seu valor.
4 - As munições produzidas, comercializadas e utilizadas em Portugal têm de ser marcadas, de forma a identificar o fabricante, o número de identificação do lote, o calibre e o tipo de munição, em conformidade com as regras a estabelecer por despacho do director nacional da PSP.
Artigo 75.º
Factos sujeitos a registo
1 - O extravio, furto, roubo e transmissão de armas ficam sujeitos a registo na PSP.
2 - As armas que se inutilizem por completo são entregues na PSP com o respectivo livrete de manifesto e livro de registo de munições, se o tiver.

CAPÍTULO IX
Disposições comuns
Artigo 76.º
Exercício da actividade de armeiro e de gestão de carreiras e campos de tiro
1 - A constituição de pessoas colectivas sob a forma de sociedade anónima cujo objecto social consista, total ou parcialmente, no exercício da actividade de armeiro ou na exploração e gestão de carreiras e campos de tiro obriga a que todas as acções representativas do seu capital social sejam nominativas.
2 - Independentemente do tipo de pessoa colectiva cujo objecto social consista, total ou parcialmente, no exercício da actividade de armeiro ou de exploração e gestão de carreiras e campos de tiro, qualquer transmissão das suas participações sociais deve ser sempre autorizada pelo director nacional da PSP, sendo exigido ao novo titular a verificação dos requisitos legais para o exercício da actividade.
Artigo 77.º
Responsabilidade civil e seguro obrigatório
1 - Os titulares de licenças e de alvarás previstos na presente lei ou aqueles a quem a respectiva lei orgânica ou estatuto profissional atribui ou dispensa da licença de uso e porte de arma são civilmente responsáveis, independentemente da sua culpa, por danos causados a terceiros em consequência da utilização das armas de fogo que detenham ou do exercício da sua actividade.
2 - A violação grosseira de norma de conduta referente à guarda e transporte das armas de fogo determina sempre a responsabilização solidária do seu proprietário pelos danos causados a terceiros pelo uso, legítimo ou não, que às mesmas venha a ser dado.

3 - Com excepção dos titulares de licenças E ou de licença especial, quando a arma não for da sua propriedade, é obrigatória a celebração de contrato de seguro de responsabilidade civil com empresa seguradora mediante o qual seja transferida a sua responsabilidade até um capital mínimo a definir em portaria conjunta dos Ministros das Finanças e da Administração Interna.
4 - A celebração de contrato de seguro de responsabilidade civil para a prática de actos venatórios não dispensa o contrato referido no número anterior, excepto se a apólice respectiva o contemplar.
5 - Se o segurado for titular de mais de uma licença só está obrigado a um único seguro de responsabilidade civil.
6 - Os titulares de licenças e de alvarás previstos na presente lei ou aqueles a quem a respectiva lei orgânica ou estatuto profissional atribuiu ou dispensa da licença de uso e porte de arma, deverão fazer prova, a qualquer momento e em sede de fiscalização, da existência de seguro válido.
Artigo 78.º
Armas declaradas perdidas a favor do Estado
Sem prejuízo do disposto em legislação especial, todas as armas declaradas perdidas a favor do Estado são entregues à guarda da PSP, que promoverá o seu destino.
Artigo 79.º
Leilões de armas apreendidas
1 - Anualmente, a Direcção Nacional da PSP organiza, pelo menos, uma venda em leilão das armas que tenham sido declaradas perdidas a favor do Estado, apreendidas ou achadas e que se encontrem em condições de serem colocadas no comércio.
2 - Podem licitar em leilões de armas:
a) Os legalmente isentos de licença de uso e porte de arma;
b) Os titulares de licença de uso e porte de arma adequada à classe da peça em leilão, desde que preencham as condições legalmente exigidas para detenção da arma em causa;
c) Armeiros detentores de alvarás dos tipos 2 e 3, consoante a classe das peças presentes a leilão;
d) Os titulares de licença de coleccionador e as associações de coleccionadores com museu, correndo o processo de emissão de autorização de compra posteriormente à licitação, se necessário.
3 - Sob requisição da Direcção Nacional da PSP ou das entidades públicas responsáveis por laboratórios de perícia científica e balística, podem ser retiradas de qualquer venda armas com interesse científico para o estudo e investigação, sendo-lhes afectas gratuitamente.
4 - As regras de funcionamento, obrigações, requisitos de concessão e das taxas a cobrar pela emissão dos alvarás de armeiro tipo 4 e 5 são estabelecidos por portaria do Ministro da Administração Interna.
Artigo 80.º
Armas apreendidas
1 - Todas as armas apreendidas à ordem de processos criminais ficam na disponibilidade da autoridade judiciária até decisão definitiva que sobre a mesma recair.
2 - As armas são depositadas nas instalações da PSP, da Guarda Nacional Republicana, ou unidade militar que melhor garanta a sua segurança e disponibilidade em todas as fases do processo, sem prejuízo do disposto em legislação especial aplicável aos órgãos de polícia criminal.
3 - Somente serão depositadas armas em instalações da Guarda Nacional Republicana se na área do tribunal que ordenou a apreensão não operar a PSP.

4 - Excepcionalmente, atenta a natureza da arma e a sua perigosidade, pode o juiz ordenar o seu depósito em unidade militar, com condições de segurança para o efeito, após indicação do Ministério da Defesa Nacional.
5 - Compete à PSP, manter, organizar e disponibilizar um ficheiro informático nacional de armas aprendidas, proceder à sua análise estatística e técnica e difundir informação às entidades nacionais e estrangeiras.
6 - Todas as entidades que procedam à apreensão de armas de fogo, independentemente do motivo que determinou a apreensão, comunicam a sua apreensão à PSP, para efeitos de centralização e tratamento de informação, de acordo com as regras a estabelecer por despacho dos membros do Governo competentes.
Artigo 81.º
Publicidade
Não é permitida a publicidade a armas, suas características e aptidões, excepto em publicações da especialidade, feiras de armas, feiras de caça, provas desportivas de tiro e, relativamente a armas longas, feiras agrícolas.
Artigo 82.º
Entrega obrigatória de arma achada
1 - Quem achar arma de fogo está obrigado a entregar de imediato a mesma às autoridades policiais, mediante recibo de entrega.
2 - Com a entrega deve ser lavrado termo de justificação da posse, contendo todas as circunstâncias de tempo e lugar em que o achado ocorreu.
3 - Todas as armas entregues devem ser objecto de análise e perícia balística, a efectuar pelo departamento competente da Polícia Judiciária.
4 - O achado, logo que disponibilizado pelas autoridades, se for susceptível de comércio, será objecto de venda em leilão, revertendo o produto da venda para o achador.
Artigo 83.º
Taxas devidas
1 - A apresentação de requerimentos, a concessão de licenças e de alvarás, e suas renovações, de autorizações, a realização de vistorias e exames, os manifestos e todos os actos sujeitos a despacho, previstos na presente lei, estão dependentes do pagamento por parte do interessado de uma taxa de valor a fixar por portaria do ministro que tutele a administração interna, sujeita a actualização anual, tendo em conta o índice médio de preços junto do consumidor oficialmente publicado e referente ao ano imediatamente anterior.
2 - O disposto na presente lei não prejudica as isenções previstas na lei.
3 - O produto das taxas previstas no n.º 1 reverte a favor da PSP.
4 - Para os efeitos do disposto no n.º 1, podem ser utilizados meios electrónicos de pagamento, nas condições e prazos constantes da legislação regulamentar da presente lei.
5 - A falta de pagamento voluntário das quantias devidas nos termos do n.º 1 determina a suspensão automática de toda e qualquer autorização prevista na presente lei.
Artigo 84.º
Delegação de competências
1 - As competências atribuídas na presente lei ao director nacional da PSP podem ser delegadas e subdelegadas nos termos da lei.
2 - Compete ao director nacional da PSP a emissão de instruções técnicas destinadas a estabelecer procedimentos operativos no âmbito do regime jurídico das armas e munições.


Artigo 85.º
Isenção
O disposto na presente lei relativamente ao certificado de aprovação para o uso e porte de armas de fogo não é aplicável aos requerentes que, pela sua experiência profissional no seio das Forças Armadas e das forças e serviços de segurança, tenham adquirido instrução própria no uso e manejo de armas de fogo que seja considerada adequada e bastante em certificado a emitir pelo comando ou direcção competente, nos termos da legislação regulamentar da presente lei.
CAPÍTULO X
Responsabilidade criminal e contra-ordenacional
SECÇÃO I
Responsabilidade criminal e crimes de perigo comum
Artigo 86.º
Detenção de arma proibida e crime cometido com arma
1 - Quem, sem se encontrar autorizado, fora das condições legais ou em contrário das prescrições da autoridade competente, detiver, transportar, importar, transferir, guardar, comprar, adquirir a qualquer título ou por qualquer meio ou obtiver por fabrico, transformação, importação, transferência ou exportação, usar ou trouxer consigo:
a) Equipamentos, meios militares e material de guerra, arma biológica, arma química, arma radioactiva ou susceptível de explosão nuclear, arma de fogo automática, explosivo civil, engenho explosivo ou incendiário improvisado é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos;


b) Produtos ou substâncias que se destinem ou possam destinar, total ou parcialmente, a serem utilizados para o desenvolvimento, produção, manuseamento, accionamento, manutenção, armazenamento ou proliferação de armas biológicas, armas químicas ou armas radioactivas ou susceptíveis de explosão, ou para o desenvolvimento, produção, manutenção ou armazenamento de engenhos susceptíveis de transportar essas armas, é punido com pena de prisão de 2 a 5 anos;
c) Arma das classes B, B1, C e D, espingarda ou carabina facilmente desmontável em componentes de reduzida dimensão com vista à sua dissimulação, espingarda não modificada de cano de alma lisa inferior a 46 cm, arma de fogo dissimulada sob a forma de outro objecto, ou arma de fogo transformada ou modificada, é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos ou com pena de multa até 600 dias;
d) Arma da classe E, arma branca dissimulada sob a forma de outro objecto, faca de abertura automática, estilete, faca de borboleta, faca de arremesso, estrela de lançar, boxers, outras armas brancas ou engenhos ou instrumentos sem aplicação definida que possam ser usados como arma de agressão e o seu portador não justifique a sua posse, aerossóis de defesa não constantes da alínea a) do n.º 7 artigo 3.º, armas lançadoras de gases, bastão eléctrico, armas eléctricas não constantes da alínea b) do n.º 7 do artigo 3.º, quaisquer engenhos ou instrumentos construídos exclusivamente com o fim de serem utilizados como arma de agressão, silenciador, partes essenciais da arma de fogo, munições, bem como munições com os respectivos projécteis expansivos, perfurantes, explosivos ou incendiários, é punido com pena de prisão até 4 anos ou com pena de multa até 480 dias.
2 - A detenção de arma não registada ou manifestada, quando obrigatório, constitui, para efeitos do número anterior, detenção de arma fora das condições legais.
3 - As penas aplicáveis a crimes cometidos com arma são agravadas de um terço nos seus limites mínimo e máximo, excepto se o porte ou uso de arma for elemento do respectivo tipo de crime ou a lei já previr agravação mais elevada para o crime, em função do uso ou porte de arma.
4 - Para os efeitos previstos no número anterior, considera-se que o crime é cometido com arma quando qualquer comparticipante traga, no momento do crime, arma aparente ou oculta prevista nas alíneas a) a d) do n.º 1, mesmo que se encontre autorizado ou dentro das condições legais ou prescrições da autoridade competente.
5 - Em caso algum pode ser excedido o limite máximo de 25 anos da pena de prisão.
Artigo 87.º
Tráfico e mediação de armas
1 - Quem, sem se encontrar autorizado, fora das condições legais ou em contrário das prescrições da autoridade competente, vender, ceder a qualquer título ou por qualquer meio distribuir, mediar uma transacção ou, com intenção de transmitir a sua detenção, posse ou propriedade, adoptar algum dos comportamentos previstos no artigo anterior, envolvendo quaisquer equipamentos, meios militares e material de guerra, armas, engenhos, instrumentos, mecanismos, munições, substâncias ou produtos aí referidos, é punido com uma pena de 2 a 10 anos de prisão.
2 - A pena referida no n.º 1 é de 4 a 12 anos de prisão se:
a) O agente for funcionário incumbido da prevenção ou repressão de alguma das actividades ilícitas previstas neste diploma; ou
b) Aquela coisa ou coisas se destinarem, com o conhecimento do agente, a grupos, organizações ou associações criminosas; ou
c) O agente fizer daquelas condutas modo de vida.
3 - A pena pode ser especialmente atenuada ou não ter lugar a sua punição se o agente abandonar voluntariamente a sua actividade, afastar ou fizer diminuir consideravelmente o perigo por ela provocado, impedir que o resultado que a lei quer evitar se verifique ou auxiliar concretamente na recolha das provas decisivas para a identificação ou a captura de outros responsáveis.


Artigo 88.º
Uso e porte de arma sob efeito de álcool e substâncias estupefacientes ou psicotrópicas
1 - Quem, pelo menos por negligência, detiver, transportar, usar ou portar arma com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 g/l é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 360 dias.
2 - Na mesma pena incorre quem, pelo menos por negligência, detiver, transportar, usar ou portar arma não estando em condições de o fazer com segurança, por se encontrar sob a influência de substâncias estupefacientes ou psicotrópicas ou produtos com efeito análogo perturbadores da aptidão física, mental ou psicológica.
Artigo 89.º
Detenção de armas e outros dispositivos, produtos ou substâncias em locais proibidos
Quem, sem estar especificamente autorizado por legítimo motivo de serviço ou pela autoridade legalmente competente, transportar, detiver, usar, distribuir ou for portador, em recintos desportivos ou religiosos, em zona de exclusão, em estabelecimentos ou locais onde decorra manifestação cívica ou política, bem como em estabelecimentos ou locais de diversão, feiras e mercados, qualquer das armas previstas no n.º 1 do artigo 2.º, bem como quaisquer munições, engenhos, instrumentos, mecanismos, produtos ou substâncias referidos no artigo 86.º, é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.


SECÇÃO II
Penas acessórias e medidas de segurança
Artigo 90.º
Interdição de detenção, uso e porte de armas
1 - Pode incorrer na interdição temporária de detenção, uso e porte de arma ou armas quem for condenado pela prática de crime previsto na presente lei ou pela prática, a título doloso ou negligente, de crime em cuja preparação ou execução tenha sido relevante a utilização ou disponibilidade sobre a arma.
2 - O período de interdição tem o limite mínimo de um ano e o máximo igual ao limite superior da moldura penal do crime em causa, não contando para este efeito o tempo em que a ou as armas, licenças e outros documentos tenham estado apreendidos à ordem do processo ou em que o condenado tenha estado sujeito a medida de coacção ou de pena ou execução de medida de segurança.
3 - A interdição implica a proibição de detenção, uso e porte de armas, designadamente para efeitos pessoais, funcionais ou laborais, desportivos, venatórios ou outros, bem como de concessão ou renovação de licença, cartão europeu de arma de fogo ou de autorização de aquisição de arma de fogo durante o período de interdição, devendo o condenado fazer entrega da ou das armas, licenças e demais documentação no posto ou unidade policial da área da sua residência no prazo de 15 dias contados do trânsito em julgado.
4 - A interdição é decretada independentemente de o condenado gozar de isenção ou dispensa de licença ou licença especial.
5 - A decisão de interdição é comunicada à PSP e, sendo caso disso, à entidade pública ou privada relevante no procedimento de atribuição da arma de fogo ou de quem o condenado dependa.


6 - O condenado que deixar de entregar a ou as armas no prazo referido no n.º 3 incorre em de crime de desobediência qualificada.
Artigo 91.º
Interdição de frequência, participação ou entrada em determinados locais
1 - Pode ser temporariamente interdita a frequência, participação ou entrada em estabelecimento de ensino, recinto desportivo, estabelecimentos ou locais de diversão, locais onde ocorra manifestação cultural, desportiva ou venatória, feira ou mercado, campo ou carreira de tiro, a quem for condenado:
a) Pela prática de crime previsto na presente lei praticado num dos locais referidos;
b) Pela prática de crime cometido num desses locais ou que se repercuta significativamente no mesmo e em cuja preparação ou execução tenha sido relevante uma arma.
2 - O período de interdição tem o período mínimo de um ano e máximo de cinco anos, não contando para o efeito o tempo em que o condenado esteja sujeito a medida de coacção ou em cumprimento de pena ou medida de segurança privativa da liberdade.
3 - A decisão de interdição é comunicada à PSP e à autoridade administrativa, federação desportiva, associação ou entidade pública ou privada que regule ou fiscalize o sector ou actividade ou organize o evento.
4 - O incumprimento faz incorrer o condenado em crime de desobediência qualificada.
5 - A decisão de interdição pode compreender a obrigação de apresentação do condenado no posto ou unidade policial da área da sua residência no dia ou dias de realização de feira, mercado ou evento desportivo, cultural ou venatório.

Artigo 92.º
Interdição de exercício de actividade
1 - Pode incorrer na interdição temporária de exercício de actividade o titular de alvará de armeiro ou de exploração de campo ou carreira de tiro que seja condenado, a título doloso e sob qualquer forma de participação, pela prática de crime cometido com grave desvio dos fins para que foi licenciado ou credenciado ou com grave violação dos deveres e regras que disciplinam o exercício da actividade.
2 - A interdição tem a duração mínima de 6 meses e máxima de 10 anos, não contando para este efeito o tempo em que o condenado tenha estado sujeito a medida de coacção ou em cumprimento de pena ou execução de medida de segurança privativas da liberdade.
3 - A interdição implica a proibição do exercício da actividade ou a prática de qualquer acto em que a mesma se traduza, bem como a concessão ou renovação de alvará, credenciação, licença ou autorização no período de interdição.
4 - O exercício da actividade ou a prática de actos em que a mesma de traduza durante o período de interdição faz incorrer em crime de desobediência qualificada.
5 - É aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 90.º
Artigo 93.º
Medidas de segurança
1 - Pode ser aplicada a medida de segurança de cassação de licença de detenção, uso e porte de armas ou de alvará a quem:
a) For condenado pela prática de crime previsto na presente lei, pela prática de qualquer um dos crimes referidos no n.º 2 do artigo 14.º ou por crime relacionado com armas de fogo ou cometido com violência contra pessoas ou bens;


b) For absolvido da prática dos crimes referidos na alínea anterior apenas por inimputabilidade, desde que a personalidade do agente e o facto praticado façam recear o cometimento de novos crimes que envolvam tais armas ou o agente se revele inapto para a detenção uso e porte das mesmas.
2 - A medida tem a duração mínima de 2 e máxima de 10 anos.
3 - A cassação implica a caducidade do ou dos títulos, a proibição de concessão de nova licença ou alvará ou de autorização de aquisição de arma pelo período de duração da medida e ainda a proibição de detenção, uso e porte de arma ou armas, designadamente para efeitos pessoais, funcionais ou laborais, desportivos, venatórios ou outros durante o mesmo período, devendo o arguido ou quem por ele for responsável fazer entrega de armas, licenças e demais documentação no posto ou unidade policial da área da sua residência no prazo de 15 dias contados do trânsito em julgado.
4 - É aplicável o disposto nos n.ºs 4 a 6 do artigo 90.º
Artigo 94.º
Perda da arma
1 - Sem prejuízo de ser declarada perdida a favor do Estado nos termos gerais, qualquer arma entregue na PSP, por força da aplicação ao condenado de uma pena acessória ou medida de segurança, pode ser vendida a quem reúna condições para as possuir.
2 - A venda, requerida pelo condenado, é efectuada pela PSP ao comprador indicado por aquele ou, caso não haja indicação de comprador no prazo de 180 dias contados da apresentação do requerimento, é levada a leilão nos termos do disposto no artigo 79.º, revertendo o produto da venda para o condenado, deduzidas as despesas e taxas aplicáveis, a fixar por portaria do ministro que tutela a administração interna.




Artigo 95.º
Responsabilidade penal das entidades colectivas e equiparadas
As pessoas colectivas e entidades equiparadas são responsáveis, nos termos gerais, pelos crimes previstos nos artigos 86.º e 87.º
Artigo 95.º-A
Detenção e prisão preventiva
1 - Há lugar à detenção em flagrante delito pelos crimes previstos nos artigos 86.º, 87.º e 89.º da presente lei e pelos crimes cometidos com arma, a qual se deve manter até o detido ser apresentado a audiência de julgamento sob a forma sumária ou a primeiro interrogatório judicial para eventual aplicação de medida de coacção ou de garantia patrimonial.
2 - Fora de flagrante delito, a detenção pelos crimes previstos no número anterior pode ser efectuada por mandado do juiz ou do Ministério Público.
3 - As autoridades de polícia criminal podem também ordenar a detenção fora de flagrante delito, por iniciativa própria, nos casos previstos na lei, e devem fazê-lo se houver perigo de continuação da actividade criminosa.
4 - É aplicável ao arguido a prisão preventiva quando houver fortes indícios da prática de crime doloso previsto no n.º 1, punível com pena de prisão de máximo superior a três anos, verificadas as demais condições de aplicação da medida.



SECÇÃO III
Responsabilidade contra-ordenacional
Artigo 97.º
Detenção ilegal de arma
Quem, sem se encontrar autorizado, fora das condições legais ou em contrário das prescrições da autoridade competente, detiver, transportar, importar, guardar, comprar, adquirir a qualquer título ou por qualquer meio ou obtiver por fabrico, transformação, importação ou exportação, usar ou trouxer consigo reprodução de arma de fogo, arma de alarme, munições de salva ou alarme ou armas das classes F e G, é punido com uma coima de € 600 a € 6000.
Artigo 98.º
Violação geral das normas de conduta e obrigações dos portadores de armas
Quem, sendo titular de licença, detiver, usar ou for portador, transportar arma fora das condições legais, afectar arma a actividade diversa da autorizada pelo director nacional da PSP ou em violação das normas de conduta previstas na presente lei é punido com uma coima de € 500 a € 5000.
Artigo 99.º
Violação específica de normas de conduta e outras obrigações
Quem não observar o disposto nas seguintes disposições:
a) No n.º 1 do artigo 28.º, no n.º 3 do artigo 31.º e no artigo 34.º, é punido com uma coima de € 250 a € 2500;
b) No n.º 5 do artigo 11.º, no n.º 3 do artigo 18.º, nos n.ºs 1 e 3 do artigo 38.º e no n.º 1 do artigo 56.º, é punido com uma coima de € 600 a € 6000;

c) Nos artigos 32.º, 33.º e 36.º, no n.º 1 do artigo 45.º e nos n.ºs 1 e 2 do artigo 53.º, é punido com uma coima de € 700 a € 7000.
d) d )A alteração das características das reproduções de armas de fogo para recreio é punido com coima de € 500 a €1000.
Artigo 100.º
Violação das normas para o exercício da actividade de armeiro
1 - Quem, sendo titular de alvará para o exercício das actividades de armeiro, se encontrar a exercer a actividade em violação das normas e regras legais para o exercício da actividade é punido com uma coima de € 1000 a € 20000.
2 - É punido com a coima referida no número anterior o armeiro que tenha estabelecimento de venda ao público e não observe as normas e deveres de conduta a que está obrigado bem como os seus funcionários.
Artigo 101.º
Exercício ilegal de actividades sujeitas a autorização
1 - Quem, sendo titular de alvará para a exploração de carreira ou campo de tiro, se encontrar a exercer a actividade em violação das normas e regras legais para o exercício da mesma é punido com uma coima de € 1000 a € 20000.
2 - Quem, não estando autorizado pelo director nacional da PSP, organizar manifestação teatral, cultural ou outra onde sejam utilizadas ou disparadas armas de fogo, mostra ou feira de armas, leilão ou outro tipo de iniciativa aberta ao público é punido com uma coima de € 1000 a € 20000.
Artigo 102.º
Publicidade ilícita
Quem efectuar publicidade a armas de fogo e quem a publicar, editar ou transmitir fora das condições previstas na presente lei é punido com uma coima de € 1000 a € 20000.
Artigo 103.º
Agravação
As coimas são agravadas nos seus limites mínimos e máximos para o triplo se o titular da licença ou alvará, o organizador ou promotor, for uma entidade colectiva ou equiparada, sendo responsáveis solidários pelo pagamento os seus sócios, gerentes, accionistas e administradores.
Artigo 104.º
Negligência e tentativa
1 - A negligência e a tentativa são puníveis.
2 - No caso de tentativa, as coimas previstas para a respectiva contra-ordenação são reduzidas para metade nos seus limites máximos e mínimos.
SECÇÃO IV
Regime subsidiário e competências
Artigo 105.º
Regime subsidiário
1 - Em matéria relativa à responsabilidade criminal ou contra-ordenacional é aplicável subsidiariamente o Código Penal, o Código de Processo Penal e o regime geral das contra-ordenações.
2 - O disposto no número anterior não prejudica a aplicação à matéria regulada na presente lei do regime relativo ao combate à criminalidade organizada e económico-financeira e demais legislação especial.
Artigo 106.º
Competências e produto das coimas
1 - A instrução dos processos de contra-ordenação compete à PSP.
2 - A aplicação das respectivas coimas compete ao director nacional, que pode delegar essa competência.
3 - O produto das coimas previstas neste diploma reverte na percentagem de 40% para o Estado, de 40% para a PSP e de 20% a repartir entre as demais entidades fiscalizadoras do cumprimento da presente lei.
SECÇÃO V
Apreensão de armas e cassação de licenças
Artigo 107.º
Apreensão de armas
1 - O agente ou autoridade policial procede à apreensão da ou das arma de fogo, munições e respectivas licenças e manifestos, ou de outras armas, quando:
a) Quem a detiver, portar ou transportar se encontrar sob influência do álcool, de estupefacientes, substâncias psicotrópicas ou produtos de efeito análogo, verificada nos termos da presente lei ou recusar a submeter-se a provas para sua detecção;
b) Houver indícios da prática pelo suspeito de crime de maus tratos a cônjuge, a quem com ele viva em condições análogas às dos cônjuges, a progenitor de descendente comum em 1.º grau, aos filhos, a pessoa menor ou particularmente indefesa em razão da idade, deficiência, doença ou gravidez e que esteja a seu cuidado, à sua guarda ou sob a sua responsabilidade de direcção ou educação e, perante a queixa, denúncia ou a constatação de flagrante, verificarem probabilidade na sua utilização.
c) Se encontrarem fora das condições legais ou em violação das prescrições da autoridade competente.

2 - A apreensão inclui a arma de fogo detida ao abrigo de isenção ou dispensa de licença ou de licença especial, bem como a arma de fogo que seja propriedade de entidade pública ou privada.
3 - Para além da transmissão da notícia do crime ao Ministério Público ou à PSP, em caso de contra-ordenação, a apreensão nos termos do número anterior é comunicada à respectiva entidade pública ou privada titular da arma, para efeitos de acção disciplinar e ou de restituição da arma, nos termos gerais.
4 - Em caso de manifesto estado de embriaguez ou de intoxicação por substâncias estupefacientes ou psicotrópicas de pessoa que detenha, use, porte ou transporte consigo arma de fogo, a arma pode ser retida por qualquer caçador ou atirador desportivo ou ainda por qualquer pessoa que o possa fazer em condições de segurança até à comparência de agente ou autoridade policial.
Artigo 108.º
Cassação das licenças
1 - Sem prejuízo da cassação de licenças por autoridade judiciária, o director nacional da PSP pode determinar a cassação das licenças nos casos em que:
a) O titular tenha sido condenado por qualquer crime;
b) O titular foi condenado pela prática de infracção no exercício de acto venatório, tendo-lhe sido interditado o direito de caçar ou cassada a respectiva autorização, ou cessou, por caducidade, a referida autorização;
c) O titular foi condenado por crime de maus tratos ao cônjuge ou a quem com ele viva em condições análogas, aos filhos ou a menores ao seu cuidado, ou pelo mesmo crime foi determinada a suspensão provisória do processo de inquérito;
d) Ao titular foi aplicada medida de coacção de obrigação de não contactar com determinadas pessoas ou não frequentar certos lugares ou certos meios;
e) Ao titular foi aplicada a medida de suspensão provisória do processo de inquérito mediante a imposição de idênticas injunções ou regras de conduta;
f) O titular utilizou a arma para fins não autorizados ou diferentes daqueles a que a mesma se destina ou violou as normas de conduta do portador de arma;
g) O titular tenha sido expulso de federação desportiva cuja actividade se relacione com o uso de armas;
h) O titular contribuiu com culpa para o furto ou extravio da arma;
i) O titular contribuiu com culpa, na guarda, segurança ou transporte da arma, para a criação de perigo ou verificação de acidente.
2 - Nos casos previstos no n.º 1 do artigo anterior é lavrado termo de cassação provisória que seguirá juntamente com o expediente resultante da notícia do crime ou da contra-ordenação para os serviços do Ministério Público ou para a PSP, respectivamente.
3 - Nos casos previstos nas alíneas f), g), h) e i) do n.º 1, a concessão de nova licença só é autorizada decorridos cinco anos após a cassação e implica sempre a verificação de todos os requisitos exigidos para a sua concessão.
4 - A Direcção-Geral das Florestas deve comunicar à Direcção Nacional da PSP, no prazo de 60 dias após a sua ocorrência, a cassação ou a caducidade da autorização para a prática de actos venatórios, bem como todas as interdições efectivas do direito de caçar de que tenha conhecimento.
5 - Para efeitos do disposto nas alíneas a), c), d) e e) do n.º 1, a cassação não ocorrerá se, observado o procedimento previsto no n.º 3 do artigo 14.º, instaurado pelo interessado até 30 dias após o trânsito em julgado da condenação, medida de coacção fixada ou da decisão da suspensão provisória do processo de inquérito, houver reconhecimento judicial da idoneidade do titular para a sua manutenção.

6 - Para efeitos do disposto nas alíneas f), g), h) e i) do n.º 1, a PSP instaura um processo de inquérito com todos os elementos atinentes ao fundamento da cassação relativos à infracção e outros considerados necessários.
7 - A cassação da licença implica a sua entrega na PSP, acompanhada da arma ou armas que a mesma autoriza e respectivos documentos inerentes, no prazo de 15 dias após a notificação do despacho, sob pena de cometimento de crime de desobediência qualificada.
8 - No prazo de 180 dias deve o proprietário promover a venda da arma, sob pena de ser declarada perdida a favor do Estado.
SECÇÃO VI
Operações especiais de prevenção criminal
Artigo 109.º
Reforço da eficácia da prevenção criminal
1 - As forças de segurança devem planear e levar a efeito, periodicamente, operações especiais de prevenção criminal em áreas geográficas delimitadas com a finalidade de controlar, detectar, localizar, prevenir a introdução, assegurar a remoção ou verificar a regularidade da situação de armas, seus componentes ou munições ou substâncias ou produtos a que se refere a presente lei, reduzindo o risco de prática de infracções previstas no presente capítulo, bem como de outras infracções que a estas se encontrem habitualmente associados ou ainda quando haja suspeita de que algum desses crimes possa ter sido cometido como forma de levar a cabo ou encobrir outros.
2 - A delimitação das áreas geográficas para a realização das operações especiais de prevenção pode abranger:
a) Pontos de controlo de acesso a locais em que constitui crime a detenção de armas, dispositivos, produtos ou substâncias enumeradas na presente lei;
b) Gares de transportes colectivos rodoviários, ferroviários ou fluviais, bem como no interior desses transportes, e ainda em portos, aeroportos, vias públicas ou outros locais públicos, e respectivos acessos, frequentados por pessoas que em razão de acções de vigilância, patrulhamento ou informação policial seja de admitir que se dediquem à prática das infracções previstas no n.º 1.
3 - As operações especiais de prevenção podem compreender, em função da necessidade, a identificação das pessoas que se encontrem na área geográfica onde têm lugar, bem como a revista de pessoas, de viaturas ou de equipamentos e, quando haja indícios da prática dos crimes previstos no n.º 1, risco de resistência ou de desobediência à autoridade pública ou ainda a necessidade de condução ao posto policial, por não ser possível a identificação suficiente, a realização de buscas no local onde se encontrem.
4 - Compete ainda à Polícia de Segurança Pública a verificação dos artigos previstos na presente lei e que se encontrem em trânsito nas zona internacionais, com a possibilidade de abertura de volumes e contentores, para avaliação do seu destino e proveniência.
Artigo 110.º
Desencadeamento e acompanhamento
1 - As operações especiais de prevenção são sempre comunicadas ao Ministério Público, através do procurador-geral distrital com competência territorial na área geográfica visada.
2 - A comunicação é feita, com antecedência adequada e especificação da delimitação geográfica e temporal das medidas previstas, pelo director nacional da PSP, pelo comandante-geral da GNR ou por ambos, caso se trate de operação conjunta.
3 - Sem prejuízo da autonomia técnica e táctica das forças de segurança, as operações podem ser acompanhadas, na modalidade tecnicamente disponível que se revele mais apropriada, por um magistrado, o qual será responsável pela prática dos actos de competência do Ministério Público que elas possam requerer.
4 - As operações podem prosseguir para além dos espaços geográfico e temporal determinados se os actos a levar a cabo forem decorrentes de outros iniciados no âmbito da delimitação inicial.
Artigo 111.º
Actos da exclusiva competência de juiz de instrução
1 - Quando no âmbito de uma operação especial de prevenção se torne necessário levar a cabo buscas domiciliárias ou outros actos da exclusiva competência de juiz de instrução, são adoptadas as medidas necessárias ao acompanhamento por parte deste magistrado, na modalidade tecnicamente disponível que se revele mais apropriada.
2 - Quando a operação deva ser desenvolvida em mais de uma comarca, intervém o juiz de instrução que, nos termos a lei, tenha competência no território da comarca em que a operação se inicie.
CAPÍTULO XI
Disposições transitórias e finais
SECÇÃO I
Regime transitório
Artigo 112.º
Armas manifestadas em países que estiveram sob a administração portuguesa
Os proprietários das armas manifestadas nos países que estiveram sob a administração portuguesa têm o prazo de 180 dias após a entrada em vigor da presente lei para substituir o documento de manifesto concedido pelas autoridades portuguesas de então pelo livrete de manifesto concedido pelo director nacional da PSP e livro de registo de munições.


Artigo 112.º-A
Reclassificação de armas
As armas que tenham sido licenciadas ao abrigo de outros regimes legais e que venham a ser reclassificadas, por despacho do director nacional da PSP, no âmbito da presente lei, só podem ser utilizadas para as actividades definidas no despacho de reclassificação
Artigo 113.º
Transição para o novo regime legal
1 - As licenças e autorizações de uso e porte de arma concedidas ao abrigo de legislação anterior são convertidas, quando da sua renovação, para as licenças agora previstas, nos seguintes termos:
a) Licença de uso e porte de arma de defesa transita para licença de uso e porte de arma B1;
b) Licença de uso e porte de arma de caça transita para licença de uso e porte de arma C ou D, conforme os casos;
c) Licença de uso e porte de arma de recreio de cano liso transita para licença de uso e porte de arma D;
d) Autorização de uso e porte de arma de defesa «modelo V» e «modelo V-A» transita para licença especial, aplicando-se as mesmas regras que a esta relativamente à caducidade e validade;
e) Para efeitos do disposto na alínea a) do n.º 3 do artigo 5.º, as referências existentes nas respectivas leis orgânicas ou estatutos profissionais a licença de uso e porte de arma de defesa entendem-se feitas para licença de uso e porte de arma de classe B.
2 - Os armeiros devidamente licenciados que se encontrem no exercício da actividade dispõem de um prazo de seis meses contados da data da entrada em vigor da presente lei para requerer a concessão de um alvará para o exercício da actividade pretendida no novo quadro legal.

3 - Os proprietários dos estabelecimentos que efectuem vendas de armas das classes G e F dispõem de um prazo de seis meses a contar da data da entrada em vigor da presente lei para requerer a concessão de um alvará do tipo 3 para a continuação do exercício da actividade.
Artigo 114.º
Detenção vitalícia de armas no domicílio
1 - Os possuidores de armas detidas ao abrigo de licenças de detenção domiciliária emitidas nos termos do disposto no 46.º do Regulamento aprovado pelo Decreto-Lei n.º 37313, de 21 de Fevereiro de 1949, mantêm o direito a deter essas armas nos termos anteriormente estabelecidos.
2 - Os possuidores de armas de ornamentação abrangidas pelo disposto no artigo 5.º do regulamento aprovado pelo Decreto-Lei n.º 37313, de 21 de Fevereiro de 1949, mantêm o direito de deter essas armas nos termos anteriormente estabelecidos.
3 - Os possuidores de armas de fogo manifestadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 328/76, de 6 de Maio, e que nos termos da presente lei devam ser consideradas armas da classe A mantêm o direito de deter essas armas, desde que comprovem junto da Direcção Nacional da PSP que são legítimos detentores e que dispõem das condições de segurança previstas na presente lei.
4 - Os possuidores de armas de fogo manifestadas e registadas ao abrigo do regime anterior como armas de defesa e que por força do presente diploma não sejam classificadas como armas da classe B1 mantêm o direito de deter, usar e portar essas armas, desde que comprovem junto da Direcção Nacional da PSP que são legítimos detentores e que dispõem das condições de segurança previstas na presente lei.


5 - A eventual transmissão das armas a que se referem os n.ºs 1, 3 e 4 está sujeita à sua inutilização, passando a ser classificadas como armas da classe F, excepto se transmitidas a museus públicos ou, mediante autorização do director nacional da PSP, a associações de coleccionadores com museu, ou, se esse for o caso, à sua reclassificação como arma de outra classe legalmente permitida.
Artigo 115.º
Manifesto voluntário e detenção domiciliária provisória
1 - Todos os possuidores de armas de fogo não manifestadas ou registadas devem, no prazo de 120 dias contado da sua entrada em vigor, requerer a sua apresentação a exame e manifesto, não havendo nesse caso lugar a procedimento criminal.
2 - Após exame e manifesto, a requerimento do interessado, as referidas armas ficam, se susceptíveis de serem legalizadas ao abrigo deste diploma, em regime de detenção domiciliária provisória pelo período de 180 dias, devendo nesse prazo habilitar-se com a necessária licença, ficando perdidas a favor do Estado se não puderem ser legalizadas.
3 - O requerimento para a detenção domiciliária provisória deve ser instruído com certificado de registo criminal do requerente.
4 - Em caso de indeferimento ou decorrido o prazo referido no n.º 2 deste artigo sem que o apresentante mostre estar habilitado com a respectiva licença, são as armas guardadas em depósito na PSP, sendo aplicável o disposto no n.º 7 do artigo 18.º
Artigo 116.º
Livro de registos de munições
Mediante a exibição da licença de uso e porte de arma e o manifesto da arma, é emitido pelo director nacional da PSP, a requerimento do interessado, um livro de registo de munições.
Artigo 117.º
Regulamentação a aprovar
1 - São aprovadas por decreto regulamentar as normas referentes às seguintes matérias:
a) Licenciamento e concessão de alvará para a exploração e gestão de carreiras e campos de tiro;
b) Condições técnicas de funcionamento e de segurança das carreiras e campos de tiro.
2 - São aprovadas por portaria do Ministro que tutela a Administração Interna as normas referentes às seguintes matérias:
a) Condições de segurança para o exercício da actividade de armeiro;
b) Regime da formação técnica e cívica para uso e porte de armas de fogo, incluindo os conteúdos programáticos e duração dos cursos;
c) Regime do exame de aptidão para obtenção do certificado de aprovação para o uso e porte de armas de fogo;
d) Modelo das licenças, alvarás, certificados e outros necessários à execução da presente lei;
e) As taxas a cobrar pela prestação dos serviços e demais actos previstos na presente lei.
SECÇÃO II
Revogação e início de vigência
Artigo 118.º
Norma revogatória
São revogados os seguintes diplomas:
a) O Decreto-Lei n.º 37313, de 21 de Fevereiro de 1949;
b) O Decreto-Lei n.º 49439, de 15 de Dezembro de 1969;
c) O Decreto-Lei n.º 207-A/75, de 17 de Abril;
d) O Decreto-Lei n.º 328/76, de 6 de Maio;
e) O Decreto-Lei n.º 432/83, de 14 de Dezembro;
f) O Decreto-Lei n.º 399/93, de 3 de Dezembro;
g) A Lei n.º 8/97, de 12 de Abril;
h) A Lei n.º 22/97, de 27 de Junho;
i) A Lei n.º 93-A/97, de 22 de Agosto;
j) A Lei n.º 29/98, de 26 de Junho;
l) A Lei n.º 98/2001, de 25 de Agosto;
m) O Decreto-Lei n.º 258/2002, de 23 de Novembro;
n) O Decreto-Lei n.º 162/2003, de 24 de Julho;
o) O artigo 275.º do Código Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 48/95, de 15 de Março, alterado pela Lei n.º 98/2001, de 25 de Agosto.
Artigo 119.º
Legislação especial
Legislação própria, a elaborar no prazo de 180 dias, regula:
a) O uso e porte de armas em actividades de carácter desportivo, incluindo a definição dos tipos de armas utilizáveis, as modalidades e as regras de licenciamento, continuando a aplicar-se, até à entrada em vigor de novo regime, o actual quadro legal;

b) A actividade de coleccionador, designadamente no tocante ao licenciamento, à segurança e aos incentivos tendentes a promover a defesa património histórico;
c) Lei especial regulará os termos e condições em que as empresas com alvará de armeiro podem dispor de bancos de provas próprios ou comuns a várias dessas empresas.
Artigo 120.º
Início de vigência
A presente lei entra em vigor 180 dias após a sua publicação, com excepção do disposto nos artigos 109.º a 111.º, que vigoram a partir do dia seguinte ao da publicação da presente lei.

3 Comments:

Blogger rjms said...

"Este é um exemplo típico do que é uma lei feita à medida.
Como alguns senhores não conseguiram fazer vencer as teses deles em Tribunal, agora arranjaram uma forma ardilosa de "minar" os textos legais, de forma a meter lá tudo o que lhes interessa.
Se a Lei actual já é aberrante agora vai ficar ainda pior. Leiam bem as alterações. Há coisas que ultrapassam os limites do absurdo."

VT, 22-9-2008

24 setembro, 2008 14:55

 
Anonymous Anónimo said...

O que se vai passar com as milhares de miras telescópicas que existem montadas em armas de recreio de fogo e ar comprimido...!!!????

Passam a ser acessórios da classe A.

08 outubro, 2008 16:05

 
Blogger rjms said...

Exm.ºs Srs.
Presidente da Comissão de Direitos Liberdades e Garantias
Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista
Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata
Presidente do Grupo Parlamentar do CDS/PP
Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português
Presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda
Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista os Verdes



João Miguel Ferreira da Silva Rato, Juiz Desembargador, prestando serviço no Tribunal da Relação de Évora, residente na Casa do Olival, Apartado 45, 7320-999 Castelo de Vide, contribuinte nº 162857586, portador do BI nº 4563283 de 14/12/2005-Portalegre, nascido a 15 de Agosto de 1955, titular da licença de uso e porte de arma de precisão nº 1177/2006, titular da licença federativa do tipo C e mestre atirador, titular da licença de uso e porte de arma de caça grossa n.º 3262/2006, sócio e ex-vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Armas Antigas, sócio da Associação Açoriana de Coleccionadores de Armas e Munições, sócio e membro da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade de Tiro n.º 2 de Lisboa, vem apresentar a V.ªs Ex.ªs algumas notas sobre a Proposta de Lei n.º 222/X de alteração da Lei que aprova o Regime Jurídico das Armas e suas Munições (Lei 5/2006, de 23 de Fevereiro), que espera que sejam úteis para o debate parlamentar sobre a matéria.

Versarão estas notas apenas sobre questões que terão sido propostas tendo em conta “ as lições da aplicação da lei ao longo dos últimos dois anos” (sic), que importaram a introdução dos “ajustamentos que se revelaram necessários” (sic), não se fazendo qualquer comentário sobre a parte da Proposta de Alteração da Lei que versa sobre a matéria penal e processual penal, porque se trata de medidas, que na sua essência, têm subjacente princípios de política criminal.

Abordam estas notas, algumas das alterações constantes da Proposta, que pelas profundas modificações que provocam na Lei 5/2006, pela falta de rigor técnico e do conhecimento da própria Lei e até mesmo pelo seu absurdo, importa chamar à atenção de V.ªs Ex.ªs, a saber:
A)Embora pareça resultar da “Exposição de Motivos” que as alterações, na parte ora em análise, são pontuais, na realidade a Proposta visa uma alteração profunda da Lei, em várias matérias;
B)Nomeadamente, nos direitos que na Lei em vigor eram concedidos aos caçadores, quanto ao número de armas e munições que podiam deter, que agora são drasticamente reduzidos;
C)Quanto ao coleccionismo de armas de calibre obsoleto, que não estava sujeito a qualquer licença ou autorização, por se tratar de armas obsoletas, cujo instituto é extinto;
D)Quanto aos direitos dos Armeiros portugueses de exercerem a sua actividade profissional em regime de paridade com os seus congéneres europeus, que é abusivamente restringido, violando o direito à livre concorrência no espaço Comunitário;
E)E quanto aos direitos de todos os titulares de “armas confundíveis com armamento militar”(conceito ora proposto, muito vago, mas que raia o absurdo), que abrange tanto brinquedos (reproduções de armas), como armas de ar comprimido, como armas utilizadas na caça maior, cuja posse, obsessivamente, se pretende ilegalizar, sem qualquer fundamento plausível.
F)Pese embora a Proposta faça referência que foram tidas em conta as Directivas 91/477/CEE e 2008/51/CE, o que é verdade é que estas Directivas não estão formalmente transpostas para o direito interno português;
G)Sendo certo que, a todo o passo, a Proposta apresenta soluções perfeitamente contrárias às preconizadas nas referidas Directivas;
H)Não harmonizando a Proposta, como devia, o direito português com o direito comunitário;
I)Preconizando aliás soluções completamente contrárias às seguidas na maioria das legislações dos países da CE.
J)Pretende a Proposta introduzir várias normas cujo âmbito de aplicação não está minimamente delimitado, verdadeiras normas em branco;
L)Concedendo poderes completamente discricionários ao director nacional da PSP, o que é de censurar num Estado de Direito Democrático;
M)Criando ainda normas em branco, que constituem o tipo objectivo de normais penais, o que as torna inconstitucionais.
N)Demonstra a Proposta todo o passo, não só o desconhecimento dos conceitos definidos na própria Lei 5/2006, como o total desconhecimento de questões técnicas atinentes às matérias que pretende vazar na Lei.
O)Não contempla um conjunto de normas transitórias que permitam assegurar a transição para as alterações propostas.
P)Em suma, esta Proposta é a demonstração cabal do desconhecimento do direito das armas e das questões técnicas que lhe dizem respeito, contendo mesmo algumas alterações que raiam o absurdo!

Feita esta pequena súmula, passemos à apreciação da Proposta.
Invocando a necessidade, em face da conjuntura, de alterar a Lei 5/2006, no que respeita à sua previsão penal e processual penal, veio a presente Proposta de Lei alargar o seu âmbito a outras matérias, que “as lições da aplicação da lei ao longo dos últimos dois anos”, mostrou necessário alterar (vide “Exposição de motivos” da Proposta de Lei).
Antes de entrar propriamente na análise desta parte da Proposta de Lei, importa dizer quão era aguardada a revisão das Leis 05/2006 e 42/2006, sentimento que é transversal a todos aqueles que estão ligados à temática, desde as forças de segurança, em particular das que lidam mais directamente com a problemática das armas, aos armeiros, caçadores, atiradores desportivos, proprietários de zonas de caça, de campos e carreiras de tiro, etc..
Na realidade, todos os que estão ligados à temática das armas, nas suas diversas vertentes, são unânimes em reconhecer as inúmeras deficiências, incongruências, omissões e erros técnicos das Leis 5/2006 e 42/2006 e da sua regulamentação.
Tal se deve, em nosso modesto entender, ao facto da Comissão constituída para elaborar o projecto que veio a ser vertido em Proposta de Lei, não ter o capital humano com as qualificações e conhecimentos necessários para tal desiderato _ não é preciso ser um especialista na matéria para o constatar as enormidades vazadas nas referidas Leis!
Mas o problema não ficou por aí, porque na senda destas Leis, e tendo em vista a sua regulamentação prática, outras vieram, com as mesmas deficiências, contrariando, por vezes, expressamente a Lei hierarquicamente superior.
Acrescem os Despachos que, pretendendo regulamentar a Lei ou colmatar deficiências da mesma, vieram contrariar Lei expressa, criando uma balbúrdia jurídica _ vide Despacho n.º772/2007 do Sr. Director Nacional da PSP e Despacho n.º 18584/2008, dos Ministérios da Administração Interna e Agricultura.
E sobre todos estes problemas, não podem as Entidades Competentes vir dizer que não estavam alertadas, pois têm sido inúmeras as pessoas, entre elas o signatário _ que já enviou centenas de páginas sobre a temática para o Departamento de Armas e Explosivos da PSP _, que por escrito e verbalmente, têm exposto as deficiências técnicas da Lei.
E estamos a falar de deficiências técnicas, não de matéria de política legislativa!

Seria pois de esperar, que todas as questões levantadas em relação às Leis 5/2006 e 42/2006 e sua regulamentação, tivessem uma análise cuidada, criteriosa e ponderada, amadurecida no âmbito de uma comissão tecnicamente habilitada, que soubesse ouvir todos quantos têm opiniões válidas sobre a matéria e posteriormente pusesse à consideração, de quem de direito, uma proposta de alteração das Leis 5/2006 e 42/2006, que as fizesse perdurar no tempo pela qualidade técnica do seu normativo.

E como não foi constituída qualquer Comissão para o efeito, tudo aconselhava que, de momento, a Lei 5/2006 só fosse alterada na medida do bastante para obviar às necessidades conjunturais de combate à violência criminal.
Mas assim não se entendeu e mais uma vez se constata _ na pressa da elaboração legislativa, que normalmente é má conselheira _, que estamos perante uma proposta em que a falta de conhecimentos técnicos, na parte em análise, ressalta a todo instante, mostrando o profundo desconhecimento sobre a matéria, de quem a elaborou.
Dito isto, vejamos então a Proposta, na matéria que nos propusemos comentar.

Começando pelo “Exposição de motivos” da Proposta de Lei em apreço, diremos desde logo que, na parte que nos propomos analisar, a Proposta não propõe meras alterações pontuais, como aí se refere, mas sim alterações profundas no âmbito da Lei 05/2006, que modificam, em muito, vários dispositivos da mesma, como adiante sublinharemos.
Apenas a título de exemplo, citamos desde já a eliminação, do n.º3, do art.º 1º, da Lei 5/2006, da expressão “bem como aquelas que utilizem munições obsoletas, constantes do anexo a este diploma” reportando-se às armas que “ficam ainda excluídas do âmbito de aplicação da presente lei”.
O que é que mudou em dois anos para se alterar a classificação das armas que utilizam munição de calibre obsoleto, ou seja, tidas como “não armas” para efeitos da aplicação da Lei 5/2006, passando a ser classificadas como armas?
Seria bom que fosse solicitado o estudo que está subjacente à alteração proposta nesta parte, para se poder aquilatar dos fundamentos do mesmo.
É certo que a Lista de munições obsoletas devia constar de Portaria do MAI e não de um Anexo à Lei 05/2006, pois é muito mais fácil alterar, tendo em conta a evolução da indústria de munições, uma Portaria, do que uma Lei.
E somos da opinião que essa Lista deveria ser alterada, não só retirando da mesma alguns calibres para os quais se produz industrialmente, na actualidade, munições constantes dessa Lista, como também para acrescentar, por exemplo todas as munições do tipo Lefaucheux.
Como não é menos certo que, os Estados Membros da UE não têm uma mesma visão sobre a matéria, pelo que é admissível alterações pontuais sobre a mesma.
Agora mudar radicalmente de opinião, volvidos dois anos, sem qualquer justificação plausível é que é um absurdo.

Importa ainda fazer uma breve referência, na parte respeitante à “Exposição de motivos” à expressão “são ainda tidas em conta as Directivas 91/477/CEE e 2008/51/CE”.
As Directivas Europeias citadas, obrigam os Estados Membros à sua transposição para o seu direito interno num determinado prazo.
No que respeita à Directiva 91/477/CEE, ela foi transposta integralmente para o direito interno pelo Decreto-Lei 399/93, de 03 de Dezembro, passando o regime jurídico das armas, então em vigor (Decreto-Lei 37313, de 21 de Fevereiro de 1949), a aplicar-se subsidiariamente, em tudo o que não contrariasse o regime da Directiva transposta.
Mas com a publicação da Lei 5/2006, o Decreto-Lei 399/93 foi revogado (alínea f), do art.º 118º), deixando o ordem jurídica interna de ter transposta, em grande parte da sua essência, a referida Directiva, mormente quanto à classificação das armas, constante do seu anexo I.
Esse foi o grande erro do legislador do 2006, não só porque, em nosso entender não podia ter revogado o diploma que tinha transposto para o direito interno tal Directiva, mas principalmente, porque não atendeu a uma classificação das armas que pretendia harmonizar o direito europeu sobre a matéria.
Quanto à Directiva 2008/51/CE, que mantém em grande parte a anterior Directiva, nomeadamente, quanto à classificação das armas, vindo a fazer pequenas alterações com vista a consolidar conceitos e princípios e melhorando definições, diz-nos expressamente, no seu art.º 2º, que aquando da adopção das medidas contidas nesta Directiva, deve ser efectuada uma referência expressa à mesma.
Daí que nos preocupe a ligeireza com que esta Proposta aborda a questão da transposição das Directivas, fazendo a citada breve alusão às mesmas na exposição de motivos, sem que o normativo contenha qualquer norma expressa sobre a matéria.
Mais, que a alteração proposta, tal como a Lei que pretende que seja alterada, não tenham em conta grande parte do conteúdo das Directivas, mormente do Anexo I da Directiva 91/477/CEE.
Onde está, então, a transposição obrigatória das Directivas?
Onde está a prossecução da harmonização do Direito Europeu?

Passemos então à análise das concretas alterações propostas, pela Proposta de Lei /X:

I) N.º3 do art.º1.
A Proposta de Lei propõe que a actual redacção deste n.º3 _“Ficam ainda excluídas do âmbito de aplicação da presente lei as actividades referidas no n.º 1 relativas a armas de fogo cuja data de fabrico seja anterior a 31 de Dezembro de 1890, bem como aquelas que utilizem munições obsoletas, constantes do anexo a este diploma e que dele faz parte integrante, e que pelo seu interesse histórico, técnico e artístico possam ser preservadas e conservadas em colecções públicas ou privadas”_ seja alterada para “Ficam ainda excluídas do âmbito de aplicação da presente lei as actividades referidas no n.º 1 relativas a armas de fogo cuja data de fabrico seja anterior a 31 de Dezembro de 1890”.
Como acima já fizemos referência, pouco mais de dois anos volvidos sobre a entrada em vigor da Lei, propõe-se que o Legislador elimine completamente toda e qualquer arma que utilize munição de calibre obsoleto, fabricada posteriormente a 30 de Dezembro de 1890, do leque daquelas que são consideradas como “não armas” para efeitos de aplicação da presente Lei, passando a ser consideradas como armas de fogo, em conformidade com as suas características.
E se o fito de quem propôs estas alterações, era de ter estas armas sob controlo, porque não obrigar o seu titular a ter a licença, nomeadamente a Licença F, que tem um âmbito em que cabe perfeitamente este tipo de armas?

Acresce que, a proposta de alteração não contém qualquer norma que preveja um prazo para que os titulares das armas até agora classificadas como utilizando munições obsoletas, e por isso de livre detenção, as legalizem, ou procedam à sua alienação!

É que, não cabendo estas armas no conceito de licenciadas referido no proposto art.º 112º-A, os seus titulares não sabem o que lhes fazer no dia em que entrar em vigor a nova redacção da Lei.

Tudo aconselha que a Lei mantenha como “não armas” as armas calibre obsoleto, sendo a Lista das mesmas, não a em Anexo à Lei, mas uma a aprovar por Portaria do MAI, o que poderia corrigir as evoluções do mercado de fabrico de munições que por vezes reaviva um calibre antigo, que não se fabrica há muito.
E todas aquelas armas que não caibam no âmbito dessa Portaria, sejam classificadas atentas as suas características, dando-se ainda a possibilidade dos seus detentores as possuírem ao abrigo de licença de detenção.

Conviria também alterar a data “anterior a 31” que significa até 30 de Dezembro, nada justificando que a abrangência da Lei não contemple as fabricadas até 31 de Dezembro, como era intenção do legislador que não se soube exprimir adequadamente na formulação que vazou no dispositivo.

Seria pois de mudar a redacção do n.º3 do art.º 1 para a seguinte:
“3 - Ficam ainda excluídas do âmbito de aplicação da presente lei as actividades referidas no n.º 1 relativas a armas de fogo cuja data de fabrico seja anterior a 01 de Janeiro de 1891, bem como aquelas que utilizem munições obsoletas, constantes de lista a publicar por portaria do MAI. “

E aditar uma disposição que disponha o seguinte:
1.As armas classificadas ao abrigo da anterior redacção do n.º3, do art.º1, como utilizando munições de calibre obsoleto, que não forem abrangidas pela Portaria do MAI, a que se refere o n.º3, deverão ser legalizadas no prazo de 6 meses a partir da entrada em vigor deste diploma.
2.Tais armas poderão ser manifestadas por titular de licença no âmbito da qual possam ser detidas, ou ao abrigo de licença de detenção domiciliária.

II) Alíneas a) e n), do n.º1, do art.º 2º das alíneas a) e b), do art. 7º.
Pretende a Proposta de Lei que a redacção das referidas alíneas seja alterada, no sentido de serem ditadas às definições “«Aerossol de defesa» todo o contentor portátil de gases comprimidos cujo destino seja unicamente o de produzir descargas de gases momentaneamente neutralizantes da capacidade agressora” e “«Arma eléctrica» todo o sistema portátil alimentado por fonte energética e destinado unicamente a produzir descarga eléctrica momentaneamente neutralizante da capacidade motora humana” a expressão “não podendo pela sua apresentação e características, ser confundido com outras armas ou objectos”.
E tal expressão volta a ser referida ao enumerar-se, na Proposta, no n.º 7 do art.º 3º as armas da classe E _ aerossóis de defesa e armas eléctricas de defesa.
Para além da obsessiva ideia, que já vinha da Lei 5/2006, de não haver confusão de determinado tipo de armas, que não são armas de fogo, com armas de fogo, ou outras _ estamo-nos a lembrar das pistolas e revólveres que utilizávamos na nossa juventude para brincar aos cowboys, que agora são armas proibidas!!! _, vemo-nos confrontados com uma inusitada proposta de que determinadas armas _ aerossóis e armas eléctricas _ que não são armas de fogo, não se possam confundir, com outros objectos.
Perguntamos nós a que objectos se refere a Proposta?
Não sendo esses objectos as armas como tal definidas na Lei, temos alguma dificuldade em alcançar a intenção do legislador.
Será que os aerossóis não podem ter uma configuração semelhante à das latas de spray de tinta, de óleo, ou de desodorizante, só para citar os exemplos mais simples?
Mas os aerossóis de venda comercial ao público, são, por norma, idênticos a uma qualquer lata de spray!
Será que a proposta pretende que para os aerossóis e armas eléctricas tenham um design que não se assemelhe ao de outro qualquer objecto conhecido?
Ou será mais um daqueles lapsos a que os proponentes de legislação em matéria de armas nos foram habituando?

III)Alíneas g) e h), do n.º1, do art.º 2º, alínea f), do n.º9, do art.º 3º e n.º7 do art.º 11º
Escrevemos em tempo um pequeno artigo que intitulámos “Da prática de tiro desportivo com armas de ar comprimido” que oportunamente enviamos à DNPSP, que tem plena oportunidade na parte que passamos a citar:
“Define a Lei 05/2006, na alínea f), do n.º1, do seu art.º 2º que “Arma de ar comprimido é a arma accionada por ar ou outro gás comprimido, com cano de alma lisa ou estriada, destinada a lançar projéctil metálico”, subdividindo este tipo de arma em “arma de ar comprimido desportiva” e “arma de ar comprimido de recreio”, que veio a definir, respectivamente, nas alíneas g) e h) do citado preceito e número, como “a arma de ar comprimido reconhecida por uma federação desportiva como adequada para a prática de tiro desportivo” e “a arma de ar comprimido, de calibre até 5,5 mm, cuja velocidade do projéctil à saída da boca do cano seja inferior a 360 m/s e cujo cano seja superior a 30 cm”.
Perante as definições das subcategorias em que o legislador entendeu subdividir as armas de ar comprimido, podemos retirar que as armas de ar comprimido desportivas são aquelas que forem reconhecidas como adequadas à prática do tiro desportivo, pela respectiva Federação, sendo as armas de ar comprimido de recreio as que obedeçam aos requisitos de velocidade do projéctil, calibre e tamanho de cano estabelecidos na Lei.
Importa aqui sublinhar que as armas de ar comprimido de recreio, não são as que se destinam à prática de tiro desportivo de recreio, uma vez que, atento o disposto nos art.ºs 9º e 18º, ambos da Lei 42/2006, tanto é considerado tiro desportivo o de precisão efectuado com armas de ar comprimido (vide alínea a) do n.º 1 do art.º 9º e § 1º, da alínea a), do n.º 1 do art.º 18º), como o de recreio efectuado com armas de ar comprimido (vide alínea c) do n.º 1 do art.º 9º) ambos, no entender do legislador, sujeitos a enquadramento competitivo.
E se tal não bastasse, a comparação do disposto na alínea h) do n.º1, do art.º 2º da Lei 05/2006 com o disposto na alínea d), do n.º 1, do art.º 13º da Lei 42/2006, permite concluir que se trata de realidades diferentes, uma vez que as armas de ar comprimido de recreio são apenas as armas longas de ar comprimido (cano com mais de 30 cm o que implica, pela aplicação analógica do disposto na alínea p) do n.º1, do art.º 2º, da Lei 05/2006, que seja considerada arma longa) e as armas de ar comprimido a que se refere o art.º 13º da Lei 42/2006 são, para além das armas longas, as armas curtas (pistolas e revólveres).
Daí que as armas de ar comprimido de recreio sejam todas aquelas que não sejam definidas por uma Federação de Tiro Desportivo, como adequadas à prática de tiro desportivo, seja ele de precisão ou de recreio.
Esta distinção é importante, uma vez que o legislador entendeu que, das duas, só as armas destinadas à pratica de tiro desportivo têm dignidade para serem classificadas numa das categorias que estabeleceu no art.º 3º da Lei 05/2006, mais propriamente na Classe Gd.
Na verdade, se bem analisarmos a Lei 05/2006, apenas as armas de ar comprimido desportivas têm enquadramento na dita classificação das armas, na alínea d) do n.º 9, do art.º 3º, sob a classe G, não havendo classificação para as armas de ar comprimido de recreio.
Ora não integrando as armas de ar comprimido de recreio qualquer classificação, pode-se questionar se estas armas são armas para os efeitos desta Lei, ou se o legislador apenas se esqueceu de as integrar numa qualquer classificação.
Preferimos pensar que o legislador se esqueceu da classificação deste tipo de armas, porque a sua exclusão da classificação das armas seria um perfeito absurdo, como adiante se verá.
Mas não haverá uma relação de exclusão entre as duas subdivisões das armas de ar comprimido?
Do simples confronto das duas definições, não existe, aparentemente, qualquer relação de exclusão, nomeadamente que as classificadas como sendo desportivas, não possam ser classificadas como de recreio.
No entanto, uma vez que a qualificação das armas de ar comprimido como desportivas ou de recreio, se repercute na classe de arma a que pertencem, como acima referimos, afigura-se-nos que existe uma relação de exclusão, pelo que uma arma de ar comprimido classificada como desportiva e portanto da classe Gd, não possa ser classificada como de recreio e por isso sem classe.
Isto, a menos, que o legislador tenha querido consagrar para as armas de ar comprimido, o absurdo que estabeleceu para as réplicas de armas de fogo _ classificando-as de uma forma (Classe C) se forem para tiro desportivo e de outra forma (Classe F) se forem para coleccionismo e actividades afins _, ou seja que a arma se classifica em função do utilizador _ no caso, mais propriamente, da utilização que é dada à arma _, o que, transposto para o caso em apreço, levaria a classificar uma arma que coubesse dentro dos requisitos estabelecidos nas alíneas g) e h), do n.º 1, do art.º 2º da Lei 05/2006, como de ar comprimido para tiro desportivo ou de recreio, em conformidade com a utilização que o proprietário lhe desse, o que nos parece um absurdo (mas a Lei está repleta de absurdos!).
E se for esta a interpretação a prevalecer, se um cidadão comprar a arma para a prática do tiro desportivo esta é classificada como arma da Classe Gd, mas se for comprada para recreio, será arma sem classe! (na Proposta em apreço passa a ser da Classe Gf)
E compulsado o leque de armas que podem ser consideradas adequadas para a prática de tiro desportivo de precisão e de recreio, nas suas diversas modalidades e disciplinas, restam de fora muito poucas que se possam integrar no conceito de armas de ar comprimido de recreio, o que torna a subdivisão das armas de ar comprimido em duas categorias diversas, também por esta razão, nada aconselhável.
Mas o fundamento essencial para repudiar a qualificação/classificação que o Legislador entendeu dar às armas de ar comprimido, tem a haver com a falta de rigor que teve ao estabelecer os critérios vazados na Lei, atendendo por um lado a um critério puramente subjectivo para definir as armas de ar comprimido desportivas _ o seu reconhecimento por uma Federação de Tiro Desportivo! _ e por outro lado um critério aparentemente científico, mas que é uma falácia, ao estabelecer como parâmetro para a qualificação de uma arma de ar comprimido como de recreio, o critério da velocidade do projéctil à boca do cano.
Pode-se perguntar aliás, porque é que o legislador não atendeu para classificar as armas de ar comprimido, segundo o critério da sua perigosidade _critério sempre presente na Directiva Comunitária 91/477/CEE _, chamando à colação para o efeito a potência das armas (mais propriamente da energia cinética dos projécteis propulsados pelas armas), tal como é consagrado na maioria da legislação internacional.
É que o valor da energia cinética é que permite verificar a potência de uma arma e, em função dela, hierarquizá-la segundo critérios de potencial perigosidade.
E para verificarmos a falta de rigor cientifico do critério que o legislador escolheu para delimitar as armas de ar comprimido de recreio, basta atentar que dois projécteis que saiam à mesma velocidade da boca do cano de uma arma, e sejam do mesmo calibre, podem ter energias cinéticas perfeitamente díspares, dado que a energia cinética varia também em função do peso (massa) do projéctil.
Por exemplo, dois projécteis do mesmo calibre, saindo da boca do cano com a mesma velocidade, mas tendo um o dobro do peso do outro, o mais pesado tem uma energia cinética igual ao dobro da do mais leve!
Basta, para chegar a tal conclusão, utilizar uma das seguintes fórmulas: Pg x V2:2000 = E0 Joules [Pg (peso do projéctil em gramas) x V2 (velocidade, em metros por segundo, do projéctil à saída da boca do cano, ao quadrado) : 2000 = Eo Joules (energia cinética do projéctil em Joules, à saída da boca do cano)] ou V2 : 400600 x Pgr = Eo ft/lbs [V2 (velocidade em pés por segundo do projéctil à saída da boca do cano, ao quadrado) : 450600 x Pgr (peso do projéctil em grains (grãos)) = Eo ft/lbs (energia cinética do projéctil em foot/pounds, à saída da boca do cano)].
E destas fórmulas, podemos também retirar a necessidade de se estabelecer critérios de subdivisão das armas de ar comprimido em função da energia cinética, pois um projéctil com o mesmo peso, do mesmo calibre, se propulsado a velocidades diferentes, atinge energias cinéticas diversas.
Por exemplo, o mesmo projéctil, disparado a 200m/s ou a 400m/s, tem, no segundo caso, uma energia cinética quatro vezes maior que a do primeiro, pois a duplicação da velocidade do mesmo tipo de projéctil leva a que quadruplique a sua energia cinética.
E não estamos a falar de energias cinéticas desprezíveis, pois basta atentar que um projéctil de calibre 5,5mm com 2 gramas (projéctil comercial da marca Eun Jim), propulsado à velocidade limite de 359m/s à boca do cano, tem uma energia cinética de 128,88 Joules e que mesmo um projéctil de calibre 5,5mm com 1,37 gramas (projéctil comercial Diana High Power ou Diablo Barracuda), propulsado à velocidade de 359 m/s à boca do cano, tem uma energia cinética de 88,28 Joules.
É certo que estas não são as velocidades usuais a que são disparados estes projécteis, nomeadamente em modalidades desportivas em que se usam armas de ar comprimido de potência elevada, mas em prevalece o factor precisão (field target e bench rest) e daí que os projécteis sejam propulsados a velocidades inferiores, mas visa apenas demonstrar a falta de rigor técnico do legislador e demonstrar à saciedade quanto importa alterar a Lei, também neste campo.
Mas para compararmos essa energia cinética em termos relativos, podemos ter em conta que um projéctil de calibre 6,35 Browning, com o peso de 3,24 gramas, propulsado à velocidade de 238m/s tem uma energia cinética de 92 Joules (munição comercial Sellier & Bellot), e um projéctil de calibre .32 S & W Long WC com 6,35 gramas, propulsado à velocidade de 208m/s, tem uma energia cinética de 137 Joules (munição comercial Magtech).
E era isto que o Legislador queria, no que respeita às carabinas de ar comprimido de recreio, para o tiro lúdico, ou essa disposição apenas reflecte a ignorância do Legislador?

Tudo aponta pois para que seria conveniente subdividir as armas de ar comprimido, não em função do critério da velocidade do projéctil à saída da boca do cano que, como vimos, é um critério que não tem qualquer rigor, mas em função da energia cinética que o projéctil propulsado por uma determinada arma possa atingir à saída da boca do cano.
Bebendo no critério de algumas legislações estrangeiras, afigura-se-nos que seria aconselhável subdividir as armas de comprimido em função da energia cinética de um projéctil disparado numa determinada arma, medido à saída da boca do cano, cuja charneira rondaria os 24 ou 25 Joules, implicando essa divisão a livre compra de uma arma de ar comprimido (no caso das com energia cinética inferior ao parâmetro) ou a sujeição dessa compra à titularidade de uma licença, nomeadamente de tiro desportivo e consequente autorização de compra (no caso das com energia cinética superior ao parâmetro).
E a questão torna-se mais grave, porque existe uma lacuna na Lei, que pode levantar alguns problemas, que se prende com o saber como se classificam as armas de ar comprimido que nenhuma Federação classifique como adequadas à prática desportiva, mas que também não se integrem no conceito de armas de ar comprimido de recreio e não sejam de calibre superior a 5,5 mm.
É que aqui se situa aquele conjunto de armas de ar comprimido que, pelas suas características, nomeadamente pela sua potência, não são próprias para o tiro desportivo, e, propulsando o projéctil a uma velocidade de superior ao estabelecido para serem enquadradas como armas de ar comprimido de recreio, também não podem ser classificadas como tal.
Estamos a falar, por conseguinte, daquelas armas capazes de propulsar um projéctil de calibre não superior a 5,5 mm a uma velocidade igual ou superior a 360m/s, e por isso que podem atingir, com um projéctil pesado (por exemplo com 2 gramas), mais de 129 joules de energia cinética à boca do cano!
E, numa escala de perigosidade, estas são as que ocupam um lugar cimeiro nessa escala.
Mas a resposta, é a de que não há nem definição, nem classificação para essas armas, o que indubitavelmente levará a considerá-las como não armas.
O que é uma enormidade!
Importa pois suprir esta grave lacuna, alterando a Lei e estabelecendo critérios de classificação das armas de ar comprimido em função da sua potência.
Concluindo nesta parte, tudo aconselha, pelos diversos fundamentos acima descritos, que se altere o critério de classificação das armas de ar comprimido, passando a ser classificadas em função da energia cinética dos projécteis propulsados por essas armas, medida à boca do cano.”

De tudo o que então dissemos, apenas teve acolhimento na Proposta agora em apreço, a classificação das armas de ar comprimido de recreio, a que foi atribuída a classificação de armas da Classe Gf (alínea f), do n.º9, do art.º 3º da Proposta).
Tudo o resto caiu em saco roto.
Será que não é aconselhável acompanhar as restantes legislações europeias, mais evoluídas, que consagram a divisão entre armas de ar comprimido de livre aquisição e de aquisição condicionada, em função da potência do projéctil à boca do cano, único critério com suporte científico, permitindo assim separar as armas de ar comprimido de perigosidade reduzida, das de perigosidade elevada?
Os cálculos matemáticos acima referidos demonstram à saciedade, que o legislador, tantas vezes preocupado com ninharias absolutamente inócuas, fez ouvidos de mercador às apontadas deficiências da Lei, que, em primeiro lugar, têm a haver com razões de segurança e ordem públicas.
Para além disso, tal solução legislativa, resolvia os diversos problemas que podem surgir quer na Lei actualmente em vigor, quer na Lei alterada com a Proposta em análise, nomeadamente de saber se podem ou não ser adquiridas como armas de ar comprimido de recreio as armas de ar comprimido desportivas, quem pode adquirir armas de ar comprimido desportivas, que armas podem utilizar os praticantes de tiro desportivo com armas de ar comprimido que praticam tiro no Inatel e na Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno e ainda de saber como se classificam as armas de ar comprimido que nenhuma Federação classifique como adequadas à prática desportiva, mas que também não se integrem no conceito de armas de ar comprimido de recreio e não sejam de calibre superior a 5,5 mm.
Será que aqui já não interessa ao proponente das alterações a segurança e ordem públicas?
Ou é apenas, mais uma vez, o desconhecimento sobre na matéria, a deixar a sua marca indelével?

Por outro lado, consta da Proposta a alteração da alínea g) do n.º1, do art.º 2º, no sentido das armas de ar comprimido desportivas, para além de serem reconhecidas, por uma federação desportiva, como adequadas à prática do tiro desportivo têm que ser homologadas pelo director nacional da PSP.
Mas estando todas as armas e munições sujeitas a homologação, em conformidade com o proposto art.º 11º-A, porque é que foi feito o citado aditamento à alínea g), do n.º1, do art.º 2º e nada foi aditado à alínea h), do mesmo n.º e art.º, e a todas as referências a armas?
Sendo as armas de ar comprimido desportivas, classificadas como armas, porquê uma especial menção em relação à homologação, a que estão obrigadas todas as armas segundo o proposto art.º 11º-A.
Não se entende qual a razão desse aditamento, em função da existência do proposto art.º 11º-A.
Ou será que se mantém a perseguição aos atiradores desportivos, que são os titulares de armas que as usam nas mais apertadas condições de segurança?

Mais, os adquirentes de arma de ar comprimido desportiva, podem não estar inscritos em qualquer federação desportiva _ lembremos que a federação desportiva não tem que ser uma federação exclusivamente de tiro desportivo, mas que tutele qualquer actividade desportiva que se pratique uma modalidade praticada com armas de ar comprimido _ uma vez que para a prática de tiro desportivo com armas de ar comprimido desportivas, não é obrigatória a inscrição em federação desportiva e muito menos a licença de tiro desportivo de que trata a Lei 42/2006._ estamo-nos a lembrar da grande massa de praticantes de tiro com armas de ar comprimido do Inatel.
E para comprar uma arma de ar comprimido desportiva não é necessária qualquer autorização.

Também não se vê qualquer justificação para que a aquisição de armas de ar comprimido de recreio sejam sujeitas a autorização do Director Nacional da PSP.
Será que dois anos de aplicação prática da Lei demonstraram algum acréscimo da criminalidade com estas armas?
Por certo que não!
Trata-se de mais uma tentativa do controlo desenfreado, sem qualquer fundamento!

Basta atentar que, nos países membros da EU, por exemplo na França e na Alemanha, os maiores mercados da especialidade, a venda das armas de ar comprimido de baixa potência _ estamos a falar, por exemplo, nas usadas nas modalidades tuteladas pela ISSF e nas vulgarmente usados para tiro lúdico_, é livre a cidadãos maiores de 18 anos, pelo que qualquer cidadão que queira infringir a Lei, pode mandá-las vir pelo correio, o que demonstra que a medida, se tem algum fito de combater a criminalidade, é perfeitamente desajustada.

IV) Alínea t) do n.º 1 do art.º 2º.
Pretende a proposta que a esta disposição seja alterada, substituindo-se a redacção em vigor “«Arma de fogo transformada» o dispositivo que, mediante uma intervenção mecânica modificadora, obteve características que lhe permitem funcionar como arma de fogo” para «Arma de fogo transformada» o dispositivo apto a ser convertido em arma de fogo, ou o que, mediante uma intervenção mecânica modificadora, obteve características que lhe permitem funcionar como arma de fogo.
Sem escamotear a bondade da solução de ver enquadrados na Lei os dispositivos que são aptos para serem convertidos em arma de fogo, perguntamo-nos como um determinado objecto pode ser classificado em arma de fogo transformada, é disso quanto se trata na alínea, na versão em vigor, quando ainda não foi convertido!
Ou é uma arma de fogo transformada ou ainda não é.
Não se pode é intitular realidades diferentes sob a mesma denominação!
Ademais, um conceito tão alargado, sem qualquer rigor técnico ou outro, é de evitar!
O que é um dispositivo apto a ser transformado em arma de fogo?
É que de um qualquer tubo metálico se pode fazer um cano de uma arma!
Trata-se assim de uma norma penal em branco, pois delimita o tipo objectivo do crime previsto na alínea c) do n.º1, do art.º 86º, pelo que é inconstitucional.

V) Alíneas aq) e ar) do n.º 1 do art.º 2º.
Tratam estas alíneas do conceito de faca de borboleta e faca de abertura automática.
Na versão da Lei em vigor, «Faca de borboleta» é a arma branca composta por uma lâmina articulada num cabo ou empunhadura dividido longitudinalmente em duas partes também articuladas entre si, de tal forma que a abertura da lâmina pode ser obtida instantaneamente por um movimento rápido de uma só mão” e «Faca de abertura automática ou faca de ponta e mola» a arma branca composta por um cabo ou empunhadura que encerra uma lâmina, cuja disponibilidade pode ser obtida instantaneamente por acção de uma mola sob tensão ou outro sistema equivalente.
Pensamos nós que, com vista a serem abrangidas armas brancas deste tipo, com lâmina de qualquer dimensão, pretende a Proposta que seja aditada a qualquer uma das alíneas a expressão independentemente das suas dimensões.
Mas se bem o pensou, mal o propôs!
Define a Lei, na alínea l) do n.º1, do art. 2º como «Arma branca», todo o objecto ou instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante ou perfurante de comprimento igual ou superior a 10 cm ou com parte corto-contundente, bem como destinado a lançar lâminas, flechas ou virotões, independentemente das suas dimensões.”
Daqui se retira que arma branca ou é uma arma dotada de lâmina, ou outra superfície cortante ou perfurante, de comprimento igual ou superior a 10cm, ou é um outro objecto que se integra no conceito da segunda parte da alínea, neste caso, neste caso qualquer que seja a sua dimensão.
Se se pretende alterar a Lei quanto à dimensão da lâmina das facas de borboleta e das facas de abertura automática, abrangidas pela proibição tem que se alterar não a definição destas armas brancas, mas sim a de arma branca, por forma que neste conceito fiquem abrangidas as facas de borboleta e as facas de abertura automática.
Por exemplo poder-se-ia definir o conceito base de «Arma branca», como todo o objecto ou instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante ou perfurante de comprimento igual ou superior a 10 cm ou com parte corto-contundente, as facas borboleta e as facas de abertura automática com lâmina de qualquer de qualquer dimensão, bem como todos os destinados a lançar lâminas, flechas ou virotões, independentemente das suas dimensões.
Não sendo necessário alterar as alíneas que definem facas de borboleta e das facas de abertura automática,.
Mantendo a actual redacção da definição de arma branca, e sendo as facas borboleta e as facas de abertura automática, armas brancas de lâmina, parece-nos evidente que só podem ser consideradas nestas duas tipologias as que tiverem mais de 10cm.
Com menos de 10cm estão excluídas do conceito das alíneas aq) e ar) desta Lei, pelo facto das facas borboleta e de abertura automática serem classificados como armas brancas de lâmina.
E daí que a expressão que agora se pretende introduzir, em nada altera o comprimento mínimo das lâminas destas armas, que se exige para que sejam abrangidas pela Lei.

VI) Alínea aaa) do n.º1 do art.º 2º, alíneas a) e t) do n.º 2 e n.º 10 do art.º 3º
Pretende a proposta o aditamento de uma alínea que defina aaa) «Arma confundível com armamento militar», a arma que, pela sua configuração ou características, seja susceptível de ser confundida com equipamentos, meios militares e material de guerra ou considerada como tal.
Aditando uma alínea ao n.º 2 do art.º 3º (alínea t)) com vista à sua classificação como armas da classe A (armas proibidas), com a seguinte redacção : As armas classificadas como equipamentos, meios militares ou material de guerra ou as confundíveis com armamento militar.
Pretende ainda a Proposta a alteração da alínea a) do n.º2 do art.º 3º, nos seguintes termos: Os equipamentos, meios militares e material de guerra, ou classificados como tal pela competente entidade do Ministério da Defesa Nacional.

Antes de entrar propriamente na análise destes preceitos importa sublinhar quão deficiente é a técnica legislativa, ao propor-se duas alíneas que se sobrepõem na quase totalidade quanto à sua abrangência.
Na verdade, se na proposta alínea t), se referem as armas classificadas como “equipamentos, meios militares ou material de guerra”, tal alínea reporta-se a armas já abrangidas pela alínea a) “Os equipamentos, meios militares e material de guerra”.
Seria assim de todo aconselhável que, a seguir a tese da Proposta, a alínea t) se reporta-se apenas às “armas confundíveis com armamento militar ou classificado como tal”.
E dizemos “classificada como tal”, e não “considerada como tal” porque a expressão se reporta a armas confundíveis com armamento militar ou classificadas como tal nos termos da alínea a) do n.º2 do art.º 3º.
Por outro lado, não se percebe porque é que a Proposta dentro da sua lógica de raciocínio de considerar estas armas como armas da classe A, não veio a contemplar norma expressa em que consagre a penalização da detenção das ”armas confundíveis com armamento militar”.
Compulsando a proposta redacção do art.º 86º, não se alcança norma que puna expressamente este tipo de armas da classe A!
Por fim o conceito de “arma confundível com armamento militar” é vago quanto ás características que uma determinada arma deve ter para ser classificada como “arma confundível”.
Pela configuração não será, pois este é outro dos pressupostos da qualificação de uma arma como “arma confundível”!
Apesar de ser um rematado disparate qualificar uma arma como tal, só pela sua configuração!
Basta atentar que as reproduções de armas de fogo _ armas no dizer da Lei _, que são usadas como brinquedo muitas das vezes têm a configuração de uma arma militar.
Mesmo armas de ar comprimido de baixa potência, podem ter a configuração de uma arma militar.
Qual o fundamento para classificar estas armas como armas da classe A (as reproduções de armas de fogo já o são)?
Qual a sua perigosidade?
Não conhecemos outro país na EU que classifique estas armas como armas proibidas!
E tal classificação estende-se às armas semi-automáticas com aparência de armas automáticas.
As quais a Directiva 91/477/CEE, classifica como para uso civil, o que manteve, ao introduzir as alterações efectuadas pela Directiva2008/51/EC!
As quais, em países tão insuspeitos como a Espanha, a França ou a Alemanha, se vendem a quem tem licença para o efeito!
Então o que serão as características a que alude o preceito?
Ter uma coronha verde ou de cor tipo camuflado?
Ter uma coronha com punho de pistola ou uma coronha à inglesa?
Ter um carregador amovível ou um carregador fixo?
Ter um freio de boca, ou um tapa chamas?
Não se sabe!!!
É mais uma norma em branco, que importa que não seja consagrada na Lei.
Que pode converter-se em norma penal em branco, quando se delimitar o tipo objectivo do crime que a Proposta se esqueceu de definir, convertendo-se nessa altura em norma inconstitucional.


Passando à análise destes preceitos em concreto, comecemos pelo aditamento proposto à alínea a) do n.º2, do art.º 3º.
Pretende a Proposta que objectos que não sejam objectivamente classificados como equipamentos, meios militares e material de guerra, possam ser classificados como tal pela “competente entidade do Ministério da Defesa Nacional”.
Não se percebe porque se remete para uma qualquer entidade do MDN e não para Portaria do MDN!
Então é a entidade competente que vai publicar a lista dessas armas, sob a forma de despacho administrativo?
Não nos parece minimamente correcto que essa classificação seja efectuada por despacho administrativo, mas sim por Portaria do MND.
Propomos que se vá mais longe e que o Ministério da Defesa publique Portaria que classifique todos os objectos que entende como equipamentos, meios militares e militar, para efeitos da presente Lei, não distinguindo entre os que o são objectivamente e os que o são por classificação do Ministério da Defesa.
Esperemos é que a Proposta não tenha em mente a repristinação do Item n.º1, do capítulo XIV da Portaria 439/94, de 29 de Junho, que tinha subjacente uma classificação antiquada de armamento ligeiro militar, sem par na União Europeia e que tenha em conta que essa Portaria, na parte que nos interessa, contraria em muitas disposições a presente Lei.
E que tenha em conta, quanto ao armamento ligeiro (estamo-nos a referir a pistolas, revólveres, carabinas e espingardas), que só devem ser consideradas como armas proibidas as armas automáticas, e as com alguma particularidade que as torne absolutamente impróprias para uso civil.
Aliás como se sabe, as pistolas e os revólveres usados pelas forças militares, não são material de guerra no sentido próprio da palavra, mas armas atribuídas normalmente a sargentos e oficiais para defesa pessoal.
No mais, na senda do estipulado no Anexo I da Directiva 91/477/CEE, todas as outras devem ser classificadas, em conformidade com as suas características, como armas das classes B, B1, C e D.
Propomos assim que a redacção da alínea a) do n.º2 do art.º 3º seja a seguinte:
Os equipamentos, meios militares e material de guerra, definidos como tal por Portaria do Ministério da Defesa Nacional.

Quanto às “armas confundíveis com armamento militar ou classificado como tal”, e sabendo, quem está dentro da temática, qual o intuito subjacente à Proposta, não é demais chamar novamente à colação o disposto no n.º7, da Categoria B, do Anexo I, da Directiva 91/477/CEE, que foi mantido na integra pela Directiva 2008/51/EC, que estipula expressamente que as “armas de fogo civis semiautomáticas com a aparência de arma de fogo automática” estão sujeitas a autorização de aquisição, ou seja, que podem ser adquiridas por civis dentro de certos condicionalismos .
E que todas as armas longas de cano estriado, de repetição, mesmo as que outrora foram utilizadas por forças militares e militarizadas, devem ser classificadas atentas as suas características (a maioria na alínea a), do n.º5, do art.º 3º) e não à utilização que lhes foi dada, em determinada época.
Tudo aconselhava, mormente perante a obrigação do Estado português de harmonizar a sua legislação com a dos demais parceiros e com as Directivas Comunitárias sobre a matéria, que se deixasse de lado esta obsessão contra as armas civis com aparência de armas de fogo automáticas, pois elas não são mais nem menos perigosas do que qualquer outra arma civil semi-automática não confundível com arma automática!
Aliás, em geral, não se detectam armas deste tipo entre os criminosos!
Obsessão que chega, como acima sublinhámos, aos brinquedos que tenham a configuração de arma, o que é um perfeito absurdo _ vide definição de reprodução de arma de fogo (alínea av) do n.º2 do art.º 2º) e a sua classificação como arma da Classe A (alínea n), do n.º2 do art.º 3º).
Nem razões de segurança e ordem pública levam a considerar haver qualquer especial perigosidade dessas armas, em relação às suas pares.
Aliás se atendesse a razões de segurança e ordem pública, e às estatísticas que respeitam à criminalidade violenta, mormente a atinente a assaltos à mão armada, devia a Proposta, dentro de um raciocínio primário, mas dentro da lógica de erradicação das armas com que se cometem mais crimes violentos, proibir as vulgares caçadeiras, mais particularmente as de canos paralelos ou sobrepostos, pois são estas as armas mais usadas para efectuar assaltos à mão armada.
É óbvio que não é esta a opinião do signatário, que entende que não se deve confundir a detenção e uso de armas, quaisquer que elas sejam, por parte de cidadãos idóneos devidamente licenciados e autorizados a utilizar uma determinada arma e a detenção de armas por criminosos.
Não conhece o signatário que haja ilícitos criminais praticados com armas civis semi-automáticas, com a aparência de arma automática, e muito menos, com outras de repetição que alguns tanto querem proibir, como as Mauser 98k e as Enfield, n.º4 Mark I, etc..

Por fim, não se percebe qual o sentido da Proposta, ao pretender que seja aditada ao n.º 10, do art.º 3º a expressão “com excepção das confundíveis com armamento militar”
Ora se as armas forem confundíveis com armamento militar, deixam de ser classificadas na Classe C ( alíneas a), b) e c) do n.º 5 do art.º 3º )ou na Classe D (alíneas a), b) e c) do n.º6 do art.º 3º) e passam ser classificadas na Classe A (alínea t) do n.º2 do art.º 3º), por conseguinte não aptas para a caça!
Daí que não faça qualquer sentido o aditamento da citada expressão.

Dito isto, seria de todo aconselhável eliminar as propostas alíneas aaa) do n.º1, do art.º 2º e t), do n.º2, do art.º 3º e o aditamento proposto ao n.º10 do art.º 3º, por não fazerem qualquer sentido e contrariarem, na parte acima referida, a Directiva Europeia 91/477/CEE e alterar a alínea a), do n.º2 do art.º3º, no sentido proposto, fazendo-se consignar que a classificação das armas constantes da alínea deve constar de Portaria a publicar pelo MDN.

VII)Alínea ab) do n.º 3 do art.º 2º.
Pretende a Proposta que seja introduzida uma nova alínea no n.º3 do art.º 2º, do seguinte teor ab) Munição de salva ou alarme” a munição, sem projéctil e destinada unicamente a produzir um efeito sonoro no momento do disparo”.
Versa o n.º3 do art.º 2º, sobre “Munições das armas de fogo e seus componentes”.
Nos termos da alínea o), do n.º1, do art.º 2º, «Arma de fogo» todo o engenho ou mecanismo portátil destinado a provocar a deflagração de uma carga propulsora geradora de uma massa de gases cuja expansão impele um ou mais projécteis, e nos termos da alínea l), do n.º3 do mesmo artigo, «Munição de arma de fogo» o cartucho ou invólucro ou outro dispositivo contendo todos os componentes em condições de ser imediatamente disparado numa arma de fogo.
Ou seja o n.º3 deste artigo, só trata das munições que impelem um ou mais projécteis, e seus componentes, o que não acontece com as munições de salva ou alarme, que, como a proposta alínea o diz, apenas podem produzir um efeito sonoro.
Daí que a definição de munição de salva ou alarme não deva ser inserida neste n.º3 do art.º 2º.

VIII) Alíneas t) e u)do n.º 4 do art.º 2º.
Pretende a proposta a inclusão da definição de “importação” como “a entrada ou introdução nos limites fiscais do território nacional, de quaisquer bens,” e a de “exportação” “a saída dos limites fiscais do território nacional de quaisquer bens com destino a país terceiro
Como se sabe, e resulta aliás do capítulo VII da Lei 5/2006, a importação e a exportação distinguem-se da transferência de bens, pelo facto dos bens entrados ou saídos de território nacional, provirem, nos dois primeiros casos, de fora do espaço da União Europeia, e no último de ou para Estado Membro da União Europeia!
Pelo que as definições de importação e exportação, são manifestamente incorrectas.
Deve assim a Proposta ser alterada quanto às definições de importação e exportação.


IX) Alíneas a) e b) do n.º4, do art.º3º
Da conjugação do corpo do n.º4, com as actuais alíneas a) e b), resulta que são armas da classe B1, “As pistolas semiautomáticas com os calibres denominados 6,35 mm Browning (.25 ACP ou .25 Auto)” (a) e os revólveres com o calibre denominado .32 S & W Long. (b).
Apesar das críticas que esta norma pode sofrer, tanto quanto ao facto das armas dos calibres referidos, não serem adequadas para a defesa, sendo até proibidas para esse efeito em países como o Canadá, e que não existe produção em série de revólveres do calibre .32 S&W Long, do ponto de vista da correcção técnico/linguística do preceito nada havia a apontar.
Pretende agora a proposta que tais alíneas passem a ter a seguinte redacção: As pistolas semiautomáticas com os calibres 6,35 ou .25 (a) e os revólveres com o calibre denominado .32 (b).
Nos termos da Lei 5/2006, o calibre de uma arma é “a denominação da munição para que a arma é fabricada” (alínea b), do n.º3, do art.º 2º).
E todas as munições de cartucho têm uma denominação própria, normalmente composta de um número e de uma letra ou palavra ou expressão, que faz alusão, por um lado ao diâmetro da munição, e por outro ao inventor, ao fabricante ou a qualquer denominação que se entendeu para compor a denominação do calibre (por exemplo 6,35 Browning, 7,65 Browning, .38 Special, 8x60R, .308W, .375 H&H, 6 Norma BR, etc.,) mas que também pode ser só uma expressão numérica (por exemplo 7,62x51, 7,62x38, 9x21,etc.).
Dentro dos calibres conhecidos para arma curta de munição de invólucro, não existem quaisquer calibres denominados 6,35, .25, ou .32.
No que ao caso interessa, para armas curtas de cano de alma estriada apenas existem munições do calibre 6,35 Browning, que é o mesmo que dizer .25 Auto ou ACP (tal como consta do texto em vigor) e dos calibres 32 H e R Mag., 32 Long Colt (ou 32 Long), 32 Short Colt (ou 32 Short), 32 S& W, 32 S&W Long (o que consta do texto em vigor), 32 S&W Long Wad Cut, 32 Extra short, 32 Extra Long, 320 Short e 320 Long .
Destes últimos, de momento, apenas se fabricam revólveres para os calibres 32 H e R Mag. e 32 S&W Long Wad Cut, sendo estes últimos destinados a práticas desportivas e por isso com características próprias para o efeito.
Com as denominações .25 e .32, apenas conhecemos os calibres de armas de carregar pela boca, que são normalmente especificados pelo diâmetro do projéctil que é utilizado na arma, ou melhor dizendo pelo diâmetro da alma do cano, expresso em polegadas, não nos parecendo que o legislador queira classificar na classe B1 revólveres de carregar pela boca..
E se o propósito, quanto aos revólveres, é o de ampliar os calibres admissíveis, então devia ter-se especificado quais os concretos calibres das armas classificadas como da classe B1.
Já quanto à proposta alteração da alínea a), não se vislumbra o propósito.
Como se vê, mais uma vez, o desconhecimento sobre a matéria da quem formulou a Proposta é uma evidência, sem qualquer rigor técnico nos termos que usa.

X) N.º11 do art.º 3º
Pretende a Proposta que se adite ao art.º 3º, um n.º11, que disponha que “as armas só podem ser afectas à actividade que motivou a concessão, podendo, por despacho do director nacional da PSP, ser afectas a mais que uma actividade por solicitação fundamentada do interessado”.
Concordamos inteiramente que uma arma que tenha múltiplas utilizações, possa ser utilizada, por exemplo tanta na caça como no tiro desportivo e vice-versa, ou mesmo que uma arma de defesa, que tenha aptidão para tal, possa ser utilizada no tiro desportivo, o que permitirá ao seu portador maior destreza, se alguma vez a tiver de utilizar para defesa.
E pensamos que, com excepção das armas da classe B e B1, não há necessidade de submeter a autorização do DNPSP a utilização múltipla das outras armas, desde que estejam preenchidos os requisitos necessários para essas múltiplas utilizações, em especial a conformidade das características da arma com essas múltiplas utilizações.
Convém ainda sublinhar, no que diz respeito às armas que podem ser utilizadas no tiro desportivo, que o proposto n.º11, tem implicações na Lei 42/2006, mais propriamente com o n.º2 do seu art.º 6º que estabelece no que “Podem ser objecto de cedência, por empréstimo, as armas das classes B, C e D desde que se destinem a ser utilizadas em treinos ou provas desportivas por parte de atiradores regularmente filiados em federações de tiro”, ou seja que os titulares de armas das classes referidas, qualquer que seja a licença ao abrigo da qual as mesmas foram adquiridas, podem cedê-las por empréstimo a terceiros, desde que estas tenham aptidão desportiva, e eles próprios podem utilizá-las na prática desportiva se a tal tiverem habilitados _ por exemplo o titular de uma espingarda de caça pode utilizá-la, desde que tenha a Licença Federativa F, e a arma reúna os necessários requisitos desportivos, no tiro desportivo.
Por outro lado, na senda da utilização múltipla das armas de fogo, importava eliminar o disposto da Lei 42/2006 (n.º2 do art.º 14º), que proíbe a utilização de armas adquiridas ao abrigo da licença de tiro desportivo, fora de locais destinados à prática desportiva_ seguindo o exemplo acima dado, o contrário já não é permitido, por absurdo que seja.
Importa assim restringir a necessidade de autorização do DNPSP à utilização múltipla de uma arma de fogo, às armas das classes B e B1, revogar o n.º2 do art.º 14º da Lei 42/2006, por absurdo, e manter o disposto no n.º2 do art.º 6º da Lei 42/2006, com excepção da alusão às armas da classe B que não tenham sido adquiridas ao abrigo da licença de tiro desportivo..

XI) Art.º 11º
O art.º 11 é o paradigma da confusão, espelhando bem a falta da qualidade técnico-legislativa das normas constantes do novo regime jurídico das armas.
Se compulsarmos este artigo veremos que temos diversas expressões que eventualmente quererão dizer a mesma coisa, mas que espalham a confusão na interpretação do artigo.
Assim no n.º1, temos “A aquisição .. pode ser autorizada…”, no n.º2 “A aquisição… é permitida mediante …prévia autorização…”, no n.º3 “A aquisição é permitida pelo director nacional da PSP …” e o proposto n.º6 “A aquisição é autorizada …pelo director nacional da PSP…”., querendo todos significar, pensamos nós, que é necessária autorização prévia do DNPSP para a aquisição destas armas.
Para quê tanta confusão?
Por outro lado, estranha-se que ninguém tenha reparado nestes dois anos de aplicação da Lei, que só se autoriza a aquisição por compra e venda!
Porque razão não se autoriza a aquisição por permuta, doação e sucessão?
Serão formas menos dignas de aquisição?

XII) Art.º11º-A
Vem este artigo impor a necessidade de “homologação de armas e munições destinadas a venda, aquisição, cedência, detenção, importação, exportação e transferência”
Uma primeira questão que se põe é a de saber para que é que serve esta homologação?
A nosso ver para nada, só servindo para burocratizar (onde está o Simplex?) o comércio de armas e munições, uma vez que a DNPSP já tem ao seu dispor os meios essenciais para controlar a venda e aquisição de armas e munições, que ofereçam um nível de perigosidade que faça necessitar o seu controlo, através das diversas autorizações e licenças que é necessário obter para adquirir armas e munições tanto no comércio nacional, como através de importação ou transferência.
Outra questão que se põe é a de saber que armas e munições têm que ser homologadas?
As que vão mudar de titular no futuro, ou também as que estão já na posse dos seus titulares?
Sendo a esmagadora maioria das armas e munições que entram em território nacional, proveniente de países membros da UE ou dos EUA, países esses que têm normas apertadas para o comércio deste tipo de objectos, bastaria a verificação da conformidade do pedido de autorização com a arma ou a munição transferida ou importada, para que se satisfizesse a necessidade de controlo dessas armas e munições.
Acresce que em relação a todas as armas e munições provenientes de países membros da UE (estamos a falar de armas e munições sujeitas a autorização de compra), a autoridade do país de proveniência da arma ou munição faz um controlo prévio antes de autorizar a transferência das mesmas.
E em relação a todas as outras armas, por exemplo as de ar comprimido, que na maioria dos Estados Membros são de venda livre, e que em Portugal passam a ser, para as qualificadas como de recreio, de venda autorizada, se for aprovada a presente Proposta, o próprio facto da venda ser livre nesses países já inculca a desnecessidade de as mesmas serem sujeitas a homologação.
E mesmo em relação a armas e munições provenientes de outros países não comunitários, bastaria a verificação de conformidade do pedido com a arma e munição importada e se não tivesse conforme seria devolvida à procedência.
Isto para não falar da falta de capacidade da DNPSP, em meios humanos e técnicos para levar a cabo tal tarefa.
Este controlo policial obsessivo, traz-nos sérias preocupações sobre as verdadeiras intenções de quem formulou a presente Proposta.

XIII)Alínea b), do n.º1 do art.º 15º
Estranha-se que a Proposta não contemple a alteração da deficiente redacção desta alínea.
Na verdade, a deficiência terminológica da redacção é evidente ao dizer “licença para a prática de actos venatórios …” quando as licenças C e D não são concedidas para a prática de acto venatório, mas sim para o uso e porte de arma na prática de acto venatório, uma vez que as licenças para a prática de actos venatórios são as previstas no Decreto-Lei 202/2004 de 18 de Agosto e na respectiva Portaria Regulamentar.
Por outro lado, ao relacionar as licenças C e D, com a prática da caça maior e menor, respectivamente, entrou o legislador, numa interpretação literal do preceito, em matéria própria do âmbito da Lei da Caça, a quem compete regulamentar as formas de exercício de caça, o que aliás faz nos termos do art.º 79º do Decreto-Lei 202/2004 _ armas de caça com cartucho com projéctil único para o exercício da caça maior, armas de caça com múltiplos projécteis, das dimensões permitidas, para o exercício da caça menor _, criando uma enorme confusão sobre as formas de exercício da caça com arma de fogo.
Bastaria para que a situação ficasse clara e terminologicamente correcta, que o legislador dissesse na alínea b) do art.º 15º que “demonstrem carecer de licença de uso e porte de arma dos tipos C ou D para a prática de actos venatórios e se encontrem habilitados com carta de caçador com arma de fogo”, pois o art.º 12º define o âmbito de cada licença quanto às armas que o seu titular pode usar e portar e a Lei da Caça as formas de exercício da caça com arma de fogo.

XIV) Art.º 31º
Foi com alguma surpresa que, ao lermos a Proposta verificámos que não propõe qualquer alteração do art.º 31º, mormente quanto à venda entre particulares de armas de fogo.
Se há matéria que estes dois anos de aplicação da Lei demonstra, é a não autorização, pela DNPSP, da transacção de armas de fogo, entre particulares nos termos do citado art.º 31º.
Como se explica então que a Proposta não contemple a prática da DNPSP?
Quer-se manter uma prática ilegal por parte da DNPSP?

XV) Art.º 32º
Dentro da linha que temos vindo a reafirmar que preside à elaboração da Proposta, a que subjaz um total desconhecimento sobre a matéria, pretende-se, com a nova redacção do art.º 33º, limitar o número de armas que os titulares das Licenças C e D, podem deter a cada momento.
Dir-nos-ão que a limitação não é absoluta, dado o disposto no n.º 6, do artigo, uma vez que pode ser concedida autorização especial para detenção de mais armas, por solicitação do interessado.
No entanto, como se pode retirar da leitura desse n.º6, não estão tipificados os pressupostos que podem fundamentar tal autorização, criando-se assim uma norma em branco que atribui um poder discricionário ao director nacional da PSP, o que é de todo de evitar.

Voltando à essência do artigo, diremos que não resulta da exposição de motivos o fundamento de tão gravosa medida.
Aliás, compulsados todos os fundamentos que constam na “Exposição de Motivos”, não se consegue vislumbrar uma única palavra sobre a razão de medida tão drástica que pode afectar muitos dos cerca de 170.000 caçadores portugueses.
Será que os caçadores portugueses não mereciam pelo menos uma explicação fundamentada?

Mais, nem no comentado artigo, nem em nenhuma norma da Proposta se definem os procedimentos a adoptar por todos aqueles que têm mais de cinco armas da classe C e D, nomeadamente qual é o prazo para requerem a detenção das mesmas ao abrigo da autorização especial ou qual é o prazo para as alienarem no caso de não requererem tal autorização ou de a mesma ser indeferida.

E quanto à essência desta parte da Proposta, a limitação do número de armas, sem mais, não tem qualquer fundamento válido.
Será por algumas caçadeiras de canos paralelos ou sobrepostos que foram utilizadas em crimes violentos, mormente em assaltados à mão armada, serem armas legais furtadas?
Será por as caçadeiras serem das armas mais utilizadas em assaltos à mão armada?
Mas se o problema se reporta às armas legais que foram furtadas, então as medidas preconizadas em nada o vêm evitar, porque quem detiver até três caçadeiras, não é obrigado a guardá-las em cofre não portátil e por isso, sendo assaltada a casa do seu proprietário as mesmas poderão ser levadas pelo meliantes sem qualquer esforço suplementar para o arrombamento de cofre onde deveriam estar guardadas.
E se esse é o problema, porque se limita o número de detenção de armas longas de cano estriado, ou de armas combinadas?
Devia ser exigida era a guarda em segurança dessas armas, nomeadamente em cofre/armeiros.
Tanto quanto nos é dado saber, não há notícia de crimes violentos, mormente assaltos à mão armada, com armas longas de cano estriado!!!
Ora não havendo qualquer fundamento para alterar a Lei, deve-se manter a sua redacção original.


XVI) N.º2 do art.º 35º
Este proposto dispositivo, na linha do obsessivo controlo dos cidadãos licenciados para a detenção e uso de arma de fogo, revela mais uma vez que quem elaborou a Proposta não tem a mínima noção sobre o que está a tratar.
Na verdade, no que ao caso interessa cabem no conceito de arma de Classe C para a prática do acto venatório, três tipos de armas, a saber carabinas, espingardas e armas combinadas (n.º5 do art.º 3º), ou seja armas de cano de alma estriada, armas de cano de alma lisa e armas com pelo menos dois canos, em que pelo menos um é de alma estriada e outro de alma lisa.
Na versão da Proposta, quem detiver apenas armas da Classe C, qualquer que seja a sua tipologia o número de armas e o seu calibre, só pode deter, a cada momento, 250 munições para todas, o que é um perfeito disparate, para quem tiver alguma ideia sobre a matéria.
E para fazer um retrato do caricato da situação, quem quiser usar uma arma de canos combinados, na caça, só pode deter a cada momento 250 munições, entre cartuchos de caça e munições para arma com cano estriado, mas se esse mesmo cidadão for proprietário de uma carabina da Classe C/a e uma espingarda da Classe D, já pode deter, a cada momento, 1250 munições (250 para a carabina, arma da Classe C e 1000 para a espingarda, arma da Classe D.
E o caricato continua, entre espingardas de configuração e mecanismos idênticos, mas que, em função do tamanho dos canos, uma com canos com 60cm, outra com canos com 66cm, sejam classificadas uma na Classe C/c, outra na classe D/a.
O titular da primeira só pode deter 250 cartuchos de caça, o da segunda 1000 cartuchos de caça.
Vamos lá perceber porquê!
E estamos a falar de detenção de munições por pessoas idóneas para o efeito, devidamente habilitadas com as correspondentes licenças.
É que no mercado negro, estes limites não se aplicam.
Tudo aconselha pois que se mantenha, nesta parte, a anterior redacção do preceito


XVII) Art.º 47º e alíneas d) e e), do n.º1 do art.º 48º
Dispõe o art.º 47º que “Por despacho do director nacional da PSP, podem ser concedidos alvarás de armeiro para o exercício da actividade de fabrico, compra e venda ou reparação de armas das classes B, B1, C, D, E, F e G e suas munições”.
Pretende a Proposta que seja acrescentada ao art.º 47º a seguinte expressão “, para efeitos cénicos ou cinematográficos e para venda e leilão de armas quando destinadas a colecção”.
Desde logo não se percebe porque é que a expressão foi acrescentada ao texto já existente e não foi inserida no lugar próprio, no seu contexto, como seria lógico, entre as actividades que um armeiro pode desenvolver, acrescentado, se necessário, outro tipo de armas que podem ser objecto de colecção que caiem no âmbito da categoria (vide art.º 27º da Lei 42/2008), já que é o n.º1 do art.º 48º, que define quais os tipo de alvarás e o seu âmbito.
E lendo a alínea e) do n.1 do art.º 48º, verifica-se que o alvará de armeiro do tipo 5, ora proposto, permite a venda e leilão de armas destinadas a colecção, ou seja, das armas das categorias B, C, D, E, F e G e das destinadas a colecções temáticas (vide art.ºs 27º e 30º da Lei 42/2006), pelo que tudo aconselharia que a expressão que se propõe acrescentar fosse inserida no texto primitivo no lugar próprio acrescida das armas permitidas para colecções temáticas.
Por outro lado, sendo esta a redacção, fica-se sem saber qual é o âmbito do alvará de armeiro tipo 4, já que o mesmo não se retira do art.º 47º e a alínea d) do n.º1 do art.º 48º, também não o explicita.
Por fim não se compreende porque é que o alvará 5, não permite o leilão de armas destinadas a defesa, caça e tiro desportivo, uma vez que estas armas também se enquadram nas categorias B, C, D, E, F e G, tal como as destinadas a colecção.
Podendo a mesma arma ter utilização diversa _ por exemplo uma espingarda de caça Holanda & Holand, que é tão apreciada por caçadores, atiradores desportivos e coleccionadores _ porque é que só pode ser vendida para colecção e não para ser utilizada na caça ou no tiro desportivo?
É que para todas estas actividades é necessário a titularidade de uma licença e autorização de compra, pelo que não se vê motivo para diferenciação entre os diversos sectores dos utilizadores de armas de fogo.
Parece-nos que, salvo melhor opinião, esta norma é inconstitucional por violação do princípio da igualdade.
Sugerimos assim que o art.º 47º passe a ter a seguinte redacção:
Por despacho do director nacional da PSP, podem ser concedidos alvarás de armeiro para o exercício da actividade de fabrico, compra e venda, reparação, efeitos cénicos ou cinematográficos e leilão de armas, das classes B, B1, C, D, E, F e G e das suas munições e ainda para as colecções temáticas definidas no art.º 27º da Lei 42/2006,”
E quanto ao alvará de tipo 4 será necessário definir o seu âmbito.

XVIII) N.º 10 do art.º 48º e art.º 50º-A
Numa tentativa de limitar o comércio de armas e munições dos armeiros portugueses, cujas empresas têm vindo a ter um grande declínio, pretende a proposta proibir o comércio electrónico.
A nosso ver, para além do mais, tal proposta viola o princípio da livre concorrência entre as empresas com sede em Portugal e empresas da UE, em que é permitido o comércio electrónico, por exemplo a Espanha (www.a-izquierdo.com), a França (www.recht.fr), a Itália (www.euroarms.net), a Alemanha (www.frankonia.de), a Suécia (www.sportec.se), a Finlândia (www.sako.fi), a Dinamarca (www.schultzlarsen.com), o Reino Unido (edinkillie.co.uk), a República Checa (www.czub.cz), etc. (só damos um exemplo por país), entre outros países em que é permitido o comércio electrónico de armas e munições.
Por outro lado, a alteração proposta contradiz o disposto no art.º 81 da Lei, que prevê expressamente as feiras de armas, de caça e agrícolas, em que, como sempre aconteceu até aos nossos dias, os armeiros, com as devidas condições de segurança, têm expostas ao público armas de fogo, feiras essas que, como é evidente não são estabelecimentos licenciados para o efeito, nem podem ter as condições de segurança de um estabelecimento licenciado para o efeito nos termos da Portaria 933/2006, de 08 de Setembro.
Ou será que querem que neste tipo de feiras, os armeiros exponham só cartazes das armas que têm para venda ao público?
Quem tiver alguma ideia do que se passa na Europa Comunitária, sabe que é comum haver feiras de armas, de caça, agrícolas, em que há exposição de armas, para além das exposições em recintos desportivos.
Não será pois preferível harmonizar a nossa legislação com a de países da UE do que tentar, neste pequeno rectângulo à beira mar plantado, criar uma legislação tacanha e absurda que fará corar os mais incrédulos.
Costuma-se dizer que quem não sabe copia.
É o que devia fazer quem elaborou esta Proposta.
Propomos assim que o proposto n.º 10 tenha a seguinte redacção:
O desenvolvimento de actividades aos titulares de armeiro, é autorizada nos estabelecimentos licenciados para o efeito e, desde que previamente autorizados pelo director nacional da PSP, em feiras de armas, feiras de caça, feiras agrícolas e exposições em carreiras e campos de tiro.
E que o art.º 50º-A, com a seguinte redacção:
É permitido aos armeiros, o comércio electrónico no âmbito do seu alvará.

XIX) N.º1 do art.º 60º , n.º 1 do art.º 64º, n.º1 do art.º 67º, n.º1 do art.º 68º
Pretende a Proposta que nos citados dispositivos que tratam da importação, exportação e transferência de armas e munições, sejam aditada, entre outras, a expressão “e demais acessórios e peças”, no final da descrição dos objectos sujeitos a autorização de importação, exportação ou transferência..
O que é que a proposta quer significar com “demais acessórios e peças”?
Será que são acessórios para armas, como por exemplo um ponto de mira, uma alça, uma chapa de coice, etc., ou serão quaisquer outros acessórios?
E peças serão as partes não essenciais de uma arma, como a coronha, o fuste, o punho, etc., outras peças?
Será que passará a ser necessário para importar um calço para a coronha (parte posterior da coronha de uma arma longa, em borracha, onde o atirador encosta o ombro), pedir uma prévia autorização de importação ou transferência?
O absurdo não tem limites!!!
É mais uma norma em branco que importa sustar!


XX) N.º2 do art.º 63º
Pretende a proposta de alteração introduzir um novo número no art.º 63º, que passará a ter o n.º2, que é do seguinte teor: “2-Aperitagem tem início após o importador ou exportador fornecer os dados que não tenham sido apresentados pelo fabricante no momento do pedido de autorização prévia, relativos às armas, às partes essenciais de armas de fogo, às munições, aos cartuchos ou invólucros com fulminantes ou só fulminantes.”
Apesar do muito esforço que fizemos, não conseguimos entender o que é que o “fabricante” tem a haver com tudo isto, uma vez que o preceito está inserido numa Secção que se reporta à importação e exportação de armas e outros objectos por qualquer interessado, quer seja armeiro ou por titular de qualquer licença.
O pedido de autorização prévia de importação é formulado pelos armeiros ou pelos titulares de licenças B, B1, C, D, E ou F.
E o procedimento da peritagem é relativo aos produtos importados ou exportados por qualquer dos interessados!
Não é o fabricante que pede a autorização prévia, mas o importador ou exportador, qualquer que ele seja!
Mais um lapso, no que esta Proposta é fértil!


XXI) N.º1, 4º e 6ºdo art.º 68º
Reformula a Proposta o art.º 68º, nos seguintes termos:
“1 - A admissão ou entrada e a circulação de armas, partes essenciais de armas de fogo e seus componentes, munições e cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças procedentes de outros Estados membros da União Europeia dependem de autorização prévia, quando exigida, nos termos dos números seguintes.
2 - A autorização é concedida por despacho do director nacional da PSP, observado o disposto na presente lei, mediante requerimento do interessado, instruído com os elementos referidos na alínea f) do n.° 2 do artigo anterior.
3 - As armas que entrem ou circulem em Portugal devem estar acompanhadas da autorização expedida pelas autoridades competentes do país de procedência.
4 - Cumpridos os requisitos dos números anteriores e após verificação por perito da PSP das características das armas, partes essenciais de armas de fogo e suas munições, invólucros com fulminante ou só fulminante de onde constem os elementos referidos no n.° 2 do artigo anterior, é emitida uma autorização de transferência definitiva, por despacho do director nacional da PSP.
5 - Por razões de segurança interna, o Ministro da Administração Interna pode autorizar a transferência de armas para Portugal com isenção das formalidades previstas nos números anteriores, devendo comunicar a lista das armas objecto de isenção às autoridades dos restantes Estados membros da União Europeia.
6- Só podem ser admitidas em território nacional armas homologadas por despacho do director nacional da PSP.”

Ao contrario do que acontece com as disposições propostas que se reportam à importação e a exportação, e transferência “de armas, partes essenciais de armas de fogo, munições e seus componentes, cartuchos e seus componentes ou invólucros, invólucros com fulminantes ou só fulminantes e demais acessórios e peças” que “estão sujeitas a prévia autorização do director nacional da PSP”, em relação às quais, como acima referimos, não se sabe o que são demais acessórios e peças, no caso da transferência desses bens de Estados Membros para Portugal, a autorização só é necessária, quando exigida, nos termos dos números seguintes!
E quando é que é exigida?
A lei não é expressa, mas a ver pelo novo n.º4 só será exigida no caso de armas (apenas as abrangidas pela Lei), partes essenciais de armas de fogo e suas munições, invólucros com fulminante ou só fulminante.
Então porque é que no n.º1 se faz alusão a outros bens?
Será um copy e pass mal feito?
Que cuidado na elaboração de uma Proposta dirigida à Assembleia da República!

Quanto ao novo n.º6, parece ser desnecessário, uma vez que repete o que já se diz no n.º3 do proposto art.º 11º-A.

XXII) Art.º74º
Versa este artigo sobre a numeração e marcação de armas, abrangidas pela presente Lei, que não as tenham de origem, que serão numeradas e marcadas e submetidas a punção pela PSP.
Até aqui, nada de importante.
O caricato é o n.º2 do artigo, que é proposto para n.º3, em que o Legislador só se preocupou com as armas de colecção.
E então as outras também não são património do seu proprietário?
Nessas já não importa proceder à numeração e marcação sem diminuir o valor.
Mais um absurdo que já vem do texto primitivo da Lei, por óbvias razões, para aqueles que sabem como foi elaborada a Lei.
Propõe-se que o n.º3 passe a ter a seguinte redacção:
3.A marcação deve ser efectuada de molde a não diminuir o valor patrimonial das armas.


XXIII) N.º3 do art.º 75º
Pretende a proposta aditar um n.º3 ao art.º 75º, do seguinte teor: “3-O registo e cadastro dos detentores de armas de fogo e suas características.”
Quanto à organização e manutenção do cadastro das armas, já está previsto no art.º 72º, do qual necessariamente consta, para além das características das armas, quem é o seu proprietário.
Quanto ao cadastro dos detentores de armas de fogo, pensamos que não pode exceder os limites do necessário a identificar os detentores de armas, e quantas armas cada um detém, não podendo conter qualquer facto sujeito a registo criminal dado o disposto na Lei 57/98 de 18 de Agosto, quanto à competência para efectuar o registo de dados dessa natureza.

XXIV) Art.º112º-A
Pretende a Proposta a introdução de um novo artigo com a seguinte redacção:
As armas que tenham sido licenciadas ao abrigo de outros regimes legais e que venham a ser reclassificadas, por despacho do director nacional da PSP, no âmbito da presente lei, só podem ser utilizadas para as actividades definidas no despacho de reclassificação.
Desde logo diremos que esta norma não faz qualquer sentido, na parte em que delimita a utilização da arma reclassificada à definida por despacho do director nacional da PSP e não que a sua utilização seja delimitada pela Lei 5/2006.
Num Estado de direito, os despachos administrativos não podem sobrepor-se à Lei.
Por outro lado, ficam fora do âmbito do artigo, as armas que na vigência da Lei em vigor ou de outra, não estavam sujeitas a licenciamento, por serem de livre detenção.
Por fim as armas podem ser reclassificadas, tanto por força da alteração legislativa (vide a alínea a) do n.º 2 do art.º 3º “as classificadas como tal por diploma emanado da Ministério da Defesa”), ou por despacho do director nacional da PSP.
Daí que se proponha, para o artigo 1112º-A a seguinte redacção:
1.As armas que, no âmbito da presente lei, venham a ser reclassificadas, só podem ser detidas e utilizadas nos termos permitidos na Lei.
2.Se o titular da arma reclassificada não a puder deter e utilizar no âmbito da Lei, tem o prazo de seis meses para proceder à sua venda, sob pena de a mesma ser declarada perdida a favor do Estado.

Conclusão
1) A Proposta, ao contrário do que pretende fazer inculcar na sua “Exposição de motivos”, visa a introdução, na parte em análise, de alterações profundas na Lei 5/2006;
2) E, também ao contrário do que parece fazer crer, na “Exposição de motivos” não tem em conta a essência das Directivas 91/477/CEE e 2008/51/CE;
3) Directivas que não estão transpostas para a ordem jurídica interna, através do competente diploma;
4) Procurando, bem pelo contrário, introduzir alterações, que afastam, cada vez mais, o regime jurídico português sobre armas do dos restantes Estados Membros da UE.
5)Revela a Proposta um profundo desconhecimento da matéria sobre que versa, sendo a falta de conhecimentos, de rigor técnico e mesmo o absurdo, o traço marcante da mesma;
6) Propondo à Assembleia da República que, volvidos dois anos, desdiga o que fez vazar na Lei 5/2006, mormente quanto à aberrante proposta de alteração da qualificação das armas até aqui consideradas como armas de calibre obsoleto;
7) Pretende ainda a Proposta que sejam aprovadas um conjunto de normas em branco, que poderão permitir aos competentes Órgãos da Administração Pública, uma aplicação não balizada de normas que, nalguns casos, fazem parte do tipo objecto do tipo objectivo de crime, o que, nestes casos, as torna inconstitucionais;
8) E que se crie um controlo policial obsessivo sobre os cidadãos que estão munidos das competentes licenças e por isso são cidadãos idóneos;
9) O que por certo nada afectará os criminosos, que não vêm nesta legislação qualquer obstáculo aos seus desideratos, pois tal legislação não se aplica ao mercado negro.
10) Revela a Proposta um elevado fundamentalismo quanto à matéria das armas, que, a ver por experiências do passado, não é bom conselheiro, e traduz-se normalmente, num aumento do tráfico de armas ilegais, como já é evidente, desde a entrada em vigor da Lei 5/2006.
11) Tudo aconselha pois, que a Proposta não seja aprovada, quanto à parte ora em análise, e que se faça uma análise cuidada, criteriosa e ponderada, amadurecida no âmbito de uma comissão tecnicamente habilitada, que saiba ouvir todos quantos têm opiniões válidas sobre a matéria e posteriormente ponha à consideração, de quem de direito, uma proposta de alteração das Leis 5/2006 e 42/2006, devidamente fundamentada, que as faça perdurar no tempo pela qualidade técnica do seu normativo.

JR, 25-9-2008

31 outubro, 2008 18:06

 

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